O que representa o altar na liturgia e quais são suas origens?
Fonte: Apostol nº 161 – Tradução: Dominus Est
A Missa católica, sacrifício do Novo Testamento, é celebrada sobre um altar. Este altar contém, pelo menos no seu centro, uma pedra consagrada pelo Bispo e incrustada com relíquias de santos mártires. Sem esta pedra, que é chamada de “pedra d’ara”, é proibido celebrar uma Missa. A maior parte das igrejas são consagradas, sobretudo se forem catedrais ou paróquias. Neste caso, todo o altar é consagrado, desde que seja feito de pedra.
A origem do altar vem, primeiramente, do Antigo Testamento, quando Adão, Abel e Noé ergueram altares de pedra para Deus e ofereciam sacrifícios muito agradáveis a Ele, pois prenunciavam a realidade que possuímos hoje: a Missa. A outra origem provém das primeiras Missas celebradas nas catacumbas durante a perseguição romana: os sacerdotes celebravam os mistérios em túneis subterrâneos (criptas) sobre a lápide onde jazia o corpo de um mártir na reentrância de um nicho (abside). Desta forma, o vínculo entre a imolação de Cristo e a da Igreja, entre o sacrifício da Cabeça e o dos membros, tornou-se manifesta.
Após a perseguição, as igrejas foram construídas preservando esses elementos: altar, pedra, mártires. Imediatamente se acrescentou uma conveniência simbólica: a orientação. O sacerdote celebra a Missa voltado para o Oriente. Com efeito, o sol que nasce ao leste, de fato, simboliza magnificamente a vinda de Cristo para dissipar as trevas. A Missa é, portanto, oferecida a Deus, em louvor de Cristo, a quem o sacerdote e os fiéis estão voltados. Além disso, tanto em casa como nas igrejas, os primeiros cristãos sempre rezavam junto a Cruz colocada no Oriente, em memória de Cristo cuja cruz foi erguida em direção ao Ocidente, diante do muro ocidental de Jerusalém. Quando, no início da missa, o sacerdote sobe ao altar e antes de incensá-lo, se inclina e beija a pedra enquanto faz duas orações: uma para pedir a purificação e outra para apagamento de seus pecados. Ele invoca os mártires cujos méritos são poderosos a fim de obter o perdão. Ele beija suas relíquias presentes para saudá-los, mas também para saudar Cristo representado pelo próprio altar. O altar está revestido com três toalhas de linho, para recordar o corpo de Cristo sepultado. Assim, o altar da Missa é identificado com o Cristo imolado, sepultado e glorificado. “Introibo ad altare Dei“: Subirei ao altar de Deus.
Pe. Lionel Héry, FSSPX