O LIBERALISMO É PECADO – PARTE 4

lib2DOS DIFERENTES GRAUS QUE PODE HAVER E HÁ DENTRO DA UNIDADE ESPECIFICA DO LIBERALISMO

O Liberalismo, como sistema de doutrinas, pode chamar-se escola; como organização de adeptos para difundi-las e propaga-las; seita como agremiação de homens dedicados a faze-las prevalecer na esfera do direito publico, partido. Porém, ou se considere como escola, ou como seita, ou como partido, o Liberalismo oferece dentro da sua unidade lógica e especifica vários graus ou matizes que ao teólogo cristão convém estudar e expor.

Primeiro que tudo convém fazer notar que o Liberalismo é uno, isto é, constitui um organismo de erros perfeita e logicamente concatenados, razão por que se chama sistema. Com efeito, partindo do principio fundamental de que o homem e a sociedade são perfeitamente autônomos ou livres, com absoluta independência de todo outro critério natural ou sobrenatural, que não seja o individual, segue-se, por uma perfeita ilação de conseqüências, tudo o que em nome dele proclama a demagogia mais avançada.

A Revolução só tem de grande a sua inflexível lógica. Até os atos mais despóticos que executa em nome da liberdade, e que à primeira vista todos tachamos de monstruosas inconseqüências, obedecem a uma lógica altíssima a superior. Pois que, reconhecendo a sociedade por única lei social o critério da maioria, sem outra norma ou regulador, como poderá negar-se ao Estado o perfeito direito de cometer quaisquer tropelias contra a Igreja todas as vezes que, segundo aquele seu único critério social, seja conveniente comete-las? Admitindo-se que a razão está sempre da parte da maioria, fica por esse modo admitida como única lei a do mais forte; e portanto muito logicamente se pode chegar até as ultimas brutalidades.

Mas, apesar desta unidade lógica do sistema, os homens não são lógicos sempre; e isto produz dentro daquela mesma unidade a mais assombrosa variedade ou gradação de tintas. As doutrinas derivam necessariamente e por virtude própria umas das outras; os homens porem soa comumente ilógicos e inconseqüentes.

Os homens, levando até as ultimas conseqüências os seus princípios, deveriam ser todos santos, quando os princípios fossem bons; e todos demônios do inferno, quando os princípios fossem maus. É a inconseqüência que, dos homens bons e maus, faz bons a meia bondade, e maus que o não são inteiramente.

O Liberalismo é pecado  – D. Félix Sarda y Salvany