O franciscano conventual mártir São Maximiliano Kolbe, fundador de Niepokalanów, também chamada “a Cidade da Imaculada”, uma comunidade católica, em Teresin, perto de Varsóvia, na Polónia, construída em um terreno oferecido pelo príncipe Jan Drucki-Lubecki, em 1 de outubro de 1927. É a sede internacional da Milícia da Imaculada. Em Abril de 1980, o Papa João Paulo II concedeu o título de basílica menor à sua igreja.
Fonte: FSSPX Canadá — Tradução: Dominus Est
Queridos amigos e benfeitores,
Fevereiro trouxe-nos a bela festa de Nossa Senhora de Lourdes e, portanto, o grande mistério da Imaculada Conceição: “Eu sou a Imaculada Conceição!” Ao dizer “Imaculada Conceição”, diz-se uma eterna “inimizade”, uma luta, um combate tanto entre a Imaculada e a serpente amaldiçoada, quanto entre os seus descendentes, assim como há inimizade entre graça e pecado. O apóstolo disse bem: “Que compatibilidade pode haver entre Cristo e Belial, entre a luz e a escuridão?” (II Cor 6: 15)
Ao revermos os últimos dois séculos a partir desse ângulo da Imaculada, é claro que Nossa Senhora continua a lutar sozinha, direta e indiretamente, através de seus filhos. No século XIX, com 1) a Medalha Milagrosa (1830), 2) Nossa Senhora das Vitórias e a consagração ao Imaculado Coração (1836), 3) a redescoberta em 1847, no fundo de um antigo baú, do Tratado da Verdadeira Devoção de São Luís Maria Grignon de Montfort e 4) Lourdes (1858) — para mencionar apenas essas quatro datas — vemos a Rainha do Céu lembrando-nos que ela está aqui, entre nós, trazendo-nos esperança, confiança e algumas armas muito poderosas para a guerra espiritual que, antes de tudo, é dela mesma.
No século XX, a Rainha organiza ainda mais suas tropas para uma luta que se intensifica. Claro, há Fátima, sobre a qual muito falamos no ano passado. Gostaria de destacar aqui duas organizações que tiveram um impacto extraordinário nos últimos cem anos e que estão ganhando cada vez mais importância nas fileiras da Tradição em nossos difíceis tempos: a Milícia da Imaculada (MI) e a Legião de Maria.
A MI foi fundado em Roma, pelo jovem irmão Maximiliano-Maria Kolbe, polonês, 3 dias após o milagre do sol de Fátima, em 16 de outubro de 1917, véspera da festa de Santa Margarida. A fundação da Legião de Maria segue de perto, sendo fundada em Dublin, na Irlanda, em 7 de setembro de 1921, nas primeiras vésperas da festa da Natividade de Maria pelo Sr. Frank Duff. O Irmão Maximiliano-Maria Kolbe ainda não era um sacerdote (ele será ordenado um ano depois), nem qualquer um dos seus seis companheiros franciscanos em seu convento de Roma, na fundação da MI. Frank Duff, ele próprio um funcionário do governo que nunca se casará, que rezará o breviário completo em latim por quase cinquenta anos, reuniu um sacerdote e um grupo de senhoras, eram em quinze, para colocar-se a serviço da Santíssima Virgem.
Estes dois grupos muito modestos relembram a escolha dos doze apóstolos, a maioria deles simples pescadores, a quem Nosso Senhor enviará para conquistar o mundo inteiro depois da Ascensão.
A MI é essencialmente baseada na consagração à Santíssima Virgem em palavras e ações, no desejo de trabalhar a seu serviço e na convicção da existência da luta apocalíptica entre a Imaculada e o Dragão. O padre Maximiliano se inspirará profundamente no Tratado da Verdadeira Devoção para treinar e inflamar seus cavaleiros para serem apostólicos e lembrar constantemente que eles estão precisamente na milícia da Imaculada.
É fato histórico que a Legião de Maria nasceu duas breves semanas após uma reunião de um círculo da Conferência de São Vicente de Paulo. O tema desta reunião especial foi o estudo do livro do Santo de Montfort, que Frank Duff acabara de descobrir e entender perfeitamente. “Se absolutamente todas as graças vêm da Santíssima Virgem, Mediadora universal com o Mediador, o que estamos esperando para nos dedicarmos a ela e nos colocar inteiramente ao seu serviço”, pensou acertadamente este jovem irlandês.
Os primeiros anos da MI foram lentos e reuniam-se com muita oposição até que o padre Kolbe fundou a Cidade da Imaculada, Niepokalanow, na Polônia, em 1927. Iniciando com 18 irmãos, em 12 anos a comunidade aumentou para mais de 762 irmãos com um apostolado, especialmente o da imprensa, que certamente se destaca nos anais da Igreja. Quando se pensa que as últimas edições de sua pequena revista popular, no início da guerra, atingiram a tiragem de um milhão de cópias, pode-se imaginar o imenso bem que fez às almas. Qual revista católica, até hoje, já alcançou uma tiragem dessas?
Os primórdios da Legião foram lentos e muito humildes também. Por quase dez anos, havia apenas senhoras, e elas só trabalhavam em Dublin. Então foi aberta na Escócia e na Inglaterra, e, pouco a pouco, os legionários, que sabiam, por sua consagração, que não eram nada mais do que simples instrumentos nas mãos da Virgem toda-poderosa, foram enviados por todo o mundo e com a benção dos bispos, disseminaram este magnífico trabalho. Citemos dois exemplos: Edel Quinn, sabendo que contraíra tuberculose, queria consagrar os últimos anos de sua vida à Santíssima Virgem. Frank Duff, em um ato verdadeiramente heroico, mas considerado louco por muitos, enviou-a sozinha para fundar a Legião na África. Em poucos anos, ela fundou mais de mil praesidia (nota: um praesidium é um núcleo da Legião).
Na China, foi o padre Adrien McGrath (futuro diretor espiritual de Rose Hu — veja o livro Joy in Suffering — à venda na Nova Francia Publishing), irlandês, que estivera usando com sucesso durante alguns anos o sistema da Legião de Maria em sua pequena aldeia em Sichuan — sendo, então, mandatado pelo Núncio Apostólico em 1948 para estabelecer tanto quanto possível a Legião em toda a China, antes que Mao e seus comunistas tomassem o poder e dessem início à perseguição da Igreja. Pouco depois, o ditador comunista teve que admitir que a Legião de Maria se tornou o inimigo número um do comunismo na China!
Essas duas organizações que maravilhosamente se complementam agora voltaram à vida há alguns anos na Tradição. Mais uma vez, depois de um início muito humilde na Polônia em 2000, a MI conseguiu apresentar um bouquet espiritual de mais de 100 mil membros em Notre-Dame, Fátima, no dia 20 de agosto. Na maioria das nossas capelas no Canadá, podemos encontrar o “Recanto da Milícia da Imaculada”, que contém o material essencial da MI. Embora a Legião de Maria avance mais devagar, no entanto, avança. Neste momento, temos praesidia em Lévis, Toronto, Winnipeg e Vancouver. Esses praesidia formam uma cúria que está sujeita ao senatus das Filipinas.
A Milícia da Imaculada e a Legião de Maria ajudam-nos a viver nossa consagração à Santíssima Virgem, não para enterrar este tesouro, mas para torná-lo frutífero para a honra da Imaculada e para maior glória de Deus.
Pe. Daniel Couture, Superior do Distrito Canadense da FSSPX