Um Bispo da Escócia perdeu-se, certo dia, na floresta. Depois de andar muito tempo sobreveio-lhe a noite. Uma luzinha guiou-o a uma casa pobre, habitada por gente piedosa.
Receberam o hóspede, sem saber quem era, pois o Bispo estava envolvido em grande manto. Esse também não sabia se os habitantes desse lar eram Católicos ou protestantes.
O Senhor Bispo notou que reinava tristeza em casa. Perguntou o que havia. Disse-lhe a dona da casa que o pai, já muito idoso, estava gravemente doente, e o pior era que não queria se convencer de que morreria. Por isso não se preparava para receber a morte.
– Posso vê-lo? Disse o Bispo.
– De boa vontade, tornou a senhora.
E introduziu o ilustre visitante no quarto do enfermo.
Depois de conversar amigavelmente durante minutos, procurou leva-lo ao pensamento da morte. Mas o bom homem pareceu recuperar todo vigor e, elevando o corpo da cama exclamou:
– Não, não morrerei!
– Mas, meu amigo, lembre-se de que todos devemos morrer; e sua moléstia e sua idade…
– Eu lhe digo que não morrerei. É impossível!
E por mais que o senhor Bispo procurasse persuadi-lo, sempre recebia como resposta: “Não morrerei!”
– Mas, afinal, falou o Bispo, pode dizer-me por que razão não pretende morrer?
A essa pergunta o moribundo pareceu enternecido e, lançando um olhar a seu interlocutor, indagou em tom profundamente comovido:
– O senhor é Católico?
– Sou, respondeu o outro.
– Neste caso, volveu o doente, posso dizer-lhe por que não morrerei.
Desde a minha primeira comunhão nunca deixei de pedir diariamente à Nossa Senhora a graça de não morrer sem ter um Sacerdote à minha cabeceira na hora da morte. Pensa que minha Mãe do Céu poderá deixar de me atender? É impossível!…
– Então, meu filho, disse o Bispo, foi atendido. Quem está a falar-lhe é mais que um Padre, é seu Bispo. A Santíssima Virgem trouxe-me através destas florestas para assisti-lo nos últimos momentos.
E abrindo o manto, fez brilhar os olhos do moribundo a cruz pastoral.
Então o bom homem, em transporte de alegria, exclamou:
– Ó Maria, ó boa Mãe, eu vos agradeço.
E o senhor Bispo confessou-o
– Agora, sim, creio que vou morrer!
Minutos depois da absolvição, rodeado de toda família, morreu como um santo.
Como Maria Santíssima é boa! – Frei Cancio Berri C. F. M.