O PODER DA GRATIDÃO

Língua Portuguesa: a origem da palavra «Obrigado»

Uma virtude para restaurar nossa alma.

Fonte: Apostol n°198 – Tradução: Dominus Est

À medida que um ano letivo chega ao fim — e antes que o próximo surja no horizonte — as férias oferecem um momento de pausa e relaxamento, um momento para rever o ano que passou, um momento para despertar a gratidão em almas que muitas vezes estão cansadas e fatigadas.

A gratidão é o movimento que nos leva em direção àqueles que nos fizeram bem, demonstrando-lhes estima, atenção, consideração e honra. Temos o dever de agradecer a nossos pais ou benfeitores, sejam eles quem forem: é justiça para com eles. Mas, como toda boa atitude que é cultivada, a gratidão também tem o poder de colocar nosso coração em ordem e remediar muitos de nossos infortúnios; tem o poder de restaurar o equilíbrio e a simplicidade de almas perdidas e complicadas; também pode restaurar a alegria e o ímpeto do desejo e da esperança de corações deprimidos que estão afundando em uma espiral negativa.

Pois a gratidão implica, antes de tudo, reconhecer o que recebemos dos outros. Ela nos convida a buscar com lucidez para o que devemos aos outros; a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, contribuíram, pouco ou muito, para o que somos hoje. Longe de nos fecharmos e nos iludirmos com a autossuficiência, a gratidão nos lembra que os seres humanos são fundamentalmente dependentes dos outros, a começar pelo próprio Deus. Ela nos coloca em um clima de verdade e, consequentemente, abre o caminho para a verdadeira felicidade.

Mas há mais: a gratidão direciona nossa mente para o bem que nos é feito, para que possamos agradecer por isso; portanto, ela nos concentra — e esse não é seu menor mérito — mais no bem com que somos abençoados do que no mal que sofremos. Quando conhecemos a tendência do homem contemporâneo de se alimentar de pensamentos negativos e ideias catastróficas, a gratidão traz um reequilíbrio em nossa visão das coisas. Sem negar o mal que vê com serenidade, ela nunca se esquece de que o ser humano é fundamentalmente bom antes de ter sido danificado e corrompido pelo pecado. Finalmente, a gratidão — que é chamada de ação de graças quando é dirigida a Deus, a fonte de todo dom natural e sobrenatural – é a pedra de toque de nossa vida cristã. Ela garante sua autenticidade e solidez. Ela assegura seu dinamismo e superabundância. A Igreja não se engana ao colocar, na liturgia de 15 de agosto, coloca as palavras do Magnificat nos lábios da Virgem Maria no final de sua vida terrena: “Minha alma engrandece o Senhor e meu espírito se transporta em santa alegria em Deus, meu Salvador”

Pe. Louis-Marie Berthe, FSSPX