ESTOU SÓ

“Disse-lhes, então: Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo”. (Mt 26,38)

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Padre Juan Manuel Rodríguez de la Rosa – Adelante la Fe | Tradução Sensus fidei:

Queridos irmãos, possivelmente conhecemos pessoas que se lamentam de sua solidão, ainda mesmo quando estão acompanhadas. O que acontece, muito provavelmente, é que essas pessoas querem ser ouvidas, querem consolo, mas realmente não estão com o Senhor. N’Ele está toda a resposta para a nossa vida. Se entendêssemos que Ele está conosco, não se chegaria a esta situação de solidão.

Muitas pessoas que se sentem sozinhas, sem uma explicação óbvia, pois nada lhes falta, estão de boa saúde, tudo o que elas realmente esperam é que alguém lhes telefone ou as visite. Verdadeiramente elas não têm o pensamento no Senhor. O que o Senhor deseja é que pensemos n’Ele; e se o fizéssemos realmente as horas do dia não nos seriam suficientes.

Saem, vão daqui para lá, e quando as atividades cessam sobrevém a solidão, e apenas esperam que as atividades voltem para continuar distraindo-as. Não pensam que nesses momentos de solidão o Senhor pode presenteá-las, se compartilhassem o tempo com Ele, acompanhando-O, Ele que espera ansiosamente nossa atenção e carinho. Esses momentos de oração que já estão tão esquecidos!

Quanto tempo para o Senhor? Quem está impossibilitado de visitá-lo no Sacrário, pode fazê-lo espiritualmente. Pode dedicar-lhe momentos de íntima oração em casa. Conversar com Ele. O próprio Senhor está verdadeiramente sozinho. Se pensarmos bem, os que se queixam de sua solidão não expressam nada mais do que puro egoísmo, puro desejo de ser consolados. Cada um vive a sua vida, e quando cessam as suas atividades sobrevêm-lhes a solidão.

Viver na presença de Deus, eis o remédio para essa solidão. Deus nos observa sempre, até mesmo nas coisas mais triviais. Vê tudo o que fazemos e se o fazemos de bom ou malgrado. Nossos pensamentos, nossas atitudes, tudo é conhecido pelo Senhor. O que ninguém sabe ou saberá é visto e conhecido por Deus. Bastaria a atitude e o propósito de viver em Sua presença para afastar essa injustificada solidão que angustia a tantos, sem um verdadeiro motivo.

Viver na presença do Senhor é não dissipar-se durante o dia, é tê-lo presente em tudo o que fazemos, é aceitar os inconvenientes por Ele, oferecer-lhe as asperezas do dia e agradecer-lhe as alegrias. Invocá-lo-nas ações que realizamos para que tudo quanto façamos seja a Sua vontade e não percamos o controle das situações em que nos encontramos.

Quando se vive na presença do Senhor e chega a solidão material, a alma não se sente só, porque está revestida por Deus, a presença torna-se mais viva, pois a alma tem maior disponibilidade para Ele. Desaparecem essas angústias de solidão injustificada, aquele desejo de ser visitado, essa preocupação pelo não tocar do telefone e perguntar por alguém.

O encontro no Senhor, a aceitação dos acontecimentos diários como provenientes da vontade divina, evitar o superficial e o dissoluto, ajudam a alma a caminhar na senda do Senhor prevenindo-a desses momentos de solidão, que já não existirão.

A segurança da alma está em Deus. Quando Deus desaparece de tua vida é quando sobrevém a angústia da solidão. Alguns dirão, eu estou no Senhor! Nós respondemos, então por que essa angústia? Só pode haver uma resposta, não estás realmente no Senhor! Desejarias estar, mas não estás. Terás que te esforçares mais para viveres na presença do Senhor, terás de aprender a permaneceres a sós com Ele, terás de saber falar com Ele na oração. Terás de possuir a firme fé que o Senhor não te deixa, nem se aparta de ti a menos que tu o apartes da tua vida.

Quão proveitoso é para a alma meditar a solidão do Senhor no Jardim das Oliveiras. São incalculáveis as graças que a alma recebe quando fervorosamente medita sobre esta passagem. Quando a alma, sem motivos aparentes sente sua angustiosa solidão, o Senhor vem a ela no Getsêmani e lhe fala da verdadeira solidão, da verdadeira angústia. A alma verdadeiramente se sente estremecida com as palavras do Senhor, é instruída e também, como não, envergonha-se de seu egoísmo; mas, o mais importante, fica edificada e ilustrada para viver na alegria do infinito amor de Deus por suas criaturas.

O Senhor ensina-nos a recorrer à oração nas tristezas, na solidão, a perseverar na oração para não cairmos em tentação; e, assim, nós o temos por mestre, companheiro e verdadeira ajuda. E assim, como poderá a alma não gostar de vigiar e orar?

Ensina-nos também quão grande foi a Sua reverência e humildade interior e exterior, nascida do grandíssimo amor ao Pai; Sua grande confiança e amor, ao recorrer e recorrer ao Pai, como meu Pai. E, finalmente, a Sua grande abnegação da própria vontade e grande renúncia à vontade divina. A inclinação natural de fugir daquela situação era incomensurável em desgosto interior, mas perseverou na vontade do Pai.

Senhor, por que Vos submeteis a tamanha solidão e tristeza? Concedei-me, Senhor, a graça de me esforçar no vosso serviço; que nem mesmo o medo da solidão me acovarde, nem o tédio me oprima, nem a tristeza me consuma.

Ave Maria Puríssima.