A COMUNHÃO AOS DOENTES

A Eucaristia chega àqueles que não podem ir a ela. 

A visita domiciliar do padre proporciona verdadeiro conforto moral e espiritual aos doentes.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Frequente nos primeiros séculos do Cristianismo, a prática da comunhão sacramental evoluiu largamente ao longo do tempo antes de encontrar nova relevância com o Papa São Pio X.

Nos séculos VII e VIII, tanto no Ocidente como no Oriente, os cristãos mais praticantes limitavam-se em comungar três vezes por ano: na Páscoa, no Pentecostes e no Natal. Em 1215, o IV Concílio de Latrão chegou a impor a obrigação da confissão anual e da comunhão pascal. É compreensível que, nessas condições, os indivíduos saudáveis se absterem de comungar, apenas os moribundos recebiam o viático.

Na França, durante o renascimento espiritual e pastoral que marcou o século XVII, o conforto moral dos enfermos tornou-se prioridade à comunidade paroquial. O Ritual, promulgado pelo Papa Paulo V em 1614, oferecia uma forma litúrgica bem desenvolvida para a visita aos enfermos. Os padres tinham a preocupação de permitir-lhes comungar pelo menos na Páscoa, mas nas paróquias mais observadoras prevalecia o costume de visitar metodicamente todos os doentes, três ou quatro vezes por ano, raramente mais, para confessá-los e dar-lhes a Eucaristia. Como o Ritual nos lembra (título 4, capítulo 4, nº 3), o pároco deve exortar os doentes a receberem a Sagrada Comunhão, especialmente nas proximidades de uma grande Festa, e não deve se recusar a cumprir ele mesmo esse serviço.

Essa ainda era a prática na maioria das paróquias francesas há cerca de 50 anos. Como o Pentecostes era muitas vezes negligenciado por causa de sua relativa proximidade com a Páscoa, a dupla visita pastoral era geralmente programada para a Páscoa e o Natal, às quais se acrescentavam muitas vezes o Dia da Assunção e de Todos os Santos. Além dessas datas, quando os doentes deviam jejuar a partir da meia-noite, até mesmo dos remédios, o padre, que tinha a prerrogativa, só levava a Eucaristia aos moribundos no viático. É também em torno do viático que se desenvolve o rito de comunhão dos enfermos.

Na Bretanha, na década de 1930, o padre ainda se dirigia à cabeceira do doente de sobrepeliz e estola, acompanhado por uma criança com uma lanterna encimada por um sino onde, ao passarem, os fiéis ajoelhavam-se à beira do caminho. Quando chegava à casa do doente, todos os vizinhos estavam lá para recebê-lo, e isso continuava a acontecer quando o padre precisava dirigir seu carro para se locomover. Por vezes, seu carro carregava um galhardete eucarístico.

Como em qualquer visita importante, a chegada do sacerdote levando as Espécies Sagradas não deve ser improvisada por parte do doente. Espiritualmente, é claro, é oportuno preparar-se para isso através da oração e do exame de consciência antes de uma possível confissão, mas há uma preparação material imediata que não deve ser negligenciada.

Por exemplo, de acordo com as prescrições do Ritual, uma mesa coberta com uma toalha branca deve ser preparada no quarto do paciente, onde o Santíssimo Sacramento pode ser colocado de maneira decente. Também é aconselhável preparar um crucifixo cercado por duas velas, um vaso com água e, se possível, adornar o local com flores, por exemplo.

Obviamente, por consideração ao Santíssimo Sacramento, os presentes devem demonstrar sua grande veneração pela Eucaristia de maneira apropriada, evitando qualquer conversa inútil ou ruídos incômodos que prejudicaria o recolhimento do doente: que não se esqueça, nesse sentido – como na igreja – de colocar o celular no modo silencioso, nem de desligar o rádio ou a TV!

Quando o sacerdote partir – e não está proibido compensá-lo pela quilometragem percorrida, já que os carros ainda não funcionam com água benta – o doente deve prosseguir com sua ação de graças, agradecendo a Deus pelas insignes graças recebidas nessa comunhão em casa.

Oração do sacerdote que entra na casa do doente que visita

“Pax huic domui. – Et omnibus habitibus in ea. Paz a essa casa. – E a todos aqueles que nela habitam.
Ouvi-nos, Senhor, Pai Santo, Deus eterno e Todo-Poderoso, e dignai-vos enviar do Céu o vosso santo anjo, para guardar todos os que habitam nessa morada, para os cercar e proteger, os visitar e defender. Por Cristo nosso Senhor. Amém.”

Pe. Jean-Baptiste Guyon, FSSPX