ESCOLA CATÓLICA, QUAL SUA FINALIDADE?

Christian teaching bestows on the intellect the light by which it attains  truth - District of the USA

A cada novo ano letivo, podemos ser tentados – sejamos alunos ou professores – a nos perguntar qual é o propósito da escola.

Fonte: Lettre de l’ADEC n° 40 (out/22)  Tradução: Dominus Est

É certo que as famílias raramente conseguem educar seus filhos em todas as áreas necessárias. Elas precisam, portanto, do apoio da instituição escolar. A família é uma sociedade imperfeita na medida que não dispõe de todos os meios necessários ao seu fim próprio. Portanto, a Igreja – sociedade perfeita na ordem sobrenatural, e a sociedade civil – perfeita na ordem natural, são complementos necessários ao núcleo social original – a família, para que cada um possa alcançar seus fins temporais e últimos.

A escola católica vem, portanto, ajudar a família a assumir a tarefa educadora que lhe é incumbida, e a Igreja, em virtude da missão que recebeu de Jesus Cristo e pela maternidade espiritual que a caracteriza, ocupa-se do direito da educação cristã dirigida pela Sabedoria e o Amor de Deus para a obtenção da bem-aventurança eterna.

Pio XI escreveu tudo isso em sua famosa Encíclica Divini illius magistri (31 de dezembro de 1929). Basta relê-la para nos convencermos da necessidade das escolas católicas e do apoio que deve ser dado a elas por todos os que compreendem sua importância para o bem comum da sociedade temporal e da Igreja. Eis apenas alguns aspectos doutrinários desta Encíclica que devem inspirar todos os educadores e todos os professores.

Pio XI define primeiro a educação e mostra que a verdadeira educação deve levar em conta o fim último do homem, alcançável somente pela mediação do Filho de Deus feito homem:

“Na verdade, consistindo a educação essencialmente na formação do homem como ele deve ser e portar-se, nesta vida terrena, em ordem a alcançar o fim sublime para que foi criado, é claro que, assim como não se pode dar verdadeira educação sem que esta seja ordenada para o fim ultimo, assim na ordem atual da Providencia, isto é, depois que Deus se nos revelou no Seu Filho Unigênito que é o único “caminho, verdade e vida”(1), não pode dar-se educação adequada e perfeita senão a cristã.”

(…)

“É, pois, com pleno direito que a Igreja promove as letras, as ciências e as artes, enquanto necessárias ou úteis à educação cristã, e a toda a sua obra para a salvação das almas, fundando e mantendo até escolas e instituições próprias em todo o género de disciplina e em todo o grau de cultura.”

A pedagogia, a instrução e a educação dadas pela Igreja como extensão da ação familiar, levam em conta a criança tal como ela é, com suas potencialidades, suas feridas naturais e a ajuda da graça, desde que seja uma criança batizada:

“Com efeito nunca deve perder-se de vista que o sujeito da educação cristã é o homem, o homem todo, espírito unido ao corpo em unidade de natureza, com todas as suas faculdades naturais e sobrenaturais, como no-lo dão a conhecer a recta razão e a Revelação: por isso o homem decaído do estado original, mas remido por Cristo, e reintegrado na condição sobrenatural de filho de Deus, ainda que o não tenha sido nos privilégios preternaturais da imortalidade do corpo e da integridade ou equilíbrio das suas inclinações. Permanecem, portanto, na natureza humana os efeitos do pecado original, particularmente o enfraquecimento da vontade e as tendências desordenadas.”

O erro das pedagogias naturalistas baseia-se em uma falsa concepção do homem, que imagina ser perfeito por natureza e desprovido de qualquer ferida do pecado original, ou que santifica a pessoa humana independentemente da dignidade moral de seus atos, como fazem as teorias personalistas para a qual a liberdade define o homem e o destina a uma autonomia de consciência auto-divinizada, livre de qualquer autoridade: “Estes iludem-se miseravelmente com a pretensão de libertar, como dizem, a criança, enquanto que antes a tornam escrava do seu orgulho cego e das suas paixões desordenadas, visto que estas, por uma consequência lógica daqueles falsos sistemas, vêm a ser justificadas como legítimas exigências da natureza pseudo-autônoma.”

Pio XI chega a esta grande e bela conclusão que termina de definir a educação cristã e o trabalho das escolas como uma participação grandiosa na obra do Espírito Santo nas almas:

“O fim próprio e imediato da educação cristã é cooperar com a graça divina na formação do verdadeiro e perfeito cristão, isto é, formar o mesmo Cristo nos regenerados pelo Baptismo, segundo a viva expressão do Apóstolo: “Meus filhinhos, a quem eu trago no meu coração até que seja formado em vós Cristo”(2). Pois que o verdadeiro cristão deve viver a vida sobrenatural em Cristo: “Cristo que é a vossa vida”(3), e manifestá-la em todas as suas ações: “a fim que também a vida de Jesus se manifeste na vossa carne mortal.”(4)

“Precisamente por isso a educação cristã abraça toda a extensão da vida humana, sensível, espiritual, intelectual e moral, individual, doméstica e social, não para diminuí-la de qualquer maneira, mas para a elevar, regular e aperfeiçoar segundo os exemplos e doutrina de Cristo.”

“Por isso o verdadeiro cristão, fruto da verdadeira educação cristã, é o homem sobrenatural que pensa, julga e opera constantemente e coerentemente, segundo a sã razão iluminada pela luz sobrenatural dos exemplos e doutrina de Cristo; ou antes, servindo-Nos da expressão, agora em uso, o verdadeiro e completo homem de carácter. Pois que não é qualquer coerência e rigidez de procedimento, segundo princípios subjetivos, o que constitui o verdadeiro caráter, mas tão somente a constância em seguir os eternos princípios da justiça.”

É para isso que serve a escola católica. É uma grande obra, uma obra santa que exige, dos que nela cooperam, uma elevação da alma e uma renúncia constante. Está de acordo com a geração espiritual realizada pela Igreja e seu sacerdócio. Ela vem para aperfeiçoar a missão dos pais e prepara a colheita prometida aos grãos de trigo que morrem por medo de ficarem sozinhos.

(1) Jo 14,4

(2) Gal 4,19

(3) Col 3,4

(4) II Cor 4, 11

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