DEFRAUDANDO AS SANTAS ALMAS DO PURGATÓRIO

A oração pelas almas do purgatório revelada a Santa Gertrudes por Jesus

Há um dever sagrado para os descendentes de cumprir suas obrigações para com a alma de um parente falecido.

Fonte: Hostia Bulletin / SSPX Great Britain & Ireland – Tradução: Dominus Est

O incidente a seguir provará claramente como Deus castiga os descendentes que defraudam os falecidos. Durante as guerras de Carlos Magno, um valente soldado serviu nas posições mais importantes e honrosas. Sua vida foi a de um verdadeiro cristão e soldado modelo. Contente com seu salário, absteve-se de qualquer ato de violência, e o tumulto dos campos nunca o impediu de cumprir seus deveres essenciais, embora em assuntos de menor importância ele tivesse sido culpado de muitas pequenas faltas comuns aos homens de sua profissão. Tendo atingido uma idade muito avançada, adoeceu; e vendo que seu fim último havia chegado, ele chamou para junto de si um sobrinho órfão, o qual havia sido como que um pai, e expressou-lhe seus últimos desejos. “Meu filho”, disse ele, “sabes que não tenho riquezas para te legar: Não tenho nada além de minhas armas e meu cavalo. Minhas armas são para ti. Quanto ao meu cavalo, venda-o quando eu tiver entregue minha alma a Deus, e distribua o dinheiro entre os sacerdotes e os pobres, para que os primeiros possam oferecer o Santo Sacrifício por mim, e os outros possam me ajudar com suas orações”.

O sobrinho chorou e prometeu executar sem demora os últimos desejos de seu tio moribundo e benfeitor. Com o velho morrendo logo depois, o sobrinho tomou posse das armas e levou o cavalo. Em vez de vendê-lo imediatamente, como havia prometido ao seu falecido tio, passou a usá-lo para viagens curtas e, como estava muito satisfeito com ele, não quis se desfazer do animal tão cedo. Ele adiou sob o duplo pretexto de que não havia nada que exigisse o pronto cumprimento de sua promessa e que esperaria uma oportunidade favorável para obter um alto preço por ele. Assim, adiando dia após dia, semana após semana e mês após mês, acabou por abafar a voz da consciência e esqueceu a sagrada obrigação que tinha para com a alma do seu benfeitor.

Seis meses se passaram quando, em uma manhã, o falecido apareceu e se dirigiu a ele em termos de severa reprovação. “Homem infeliz”, disse ele, “esquecestes a alma de seu tio; violastes a promessa sagrada que fizestes em meu leito de morte. Onde estão as Missas que deverias ter oferecido? Onde estão as esmolas que deverias ter distribuído aos pobres para descanso de minha alma? Por causa de tua negligência culposa, sofri tormentos inauditos no Purgatório. Finalmente, Deus teve piedade de mim e hoje devo desfrutar da companhia dos bem-aventurados no céu. Mas tu, por um justo julgamento de Deus, morrerás em poucos dias, e serás submetido às mesmas torturas que eu teria que suportar se Deus não tivesse mostrado misericórdia para comigo. Tu sofrerás pelo mesmo período de tempo que eu deveria ter sofrido, o qual só depois começarás a expiação de tuas próprias faltas.

Poucos dias depois, o sobrinho adoeceu perigosamente. Imediatamente chamou um padre, contou-lhe a visão e confessou seus pecados, chorando amargamente. “Em breve morrerei”, disse ele, “e aceito a morte das mãos de Deus como um castigo que bem mereci”. Ele expirou em sentimentos de humilde arrependimento. Esta era apenas a menor parte do sofrimento que lhe fora anunciado como punição por sua injustiça. Podemos estremecer de horror ao pensar na parte restante que ele estava prestes a sofrer na outra vida.

Jesus, tenha misericórdia de mim, ó Deus de compaixão, e perdoe as muitas e grandes ofensas que cometi diante de Vós. (O Saltério de Jesus)