Talvez venham a zombar da tua atitude reservada, por não te sentires à vontade no meio de conversas estercorosas e de corares logo que ouvires uma palavra imprópria. Meu filho, orgulha-te disso! Orgulha-te de poderes corar!
O pudor em nós não é “criancice”, “ingenuidade”, “hipocrisia” – como eles dizem, – senão um ato de valor incalculável, uma arma recebida da natureza, que defende, quase sem que o percebamos, a parte mais nobre da nossa pessoa contra os maus pensamentos. Para o jovem o pudor, que defende quase instintivamente contra a impureza a sua alma delicada, é precioso tesouro.
É um poderoso dique contra as ondas da imoralidade, que todos os lados rebentam contra a nossa alma… Lembra-te desta bela máxima de Santo Agostinho:
“Não odeies os homens por causa dos seus erros e das suas faltas, mas não estimes as faltas e os erros por amor dos homens”.
É covarde quem não sabe tolerar, contra as suas convicções, algumas contrariedades. Outrora débeis crianças, sem dizerem palavra e por amor de Cristo, se deixaram despedaçar por animais ferozes. Aos quatorze anos São Vito sorria ao mergulharem-no em azeite fervente – por amor de Cristo; e aos treze anos São Pelágio suportava que durante seis horas lhe arrancassem os membros, um após outro, – também por amor de Cristo.
As zombarias e chalaças de teus companheiros imundos compreendem-se muito bem. A tua presença é molesta aos que se esponjam no esterquilínio. E como olham esses salafrários com tanta raiva para quem não quer deitar-se junto com eles no muladar! A rã, ainda que esteja sentada num tronco, salta sempre para o charco, pois só ali é que se sente à vontade.
Talvez conheças esta velha máxima: Sunt, a quibus vituperari laudari est: há certas censuras que para nós são o maior louvor. E podes crer que, se o asno injuria a rosa, é porque esta não usa ferraduras.
Sempre me admirei muito de que se desse importância ao julgamento dessas almas desviadas. Creio saberes que em Pisa, na Itália, a torre da catedral é inclinada. Ora, se essa torre inclinada pudesse pensar, certamente desprezaria todas as outras torres do mundo: “É admirável que, de todas as torres, seja eu a única em boa posição!”
Não ouviste falar no que aconteceu a uma aldeiazinha oculta na montanha, onde todos os habitantes eram papudos em razão da água e da vida que levavam? Certo dia, alguns turistas passaram por ali. Apresentavam ótima saúde; entretanto, os papudos correram atrás deles, fazendo grande alarido, rindo e chocarreando: “Vede só!… Homens que não têm papo!”
Em todas as lutas fortifica em ti esta santa resolução: Quem não quer perder o seu caráter e a dignidade da sua pessoa, tornando-se escravo dos instintos, não deve entregar-se aos prazeres proibidos. Quem dá importância ao caráter e quer desenvolver harmoniosamente a sua personalidade, cumpre que vele, como se se tratasse de um tesouro, pela sua integridade física e moral, até ao sacramento do matrimônio (e também depois), que Deus instituiu para ele.
“É valente quem vence um leão – escreve Helder, – é valente quem submete o mundo; porém mais valente ainda é aquele que se vence a si próprio”.
O teu bigode cresce por si mesmo, as tuas pernas por si mesmas se tornam mais compridas, mas o verdadeiro caráter viril não se desenvolve por si próprio. Assim, também, deves lutar e arrancar todos os dias um pedaço à tua fraqueza inata, mediante séria abnegação e trabalho verdadeiramente consciente.
O Brilho da Mocidade – Mons. Tihamér Tóth