Fonte: Boletim Permanencia
Desde o início da pandemia, a Organização Mundial da Saúde foi alçada a um patamar de grande respeitabilidade mundial. Seria uma espécie de heroína na batalha contra o coronavirus. As declarações de alguns dos seus membros ganham a primeira página dos jornais, que lhe conferem grande autoridade.
No entanto, é preciso dizer que se trata de um organismo notoriamente empenhado na promoção do aborto e de ideologias ostensivamente contrárias à moral natural e, por isso, mais do que nunca, é preciso que seja denunciado.
O que é a OMS?
A Organização Mundial da Saúde (OMS ou WHO, em inglês) surgiu em 7 de abril de 1948, mas podemos remontar suas origens as International Sanitary Conferences, realizadas em Paris no ano de 1851.
O seu objetivo é advogar pelo cuidado da saúde universal, monitorar riscos à saúde pública, coordenar respostas para emergências de saúde e promover a saúde humana e o bem estar.
Atualmente, conta com 196 membros e é presidida por Tedros Adhanon (2017-2022), ex Ministro da Saúde e ex Ministro do Exterior da Etiópia. Ele mesmo não é médico nem possui qualificação alguma na área de saúde.
O orçamento da OMS gira em torno de US$ 4,4 bilhões, financiado principalmente por EUA, Alemanha e Reino Unido, investidores particulares e pela indústria farmacêutica — chama a atenção, entre os primeiros, a participação da Fundação Bill & Melinda Gates e da Fundação Rockefeller. Até recentemente, os EUA eram os principais financiadores.
Qual a autoridade da OMS?
Alguns jornais, partidos políticos e órgãos governamentais têm condenado toda a iniciativa contrária às resoluções da OMS. Um Ministro do STF chegou a ameaçar invalidar qualquer iniciativa que as contrariasse.
“A OMS tem ao seu lado o grande respaldo da ciência, da tecnologia e da racionalidade, o que lhe confere grandes poderes”, afirma o diplomata Marcos Azambuja, que chefiou a delegação do Brasil para Assuntos de Desarmamento e Direitos Humanos em Genebra. “Porém, é um órgão que apenas recomenda e sugere ações, ou seja, não tem poder de polícia, de controlar ou impor sanções contra países”.
Dito de outro modo, a organização não possui nenhuma autoridade executiva. O seu papel limita-se à proposição de sugestões.
O organismo baseia suas ações no Regulamento Sanitário Internacional (IHR, na sigla em inglês), um documento de normas do Direito Internacional para a área da saúde que deve ser seguido por todos os 196 membros da OMS – o Brasil, inclusive. Existem de fato algumas obrigações da cartilha do IHR que as nações têm de cumprir como, por exemplo, emitir notificações sobre todos os eventos de saúde que aconteçam em seus território e que possam representar uma “emergência de saúde pública de interesse internacional”.
“O documento também exige que os Estados nacionais desenvolvam capacidade adequada em seus sistemas de saúde para detectar surtos de doenças infecciosas e sejam capazes de responder com eficácia”, afirma Ian Johnstone, professor de Direito Internacional da Escola de Direito e Diplomacia (The Fletcher School) da Universidade Tufts, nos Estados Unidos. O regulamento determina ainda que os países implementem suas normas com total respeito pela dignidade e pelos direitos humanos, incluindo os dos viajantes internacionais.
O mais importante é que, segundo a própria Carta das Nações e os princípios da lei internacional, os Estados gozam do direito soberano de legislar e de implementar legislação de acordo com suas políticas de saúde. (Conforme o texto original: “States have, in accordance with the Charter of the United Nations and the principles of international law, the sovereign right to legislate and to implement legislation in pursuance of their health policies”).
A Defesa de medidas contrárias à natureza
Entre os pontos principais defendidos pela OMS que contrariam os preceitos da Igreja assinalamos os seguintes:
1 – Aborto: Na página oficial da organização, lê-se: “Toda mulher tem o direito humano reconhecido de decidir livre e responsavelmente, sem coerção e violência, sobre a quantidade de filhos, o intervalo e o momento entre os partos, e de obter as informações e os meios para fazê-lo, e o direito de atingir o mais alto padrão de saúde sexual e reprodutiva ( ICPD 1994). O acesso ao aborto legal e seguro é essencial para a realização desses direitos“ (grifos nossos)
2 – Educação sexual: A OMS além de endossar, nos seus documentos, a falsa concepção de gênero sexual, defende ainda um amplo e audacioso programa de educação sexual onde se prevê, segundo a faixa etária, uma série de informações a serem transmitidas às crianças, bem como competências e atitudes. Destacamos as seguintes :
Dos 4 aos 6 anos: as crianças devem ser informadas sobre o prazer de tocar o próprio corpo e da masturbação precoce;
Dos 6 aos 9 anos: devem ser introduzidas aos diversos métodos de contracepção;
Dos 9 aos 12 anos: devem adquirir a “competência” para escolherem conscientemente ter ou não experiências sexuais;
Dos 12 aos 15 anos: deve-se ajudar o adolescente a desenvolver uma atitude pessoal no tocante à maternidade precoce, aborto ou adoção.
Tudo isso, que parecerá chocante ao católico, mas decorre naturalmente das premissas referente aos “direitos sexuais” elencadas pela IPPF (International Planned Parenthood Federation) — poderosa ONG com atuação em mais de 100 países que colabora abertamente com a Organização Mundial da Saúde — e validadas por esta última em 2015.
O que são esses “direitos sexuais” segundo a IPPF? Eis a resposta: “Direito de desfrutar de uma sexualidade independente da reprodução e de uma reprodução independente da sexualidade”.
Esses direitos vigorariam a partir dos 10 anos de idade e deveriam ser exercidos “sem intrusão arbitrária, nem limitação fundadas em crenças culturais, religiosas, ou ideologia política dominante”.
Compreende-se, portanto, a sem-cerimônia com que essa organização criticou publicamente a Igreja em algumas vezes. No ano de 2003, por exemplo, a OMS denunciou a oposição do departamento de saúde da Cúria Romana ao uso de preservativos, dizendo: “Essas declarações incorretas sobre preservativos e HIV são perigosas quando enfrentamos uma pandemia global que já matou mais de 20 milhões de pessoas e atualmente afeta pelo menos 42 milhões”.
Em 2009, o presidente da Assembléia Mundial da Saúde (órgão decisório da OMS), Leslie Ramsammy, criticou abertamente o papa Bento XVI por sua oposição aos preservativos: “A declaração do Papa é inconsistente com a ciência, com a nossa experiência e não está sincronizada com aquilo que os católicos experimentam e creem”.
Atuação desastrosa durante a pandemia
No dia 15 de abril de 2020, o presidente Donald Trump anunciou a suspensão do financiamento americano para a entidade, uma vez que ela falhou no seu “dever essencial”. Acusou-a ainda de ter encoberto a disseminação da epidemia.
De fato, muitas falhas da OMS podem ser apontadas. Elas não são pequenas:
– 14 de janeiro: a OMS ainda declarava não haver evidências de transmissão entre humanos do novo coronavirus.
– 29 de fevereiro: a OMS declarou não haver necessidade de cancelamento de viagens aéreas para a China ou controle do tráfego aéreo para regiões afetadas.
– 11 de março: Foi só a partir dessa data que a Organização Mundial da Saúde passou a falar de pandemia.
– 30 de março: A OMS lança um guideline para ajudar os países a manterem seus serviços “essenciais” de saúde durante a pandemia, incluindo aqui, sob o tema da saúde reprodutiva, o acesso ao aborto.
– 7 de abril: A OMS declarou não haver necessidade de pessoas saudáveis usarem máscaras.
Poderemos citar ainda a estranha má-vontade da organização com o tratamento com a hidroxicloroquina, sobretudo após o fraudulento estudo publicado pela The Lancet?
Conclusão
Segundo a historiadora Marion Sigaut, de onde tiramos muitas das informações para esse trabalho, “Em nome da Saúde Sexual, a OMS está por trás de todo um empreendimento mundial de corrupção da infância e da juventude, e de uma cultura de morte”.
Para nós, o mais importante aqui não é discutir as falhas da organização ou se ela possui ou não um viés pró-China. O fato de defender uma agenda contrária à moral natural faz com que não seja digna da nossa confiança, nem do nosso respeito.