A AJUDA DA FAMÍLIA NO DESPERTAR DAS VOCAÇÕES

Instrumentos e cooperadores da Providência, o pai e a mãe devem ter uma fé profunda e fundamentada na grandeza, na dignidade transcendente, no poder divino do sacerdócio.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

A cooperação dos pais está inteiramente em ordem ao estudo e determinação de um estado de vida, seja um estado comum ou um estado mais especial e santo. É em conformidade com a lei natural que distribuem em torno deles os conselhos da sua experiência e do seu afeto. Essa cooperação tem seu papel na investigação, no despertar e no cultivo de disposições nascentes. Instrumentos e cooperadores da Providência, o pai e a mãe devem ter uma fé profunda e fundamentada na grandeza, na dignidade transcendente, no poder divino do sacerdócio e saber apreciar a honra que lhes é devida ao adentrarem em sua casa.

Seu primeiro dever é presidir com delicadeza ao despertar dos desejos que se manifestam e estimular seu desenvolvimento. Que eles imitem com fé aqueles pais que vieram ao encontro de Jesus nas fronteiras da Judéia, na margem direita do Jordão, colocando seus filhos em seu caminho, para que ele se dignasse impor-lhes as mãos. Jesus tomou em seus braços essas crianças cheias de inocência e candura, pôs-lhes a mão sobre suas cabeças, para abençoá-las e como que para torná-las suas.

Normalmente, uma determinação dessa natureza não se manifesta de uma só vez, em toda a sua extensão, mas é descoberta pouco a pouco. Deus semeia aptidões para o sacerdócio, e compete aos pais auxiliar os desígnios de Deus.

São Gaudencio, Bispo de Brescia, já o dizia no final do século IV: “Os pais, sem dúvida, não podem ordenar a seus filhos um estado que implique continência perpétua, pois isso só pode ser o efeito de determinação voluntária; mas podem nutrir e direcionar a vontade na direção do que é melhor; para isso devem advertir, exortar, favorecer, mostrar-se mais desejosos de entregar seus filhos a Deus do que ao mundo, de modo que forneçam na pessoa de alguns de seus parentes, incorporados à ordem do clero, ministros dignos do altar, pois está escrito: Bem-aventurado aquele que tem sua descendência em Sião, e os membros de sua casa em Jerusalém!”

A contribuição das famílias entra na economia dos preparativos providenciais e torna-se um coadjuvante ao desígnio divino.

Compete à mãe cristã exercer um papel preponderante neste mistério das maravilhosas diligências do Céu. Sua autoridade suavemente se insinua no coração da criança e opera em harmonia com as influências secretas da graça. Ao longo dos séculos de fé, mulheres de piedade e alta virtude, que foram a glória dos lares cristãos, não acreditaram estar gerando vocações forçadas, convidando seus filhos a compreender a beleza do chamado ao sacerdócio e a dirigir o olhar de suas almas para este ideal.

O grande erro do nosso tempo, escreveu o Cardeal Pie, é que a vocação eclesiástica, em vez de ser encorajada e defendida, deve antes de tudo ser contrariada e combatida: de modo que, à força de os experimentar, as vocações que não são daquelas que uma força transcendente do alto faz triunfar sobre todos os obstáculos são habitualmente mortas.

Pe. Le Floch, As elites e o sacerdócio, p. 33–37, Extratos