A IGREJA É SEMPRE BELA AOS OLHOS DE QUEM A AMA

Como a Igreja é bela e digna de ser amada! A Igreja brota de uma eternidade de glória em Deus para aí retornar e reencontrar uma glória que não tinha e que adquiriu em Jesus Cristo ao morrer em obediência à caridade. 

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Ela é bela e gloriosa como Maria e digna de ser amada como ela. É por meio dela que somos salvos. Foi sua obediência à caridade que nos abriu as portas da salvação. É a obediência a Maria, ecoando a de Jesus Cristo, é a obediência de toda a Igreja que nos abre as portas da glória. 

Devemos amar a Igreja, sempre bela e gloriosa por trás das desfigurações que a malícia ou a fraqueza de seus filhos lhe infligem. Devemos amá-la com o mesmo amor que nos atrai a Jesus Cristo, pois ela é seu Corpo: sem dúvida, somos comovidos pelos sofrimentos de Jesus Cristo, como a Paixão da Igreja não poderia nos comover? Como a Paixão da Igreja poderia nos distanciar dela? Pelo contrário, devemos amá-la ainda mais porque ela sofre e está desfigurada, porque parece perdida, porque não podemos mais ouvir sua voz eterna, não podemos mais ver seu brilho reconfortante, ela parece adormecida, invadida pela morte, entregue ao príncipe deste mundo. 

Devemos amar e acreditar na Igreja, aprender a ver sua face divina e imutável por trás dos pecadores que a compõem. Creiam na Igreja e façam-na viver, orgulhosos e felizes por serem seus filhos.

A Igreja é sempre bela aos olhos daqueles que a amam. E não é amá-la duvidar de sua santidade e desesperar de sua vitória! 

Ouçam! Eis o silêncio! É a noite da Igreja! Os homens silenciaram-na, ela perdeu o jogo. Mas, ouçam! Lá, nas profundezas de seu sofrimento, no coração de sua morte, nas profundezas de seu silêncio, ela se juntou à grande noite Daquele cujo Corpo ela é, a noite que prepara a hora em que Ele se levantará em sua onipotência para provar sua vitória. Ouçam o seu coração bater em seu silêncio. Ela não diz nada, mas espera o momento certo. Amanhã, talvez, se, como Maria, dermos vida à Igreja através da nossa fé e da nossa esperança, sim, amanhã, talvez, a Igreja se erguerá bela, majestosa, transfigurada, em todo o esplendor da sua santidade e da sua glória, para nos levar consigo até o seio de Deus, ao lado de Maria, entre os anjos e os bem-aventurados, para ali chorar sem fim o único e eterno soluço de amor e de gratidão. […]

Sim, abençoada noite da Igreja, quando a fé, para sobreviver, deve se tornar mais verdadeira, quando o amor é purificado das atrações da sensibilidade para se tornar uma oração mais ardente. […]

Noite abençoada, onde ela parece derrotada pelo mundo e pelo ódio, mas onde o Verbo divino permanece vivo nela para mantê-la bela e forte em seu corpo ferido e deslocado. Em sua noite, Ele se prepara para viver nela sua ressurreição. 

Quando a Igreja atingir o limiar do seu terceiro dia, Ele mesmo virá para conduzi-la da noite para o brilho do dia que nenhuma noite jamais interromperá novamente. 

Pe. Michel Simoulin, FSSPX

Fonte: A Igreja atual e a Eterna, Conferências da Quaresma em Saint-Nicolas-du-Chardonnet, Fideliter ed., 1982.