Certa noite o Padre Baron, Vigário em Douai, foi chamado para confessar uma moribunda. Era noite chuvosa e muito escura. Enganou-se com o número da casa, entrando noutra. No corredor disse-lhe uma senhorita que no segundo andar também havia uma senhora que ia morrer em breve.
Sobe, e bate à porta. Um homem, de rosto carrancudo, apresenta-se e pergunta o que deseja aí. O Sacerdote vê a doente no fundo do quarto. Quer adiantar-se, mas o homem, furioso, impede-o, ameaçando joga-lo escada abaixo.
A mulher, porém, com voz fraca pede: “Pelo amor de Deus, Padre, venha cá, quero confessar-me!”
O ministro de Deus, um desses homens robustos e decididos, disse ao que lhe queria vedar a passagem, que se retirasse, e já, pois atenderia a doente.
Aquele senhor, embora esbravejando de ira, afastou-se para longe.
– É a Virgem Santa quem vos mandou, falou logo a moribunda; meu marido, até hoje, resistiu a todos os meus pedidos, recusando a vinda de um Sacerdote. Faz dez anos que não posso ir à igreja por causa dele. Contudo, rezei diariamente à Nossa Senhora, cheia de confiança, esperando ser atendida. E eis a bela graça…
Confessou-se direitinho. E então o Padre perguntou como conseguira manda-lo chamar.
– Não mandei ninguém.
– Mas não sois a senhora fulana de tal? Disse-lhe o Vigário.
– Não, senhor; até nem conheço essa pessoa.
– Mas não é essa a casa número 30 da Rua S. Tiago?
– Não, senhor, aqui é número 50.
O Padre despediu-se para ir visitar a senhora que o mandara chamar, prometendo-lhe regressar para lhe dar o Santo Viático.
Meia hora depois estava de volta, para encontrar um cadáver.
Nossa Senhora permitiu que o Padre errasse o número da casa para socorrer sua piedosa devota.
Como Maria Santíssima é boa! – Frei Cancio Berri C. F. M.