Meditemos um pouco sobre a agonia de Nosso Senhor no Horto das Oliveiras onde, “triste até a morte”, aceitou o cálice de sua Paixão para a salvação de nossas almas.
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
A nossa redenção dependeu de dois fiat: o de Maria, na Anunciação, quando aceitou tornar-se mãe do Salvador, e o de Nosso Senhor no Horto das Oliveiras, quando a sua vontade humana se submeteu à vontade do Pai. “Não a minha vontade, mas a sua (1)”. Por três vezes repetiu esta oração em um lugar que nunca mereceu tanto o nome de Getsêmani”, o “lagar” de olivas. Alí, a alma do Salvador sofreu uma agonia (αγωνία, combate em grego), uma tristeza, uma angústia tão extrema que, segundo suas próprias palavras, poderia ter causado sua morte. São Lucas nos dá uma ideia da violência desta luta, dessa luta, ao descrever o suor de sangue que provocou(2). O Coração de Jesus foi prensado, esmagado como uma oliva para que nossas almas pudessem ser ungidas com o óleo da graça.
Nunca Nosso Senhor pareceu tão humano, pedindo a Pedro para vigiar, mesmo que por apenas uma hora, com Ele(3) e implorando a seu Pai que removesse este cálice de tão horrível amargura. Qual é a natureza deste cálice? Quais são os sofrimentos apresentados a Jesus?
- Em primeiro lugar, a perspectiva, nos mais ínfimos pormenores, do que o espera: golpes, cuspidas, a traição de Judas, a negação de Pedro, a deserção dos seus apóstolos, o ódio dos príncipes do seu povo, a crueldade dos algozes, a flagelação, a coroação de espinhos, o carregamento da cruz, a crucificação, a morte.
- O desgosto ao ver-se revestido perante a justiça divina com os pecados do mundo inteiro, “tomando sobre si todas as nossas iniquidades”(4), castigado por causa delas, enquanto Ele é a pureza e a santidade infinitas.
- A amarga tristeza de conhecer, antecipadamente, a monstruosa ingratidão de tantas almas que desprezarão seu Sangue, profanarão seu sacrifício, rejeitarão seu amor! Isaías havia profetizado: em vão esgotarei minhas forças(5).
- Os sofrimentos indescritíveis que sua Mãe Santíssima sofrerá ao longo de sua Paixão.
A meditação do primeiro mistério doloroso do Rosário não provocará em nossas almas uma profunda contrição de nossas culpas e, portanto, um desejo eficaz de não recair? A nossa vida cristã não se tornará mais generosa, mais agradecida Àquele que tanto combateu por nós, desde o Getsêmani até o Gólgota, mais amoroso para com o Amor crucificado? Permitiremos que seu Precioso Sangue flua inutilmente para nós e para tantas almas?
Jesus Cristo está em agonia até o fim do mundo
Não durmamos durante esse tempo.
Blaise Pascal, O Mistério de Jesus.
Pe. Bertrand Labouche, FSSPX
- 26, 42
- Lc 22, 44
- Mc, 14, 37
- Is 53, 6
- Is 49, 4