DA VISITA DO PADRE PAGLIARIANI AO BRASIL

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Fonte: de nosso amigo João Pedro Bertoni


Nesta quinta-feira, primeiro de maio, dia de São José, recebemos, aqui em Itatiba, a visita do superior-geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, padre Davide Pagliarani.

O evento começou com uma Missa Solene, como que consagrando já o local, que será, em breve, a nova escola da FSSPX aqui no estado de São Paulo. Vieram cerca de dez sacerdotes para a parte da manhã (padre Montagut, padre Jean-François Moroux, Dom Lourenço, etc.). Além de toda a beleza de uma Missa Solene, contamos também com um coro (de homens e mulheres) completo, que foi assistido o tempo todo pelo padre Carlos Herrera e pelo padre Cormack.

O padre Pagliarani, então, em sua homilia, falou das três principais virtudes de São José: de sua pureza, da virtude da oração (e de seu silêncio) e da virtude da paternidade em si mesma. Apesar de falar espanhol, creio que todos os que estavam ali puderam compreendê-lo bem. Esta homilia foi, especialmente, direcionada aos pais de família, para que estes tenham sempre como exemplo São José e suas virtudes.

À tarde, o padre Pagliarani deu uma conferência, que foi dividida em duas partes: na primeira parte, tivemos um resumo do papado de Francisco, com excelentes explicações sobre o entendimento de nosso último papa acerca do sensus fidei, da sinodalidade, das “novas verdades” e da “nova moral” (e dos consequentes atos abomináveis e contrários aos ensinamentos bimilenares da igreja) e desta “nova forma” de Magistério, que se vem dando desde o Concílio Vaticano II. O padre também expôs alguns fatos ocorridos e outros fatos que provavelmente terão lugar em Roma, conforme os planos de Francisco, e talvez também de seu sucessor: cardeais pedindo perdão por “pecados contra o mundo” (como cortar árvores, por exemplo), por “pecados passados da igreja” (como apoiar aqueles que defenderam sua pátria), além da organização de um jubileu para um grupo de homossexuais militantes para este ano de 2025. Na segunda parte da conferência, tivemos algumas explicações acerca da posição da Fraternidade com relação a Roma: como não podia ser diferente, o padre falou de Dom Lefebvre e justificou o estado de necessidade para os atos de nossos padres e bispos dizendo: “é direito de todo católico receber, após o batismo, a fé, a comunicação da verdade, a verdadeira doutrina e os sacramentos, sem que haja dúvidas de sua validade. Será que isto acontece nas paróquias do mundo de hoje?”. Tratou também da situação dos institutos Ecclesia Dei (comunidade que já não existe mais), dizendo que foram criados justamente como uma “alternativa” à Fraternidade, para afastar os fiéis da íntegra tradição: “Estes institutos têm ‘certa’ liberdade de ministrar os sacramentos da forma tradicional , mas não total, não irrestrita. Podem ensinar a doutrina de sempre, mas não podem criticar o Concílio. Podem celebrar a missa de sempre, mas, uma vez por ano, alguns têm de celebrar a missa nova…”. Além do mais, alguns cardeais (incluindo Pietro Parolin) pensam que este tempo de tolerância à tradição já se esgotou, e que os sacramentos, da forma como os recebemos durante dois milênios de igreja, já não devem ser mais transmitidos assim. Haverá, então, uma (e somente uma) nova forma permitida de celebrar o Sacrifício da Missa (não mais duas, como quis Bento XVI com sua hermenêutica da continuidade, colocando os dois ritos lado a lado como se fossem apenas formas diferentes de “celebrar um mesmo culto”). 

Ao final, o padre deixou os fiéis perguntar o que quisessem. No começo, houve certa timidez dos fiéis para ser o primeiro. Então, tomando o microfone, o padre Montagut disse: “ninguém vai perguntar das sagrações episcopais?”. Todos riram e as perguntas começaram. Muitos perguntaram acerca dos planos da Fraternidade para as tratativas com Roma e com o novo papa, de uma possibilidade de nova excomunhão, da situação canônica em que estamos e das possíveis perseguições. Resumindo as respostas do padre Pagliarani, a Fraternidade continuará seguindo os passos de Dom Lefebvre. Os bispos e padres da Fraternidade apresentarão, sim, seus planos e seus motivos de agir de tal modo à Roma, ao novo papa, mesmo que nossa situação canônica seja inexistente (nas palavras do próprio padre), e um dia, caso tudo continue como está (ou piore), haverá novas sagrações, assim como o fez Dom Lefebvre. Aos brasileiros, o padre disse estar muito feliz com nosso crescimento e que “merecemos” [sic] mais sacerdotes, salientando que, no próximo mês, poderá haver uma surpresa para nós.

Para tranquilizar todos os fiéis acerca de nossa situação, o padre concluiu com as seguintes palavras: “reúnam-se em oração, pois se Deus os chamou à tradição, Ele não vai deixá-los sem os meios para a salvação”.