RECRUTAMENTO DE BISPOS: A SURPREENDENTE OBSERVAÇÃO DO CARDEAL OUELLET

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

Se alguém aspira ao episcopado, deseja uma boa função“, escreve o apóstolo São Paulo (1Tim 3,1). Quase dois mil anos depois, essa aspiração parece ser mais rara, acredita o cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos. 

O prelado explica: “Quando cheguei à Congregação para os Bispos há quase uma década, um em cada dez recusava o episcopado, citando razões pessoais entre outras. Agora, são três vezes mais.” O cardeal acrescenta: “Talvez isso se deva ao fato de que eles não se sentem capazes, que lhes faltem fé ou que tenham dificuldades pessoais; ou então preferem não correr o risco de prejudicar a Igreja”. 

Essa situação, continua Mons. Ouellet, deve estar relacionada à “crise geral de fé” predominante em grande parte do mundo, que também se manifesta “no casamento, na vida consagrada, na vida sacerdotal e na cultura”. Essa lúcida constatação não chega a questionar a orientação da Igreja há mais de cinquenta anos. Não há ligação entre a crise geral da fé, do sacerdócio, da vida religiosa e da moral católica e as profundas reformas empreendidas em nome do Concílio Vaticano II?  

Criado cardeal em 2003 por João Paulo II, Mons. Ouellet foi chamado a Roma por Bento XVI em 2010. Sua análise permanece, de fato, sucinta e “bergogliana“. Assim, desenhando o retrato-falado do candidato ideal para o episcopado, ele afirma: “não basta enfatizar as verdades da fé, porque a cultura mudou muito nos últimos quarenta anos, uma nova era de diálogo se abriu”

Usando elementos da linguagem caras ao Papa Francisco, o alto prelado lembra que a Igreja precisa de “menos professores do que pastores, que têm empatia e estão interessados ​​nos pobres e nas periferias“. Palavras vazias que ignoram as soluções reais. 

Por outro lado, a lei da Igreja enumera as qualidades daqueles que são chamados ao episcopado: eles devem ter “boa moral e ter piedade, zelo pelas almas, prudência e outras qualidades que os tornam aptos para governar uma diocese”; eles devem dedicar seus esforços “à preservação da pureza da fé e dos costumes do clero e do povo, especialmente entre as crianças e pessoas menos instruídas; devem garantir que a educação de crianças e jovens seja dada de acordo com os princípios da religião católica.” (Cânones 331 a 336 do código de 1917). 

O que a Igreja precisa para sair da crise geral de fé são os bispos santos, fiéis aos deveres de seu ofício de conservar e transmitir a pureza da fé e dos costumes.