Fonte: FSSPX México – Tradução: Dominus Est
Perseverança na oração
Queres que todas as suas orações sejam infalivelmente eficazes? Quereis forçar a Deus a satisfazer todos os seus desejos? Em primeiro lugar, digo que não deves cansar-te de rezar. Aqueles que se cansam depois de ter rezado um pouco, carecem de humildade ou de confiança, e, deste modo, não merecem ser ouvidos.
Dá a impressão que desejas que tua oração seja obedecida instantaneamente, como se fosse uma ordem. Não sabes que Deus resiste aos orgulhosos e se compraz nos humildes? O que, acaso teu orgulho não permite que sofras ao ser obrigado a voltar mais de uma vez para a mesma coisa? É ter muita pouca confiança na bondade de Deus esse desesperar tão cedo, fazer das menores procrastinações, rechaços absolutos.
Quando entendes verdadeiramente o quão longe vai a bondade de Deus, jamais acreditas ser um rejeitado, jamais acreditas que Deus deseja retirar-nos toda a esperança. Penso, confesso, que quando vejo que quanto mais Deus me faz insistir em pedir uma mesma graça, mais sinto crescer em mim a esperança de obtê-la. Nunca acredito que minha oração tenha sido rejeitada, até que me dou conta que deixei de rezar. Quando, após um ano de pedidos, me encontro com tanto fervor quanto tive no início, não duvido da realização de meus desejos, e longe de perder valor depois de tão longa espera, acredito ter motivos para me alegrar, porque estou convencido de que ficarei tanto mais satisfeito quanto mais tempo fiquei rogando. Se minhas primeiras instâncias tivessem sido totalmente inúteis, jamais teria reiterado os mesmos votos, minha esperança não teria sido sustentada, visto que minha assiduidade não cessou, é uma razão para eu acreditar que serei pago liberalmente.
Com efeito, a conversão de Santo Agostinho não só foi concedida a Santa Mônica depois de 17 anos de lágrimas, mas também foi uma conversão incomparavelmente mais perfeita do que ela havia pedido. Todos os seus desejos se limitaram a ver reduzida a incontinência desse jovem dentro dos limites do casamento, e ela teve o prazer de vê-lo abraçar os mais elevados conselhos da castidade evangélica. Ela havia desejado apenas que ele fosse batizado, que fosse cristão, e o viu elevado ao sacerdócio, à dignidade episcopal.
Em suma, ela apenas pedia a Deus para vê-lo sair da heresia e Deus fez dele a coluna da Igreja e o flagelo dos hereges de seu tempo. Se, depois de um ou dois anos de orações, essa piedosa mãe tivesse desanimado, se depois de dez ou doze anos, vendo que o mal crescia a cada dia, que esse filho desgraçado se comprometia a cada dia em novos erros, em novos excessos, que à impureza havia adicionado a avareza e ambição, se ela tivesse abandonado tudo por desespero, qual teria sido sua ilusão! Que mal ela não teria feito a seu filho? De que consolo ela não teria se privado! De que tesouro ele não teria frustrado seu século e todos os séculos vindouros!
Se se leva em conta todos os seus suspiros, receberão na proporção do tempo que passaram rezando. Um tesouro vai sendo acumulado que os preencherá de uma vez, que excederá todos os seus desejos.