Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est
Meio século atrás, o Papa Paulo IV impôs uma reforma litúrgica para toda a Igreja em nome do Concílio que acabara de terminar. Assim nasceu a missa do Vaticano II. Ela foi imediatamente rejeitada por dois cardeais e desde então a oposição contra ela não enfraqueceu. Esse triste aniversário é uma oportunidade para traçar sua história.
Antes de considerar-se a reforma litúrgica de Paulo VI e a nova missa, vale a pena recontar a história do Missal Romano, porque sua reforma alega ser o desenvolvimento homogêneo do passado. O que é absolutamente questionável. Uma revisão histórica facilita a pesrpectiva geral.
A primeira e segunda parte dessa visão geral histórica recontou o desevolvimento do Missal Romano, o ora trabalho do Concílio de Trento do Papa São Pio V, até o século dezesseis. Vamos considerar agora a evolução da liturgia no período que se seguiu.
O Século XVII
A difusão da liturgia Tridentina fora geral em um primeiro momento. Entretanto, na segunda fase, o despertar de particularidade provocou um certo retorno à divisão que reinava anteriormente ao Concílio de Trento, especialmente na França.
Esse país alegremente aceito os livros Romanos publicados pelo Concílio de Trento e mesmo contribuiu para o início dos estudos litúrgicos.
Entretanto no último terço do século XVII, um movimento neo-galicano começo a emergir, o qual Dom Guéranger corretamente descreveu como sendo de “um desvirtuamento litúrgico”. Foi, ademais, quase exclusivamente na França que esse ataque à unidade litúrgica, promovido pelo Concílio de Trento, se desenvolveu.
Alguns bispos, inspirados por sentimentos Jansenistas ou Galicanos e contrários à lei litúrgica vigorante naquele tempo, queriam reformar o missal, o breviário, e os outros livros litúrgicos. Eles modificaram, adicionaram , retiraram e compuseram novos textos litúrgicos. Os autores, às vezes os menos recomendáveis, eram convidado a compor breviários e missais nos quais era fácil inserir furtivamente os erros de suas ideias ou, mais simplesmente, manifestar ostensivamente esse espírito.
O rito de Alet, o breviário de Viena, o missal e o breviário de Paris e de várias outras dioceses foram retrabalhados e, em mais de um caso, erros Jansenistas ou Galicanos penetraram furtivamente nesses livros.
Os Missais diocesanos franceses no século XVIII
Outro inconveniente foi a introdução de diferenças significativas entre dioceses, de tal modo que , ao tempo da Revolução Francesa, a confusão estava em seu auge.
Entretanto, nunca houve qualquer questão de tocar no Ordo Missae do Missal Tridentino. Essa preocupação era tal que o bispo de Troyes [cidade francesa], um sobrinho de Bossuet desencadeou uma tempestade [de escândalos] em 1736 quando ele decidiu dizer o Canon em ‘submissiori voce’ (um voz mais baixa do que as outras partes da Missa) ao invés de em ‘secreto’ (em voz baixa) e propôs remover a cruz e as velas do altar.
Os missais diocesanos Francês e o Franco-Romano foram publicados entre 1680 e 1840, de uma maneira um tanto anárquica. Das 139 dioceses da França, em 1790, 57 tinham uma liturgia especial desde o fim do século XVII e mais de 80 dioceses haviam abandonado a liturgia Romana às vésperas da Revolução. Desses ares de reformanasceram duas famílias de missais.
Um modelo era o Missal Parisiense de 1738
Esse missal permanece em continuidade com o Missal Romano. Ordinariamente as leituras e colectas não haviam sido modificadas. Por outro lado eles abrandaram com o Gradual, as Secretas, as pós -comunhões e o comum dos santos; as missas ‘ad diversa’ (para circunstâncias especiais) foram alvo de mudanças substânciais. O número de prefácios foi aumentado: prefácios para o Advento, Quinta feira Santa, para o Santíssimo Sacramento, dedicação (de uma igreja), todos os Santos, Santos patronos e para os mortos. Ele ainda vigora hoje nas dioceses da França.
Só o Missal Parisiense de 1738 foi adotado em mais de 50 dioceses nos séculos XVIII e XIX, mas a maioria foi publicada sob seu respectivos nomes com variações locais. Menos generalizados foram os vários ‘missais temáticos’ inspirados pelo Missal de Troyes de 1736. As formas eram escolhidas de acordo com o Evangelho, que usualmente permanecia idêntico ao do Missa Romano. Mas, quanto ao resto, eles apresentavam mais mudanças radicais e aumentando a distância entre si e o Rito Romano. O ponto de vista era frequentemente moralista uma vez que os bispos de então eram mais atenciosos à moralidade do que ao dogma.
Embora essa influência do Galicanismo ou do Jansenismo nessa adaptação francesa do espírito Tridentino não deva ser exagerada, a unidade desejada pelo Concílio de Trento foi comprometida, ao menos na França
Além do mais, a influência do espírito do Iluminismo e racionalismo levaram certas mentes a conceitos muito mais modernos: liturgia em vernáculo, simplificação dos ritos para retornar à pureza primitiva, a busca pela “autenticidade” contra um chamado ‘ritualismo’, participação ativa dos fiéis, eliminação da vida de santos considerados míticos, diminuição da veneração Mariana e da reverência para com o papado.
Dessa forma, Pierre Jounel pôde escrever que as reformas do Vaticano II foram amplamente dependentes do movimento de revisão dos livros litúrgicos dos séculos XVII e XVIII. Mas o que ele escreveu como um cumprimento é na verdade uma acusação