OS TRÊS CREDOS

Depois do sermão do domingo, e das grandes solenidades, a Liturgia nos leva a cantar o Credo como conclusão da missa dos catecúmenos, ou Ante Missa. O Credo (creio) é um formulário que resume as principais verdades que se deve crer para ser salvo. A Antiguidade conheceu vários símbolos ou resumos de nossa fé.

Fonte: FSSPX Distrito de Benelux – Tradução: Dominus Est

Os três Credos utilizados na Liturgia

O primeiro é o Símbolo dos Apóstolos que recitamos antes do Terço, por exemplo. Esse símbolo dos apóstolos é o mais antigo e remonta às origens da Igreja. O segundo símbolo é o de Santo Atanásio, que os padres professam na recitação do breviário, no dia da festa da Santíssima Trindade (domingo depois de Pentecostes). Enfim, o terceiro símbolo é o de Niceia-Constantinopla. Para combater a heresia proferida por Arius que negava a divindade de Cristo, o concílio ecumênico de Niceia (325) decretara um símbolo no qual a consubstancialidade do Filho com o Pai fora afirmada. Alguns anos mais tarde, o concílio ecumênico de Constantinopla (381) se reuniu para condenar os erros que negavam a divindade do Espírito Santo.

História da recitação do Credo na Missa

Na Igreja primitiva, após a leitura ou o canto do Evangelho, se concluía a primeira parte da missa, dita “missa dos catecúmenos”, pois estes e alguns penitentes eram convidados a se retirar. Não se recitava, então, o Credo, nem o Gloria in excelsis, e, pouco a pouco, estas duas orações foram dispostas na reza da Missa. No século VIII, o imperador Carlos Magno mandou cantar o Credo na Missa na Gália.

Atitude durante o Credo

O padre entoa o início do símbolo no meio do altar, diante da cruz. Ele eleva as mãos no Credo para manifestar que sua alma e seu coração se elevam e aderem plenamente ao que ele vai recitar. Depois, ele junta as mãos no in unum, para manifestar essa unidade das três Pessoas, e inclina, em seguida, a cabeça em Deum, para manifestar sempre sua adoração. Ele não eleva os olhos para a cruz, pois estas palavras não são uma súplica, mas uma profissão de fé.

A estas primeiras palavras, os fiéis se associam plenamente à proclamação de fé de toda a Igreja, cantando de todo coração o Credo enquanto o padre continua a recitação em voz baixa.

A essa declaração de fé, toda a assembleia se mantém de pé, na atitude de servos de Cristos prontos para defender as verdades eternas recebidas de Deus, e para afirmar seu desejo de servir mais do que nunca o Rei dos reis. Durante o Incarnatus est (que se encarnou pela operação do Espírito Santo no seio da Virgem Maria e se fez homem), o padre se ajoelha na base do altar, seguido de todos os fiéis, em sinal de veneração a este grande mistério do Filho de Deus que assume nossa natureza humana.

Depois, o celebrante volta à banqueta e se senta, indicando, por isso, que a assembleia também pode se sentar. Contudo, no Simul adoratur (o Espírito Santo é adorado e glorificado com o Pai e o Filho), o padre, permanecendo em seu lugar, inclina a cabeça de modo notório, assim como todas as vezes que ele pronuncia o nome de Jesus; os acólitos, assim como os fiéis, são convidados a esse sinal de respeito pelo Espírito Santo, para indicar a divindade da terceira Pessoa da Santíssima Trindade.

Consideração espiritual

Este Credo que o padre recita é aquele que renovou a face da terra e converteu o mundo. Credo in unum Deum. E eis que à luz desta verdade, as trevas do paganismo desaparecem. Créatorem cæli et terræ. Todas as doutrinas dos filósofos, Sêneca, Potino, Porfiro, desmoronam. Et in Jesum Christum. E a religião de Moisés dá lugar àquela do Messias, a sombra recua diante da luz, a figura diante da realidade, a preparação diante da verdade. Carnis ressurrectionem, vitam æternam. E o materialismo é condenado. A vida espiritual assume a preponderância sobre a vida natural, e o homem reabilitado eleva seus olhos acima dos horizontes terrestres para se encorajar pela esperança de uma vida eternamente aventurada”.

E esta obra que o Credo produz, ele continua sem perder nada de sua força, sem se deixar abalar, sem se enfraquecer nem na luta, nem na vitória. Ele avança com uma poderosa tranquilidade, majestosa, divina, que quebra, que derruba os obstáculos e, saindo vencedor, ele finca nos quatro cantos da terra o estandarte glorioso da cruz. Tudo lhe cedeu, porém sem jamais nada ceder. Mas a luta foi encorajada em todos os artigos; batalhou-se em cada palavra; combateu-se por uma letra; as mais pérfidas artimanhas, os mais hábeis argumentos, os mais mascarados sofismas, o próprio fio da espada não pôde lhe tirar um vírgula”.

Eis que já faz dezoito séculos. Dezoito séculos da mais formidável luta intelectual, conduzida pelos maiores espíritos. Ora, qual foi o resultado? Há uma linha de símbolos que tenha diluído? Uma palavra, uma única palavra que precisou ser retirada? Não, o Credo está de pé, intacto em sua integridade esplêndida, semelhante a estas belas pirâmides de granito vermelho transportadas do Egito para as praças de Roma. Quatro mil anos de tempestades não puderem embotar um de seus ângulos”.

“E estas grandes e santas coisas que canto na missa, eu, pobre sacerdote, os apóstolos cantaram, pregaram por todo o universo. Pedro, João, Paulo as ensinaram às multidões que convertiam. Estas verdades que proclamo em uma humilde e pobre igreja, ou sob os arcos esplêndidos de uma catedral, foram proclamadas nas catacumbas, gravadas sobre as paredes, escritas com o sangue dos mártires. Recitando o símbolo, estou em uma comunhão de ideias, de sentimentos, de crenças com os apóstolos, os primeiros cristãos, os mártires, os santos, os grandes gênios do século dezoito! Oh! Como este pensamento é fortificante! Como ele é encorajador! Meu Deus, nenhuma crença jamais poderá exprimir o ardor, o impulso, a vivacidade, a firmeza de seus sentimentos de fé quando pronuncio estas palavras: Credo” (R. P. Feuchot et Sauvé; Le Très Saint Sacrifice, p. 112).