O APOSTOLADO DA FSSPX EM UMA PRISÃO NOS ESTADOS UNIDOS

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Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

Um Retiro Inaciano foi conduzido pela FSSPX sob circunstâncias excepcionais: trancados a chave em Lamesa, Texas.

No início deste verão, um padre da Fraternidade teve o privilégio de pregar os Exercícios Inacianos a 40 detentos de uma prisão no oeste do Texas (EUA).

A Unidade Preston Smith, parte do sistema penitenciário em Lamesa, Texas, pode acomodar mais de 2.200 presos, em diferentes graus de confinamento. Esta prisão tem a grande graça de contar com um dedicado catequista católico tradicional, o Sr. Michael Banschbach, que visita a prisão duas vezes por mês para instruir na fé entre 40 e 50 prisioneiros. Como você pode se lembrar, da entrevista na edição de maio-junho de 2016 da Revista The Angelus, o Sr. Michael Banschbach mora em Midland, Texas, com sua grande família. Sob os auspícios e com a bênção dos sacerdotes da Fraternidade, ele iniciou um apostolado na prisão, que deu muitos frutos em todo o estado.

A prisão veio sediar o retiro após um encontro casual do capelão com um padre da Fraternidade que visitava o local para celebrar a Santa Missa para alguns dos internos. No decorrer da conversa, surgiu o tema dos Exercícios Inacianos. Alguns meses depois, o capelão da prisão perguntou ao Sr. Banschbach: “quando aquele padre virá aqui pregar um retiro?”

Então, depois de obter permissão do Superior de Distrito e de tomar as providências necessárias, o Retiro foi planejado para ocorrer entre 10 e 12 de maio de 2018. Logisticamente, as circunstâncias eram compreensivelmente muito difíceis. Os presidiários foram confinados em compartimento único – neste caso, o ginásio – e o tempo previsto era das 8:00h às 20:00h. Não havia possibilidade, como normalmente se tem em um retiro, para sair para uma caminhada ou voltar a o quarto. Os dias de 12 horas acabaram sendo dias de 14h, graças à intervenção do capelão da prisão com o diretor, que nos permitiu estendê-lo até as 22:30h.

Como os internos estavam conosco durante todo o dia, éramos responsáveis ​​por alimentá-los, o que significava que todos os dias tínhamos que fornecer suprimentos suficientes para alimentar 40 homens, para as 3 refeições do dia. A atmosfera era menos propícia à meditação, mas os homens, com exceção de uma dupla, estavam edificando em seus esforços e  seu silêncio, necessários para ouvir a voz de Deus.

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Como estávamos todos presos juntos, sem aposentos privados para voltar e fazer as meditações, a solução foi colocar cadeiras ao redor do perímetro da quadra de basquete de frente para a parede. Os homens foram informados que a cadeira era o “quarto” deles e que, quando as conversas terminassem, deveriam ir lá para meditar. Esta foi uma solução formulada no momento e, na verdade, funcionou muito bem. Foi também motivo de uma história engraçada, pois quando o guarda voltou pela primeira vez após o fim de uma palestra ele se assustou e imediatamente se colocou em guarda. Ele explicou: “Uau, isso foi muito estranho, porque nunca há silêncio na prisão e quando há, você pode apostar que é porque eles estão tramando algo, e provavelmente está prestes a ser atacado”. O que ele tinha visto era o generoso esforço dos homens em meditação.

Se foi um retiro difícil para o pregador, os ajudantes leigos e os prisioneiros, também foi um retiro onde o demônio estava muito ativo. Atrasos de tempo, situações com reféns, tumultos que exigiram gás lacrimogêneo em vários blocos de células, água derramando pelo teto da “sala de conferências” – até mesmo o padre perdeu sua identificação no último dia, o que poderia ter lhe negado acesso durante o último dia do retiro – eram todos sinais de que o demônio não estava feliz com o que estava acontecendo e estava fazendo todo o possível para “arruinar as obras”!

Com o demônio tão claramente em ação, era, acreditava o padre, apenas as orações de todos as Irmãs, Irmãos, Sacerdotes e fiéis que permitiram que tudo funcionasse bem. Em todas as dificuldades, a única resposta foi ver nela a ação do demônio, permitida por nosso Pai Celestial, e suportar os golpes. O padre disse aos detentos que poderiam aprender uma boa lição de tudo aquilo: em nossa vida quando queremos fazer a coisa certa (quando queremos seguir a vontade de Deus), o mundo, a nossa pobre carne decaída e o demônio lançarão todos os tipos de obstáculos em nosso caminho e, portanto, não devemos nos surpreender ou desencorajar, mas manter pacificamente nossas boas resoluções.

Em sua caridade, pedimos suas orações por esses homens, para que eles permaneçam firmes em suas resoluções e tenham a certeza de que eles estão rezando por você e por todos os seus irmãos católicos que estão além das grades.

Pe. Thomas Asher, FSSPX