UM URGENTE APELO PELA RENOVAÇÃO DO MONAQUISMO

Fonte: SSPX USA – Tradução: Dominus Est

Em nossos dias fala-se muito sobre a restauração na Igreja mas raramente consideramos a maneira como a Cristandade foi primeiramente estabelecida. A resposta é simples — monges.

A seguir estão as seleções de uma série maior, em duas partes: “… Forward to Benedict” originalmente publicado no The Angelus de 2001. A série completa foi publicada neste site em homenagem à festa de São Bento de 2018.

Acima, dissemos: “a resposta é simples — monges”. Monges seguindo a Regra de São Bento para ser preciso. Pode ser uma simplificação, mas qualquer estudante de história sabe que os mosteiros foram a principal influência cristianizadora e civilizadora em uma Europa pagã (na melhor das hipóteses, ariana).

Não devemos ter uma noção incorreta de como o monasticismo [ou monaquismo] afeta a sociedade. Certamente não é por esforçar-se no sentido de implementar um programa político. Não, os meios são inteiramente sobrenaturais. As armas são, pela graça de Deus, oração, fé, esperança e caridade. É como Nosso Senhor prometeu: “Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas” (Mt. 6,33).

O monasticismo que resolverá os problemas sociais é aquele que visa principalmente a reforma do indivíduo. Sem santidade, nada … com santidade, tudo.

Hoje, em todas as nações, os homens pensantes reconhecem que nossa civilização se encontra à beira da ruína. Felizmente não há necessidade de ir ao político, ao economista ou ao estudante superficial de ciência política ou sociologia para uma análise do problema atual.

São Bento — Pai do Monaquismo Ocidental

Nunca o mundo estivera em uma condição tão deplorável do que no final dos primeiros cinco séculos da Cristandade. Todos os historiadores retratam a confusão, a corrupção e o desespero. Na moral, na lei, na ciência e na arte, tudo estava em ruínas. Os seguidores do Cristianismo estavam irremediavelmente divididos pela heresia e em todo o Império Romano não havia um imperador, rei, príncipe ou governante que não fosse pagão, ariano ou eutiquiano.

Fora do Império Romano, unicamente a Irlanda, sob o apóstolo Patrício, cristianizou de rei a súdito.

O fim de cinco séculos de Cristianismo testemunhou a civilização em seu mais acentuado retrocesso. Sem uma compreensão deste fato, nenhum homem pode entender os séculos que se seguiram. No meio da escuridão uma vela tremeluzia. Aquela vela era São Bento, que involuntariamente haveria de regenerar o mundo ocidental.

Bento fundou o Mosteiro de Monte Cassino em uma alta colina, acidentada e desolada, com vista para o Vale dos Lírios. Em Monte Cassino, ele destruiu o altar de Apolo, conduziu os povos vizinhos do paganismo à fé católica, cultivou as terras áridas da montanha, limpou os campos férteis abaixo, construiu um mosteiro e oratórios, praticou a hospitalidade e aperfeiçoou a Regra, que se tornaria um caminho de santidade para milhões e, consequentemente, a base da regeneração do mundo ocidental.

A Regra de São Bento

Bento encontrou este denominador comum entre os povos do mundo na família humana. Os monges tornaram-se, sob a Regra Beneditina, uma família, tendo o Abade como pai (cf. RB 2). Esse pai era considerado o representante de Cristo. Seus filhos espirituais trabalhavam com ele para a perfeição espiritual. Pelo trabalho manual eles deveriam produzir aquela riqueza que proveria o suficiente para si mesmos e um excedente para os pobres. Tudo o que se produzia acima de suas necessidades pertencia aos pobres.

Ao longo de toda a Regra, a relação entre o natural e o sobrenatural é evidente. Ao longo de toda a Regra, a moderação, em contraste com a calistenia espiritual, é notória.

Bento reconheceu que a reforma da moral e da sociedade devieria ter uma abordagem social, porque é um problema social. Então ele modelou a vida monástica na permanência da vida familiar e modelou sua vida familiar nas virtudes dos Evangelhos. A Regra sintetiza os Evangelhos e estabelece uma norma que era prática e possível para milhões de seguidores.

Quando Bento escreveu a Regra, não havia Ordem Beneditina. Havia monges em abundância no Oriente e no Ocidente. Havia regras que precederam a Regra de Bento. São Basílio escrevera uma regra; Santo Agostinho estabelecera uma regra que era seguida pelos cânones regulares; Columbano e os mosteiros irlandeses tinham uma regra.

Bento não apenas pensou em novos mosteiros, mas também no governo correto daqueles que já existiam. Ele havia vivido a vida de um asceta e ainda assim condenava o individualismo ao criar seu conceito de família monástica cristã.

A Regra era um mínimo capaz de ser obedecida por todos. Bento não se propôs a regenerar a sociedade humana. Ele não faz promessas quanto aos resultados. Ele não tinha planos grandiosos. Ele nos diz francamente que está escrevendo um guia de santidade para iniciantes. Toda a sua vida refuta a sugestão de que ele estivesse consciente de qualquer impressão que sua pessoa pudesse deixar na sociedade.

Ele nunca se colocou à frente. Não deixou escritos, exceto a Regra. Nunca recebeu o sacerdócio. Certamente ele nunca planejou um sistema escolar, nunca planejou preservar os clássicos da antiguidade, nunca planejou pontilhar a Europa com catedrais e mosteiros, nunca planejou a conversão de um continente, nunca sonhou com sua influência nas instituições e nunca planejou a regeneração do mundo ocidental.

A divina reverberação do êxito em sua obra é mais uma prova de que Deus gosta de edificar sobre o nada.

Para ler a série completa “…Forward to Benedict”