A VERDADEIRA HUMILDADE – PALAVRAS DE D. LEFEBVRE

Fonte: FSSPX México – Tradução: Dominus Est

Acima do conceito da obediência, da vida comunitária, do apostolado e da própria santidade, ressalta agora a vocação pessoal, o carisma e a dignidade da pessoa humana, exigindo respeito pelas ideias e pelas orientações pessoais. Como conciliar essa concepção com a humildade? 

A alma humilde – diz nosso Venerável Padre François Libermann – é doce na obediência e obedece sem dificuldade e sem contestar, porque não se apega a sua própria vontade. A humildade é a mãe da regularidade, o apoio da união interna e a mais forte garantia de subordinação.

É evidente que Nosso Senhor nos ensinou a mesma doutrina: “Aprenda comigo, que sou manso e humilde de coração“. “Todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado“.

Quantos textos poderiam ser citados da parte dos Apóstolos e, em particular, o exemplo de Nosso Senhor, do qual fala São Paulo na segunda Epístola aos Filipenses: “Se humilhou fazendo-se obediente até a morte … pelo qual também Deus o exaltou acima de todas as coisas“. É também a lição da Santíssima Virgem, quando cantou as bondades que Deus tivera com ela: “Porque olhou a humildade de sua serva“. 

Todos os santos deram um exemplo vivo dessa virtude, que é condição indispensável para a presença de Deus em uma alma. Santo Tomás de Aquino disse que esta virtude “remove obstáculos e nesse sentido ocupa o lugar principal na medida em que elimina o orgulho, na qual Deus resiste, e torna o homem obediente e sempre submisso para receber o influxo da graça divina eliminando o inchaço do orgulho.”

É claro, então, que toda reforma e aggiornamento  que não vá no sentido de uma maior humildade e uma grande abnegação de nossa própria vontade e amor próprio, acaba com a virtude da obediência e, de fato, com o verdadeiro espírito de comunidade e de oração

A virtude da humildade é o segredo do verdadeiro apostolado, uma vez que a alma humilde vê e julga todas as coisas segundo o espírito da fé e a visão de Deus. Portanto, é paciente, compreensiva e misericordiosa com corações que parecem fecharem-se à graça, mas não é menos perseverante na ação, e sempre otimista, tanto no sucesso como no fracasso.

O humilde apóstolo descobrirá, como por instinto sobrenatural, os caminhos e métodos apostólicos que levam em si a graça do Espírito Santo. Estará mais inclinado à oração do que à discussão e tenderá mais ao exercício da virtude do que fazer exposições didáticas.

Procuremos não nos deixar levar por essas tendências modernas que contestam até mesmo a autoridade mais legítima, que sentem horror de toda a hierarquia e que instintivamente se levantam contra a fé, composta toda ela de autoridade. Tudo isso vem do espírito maligno e não do Espírito Santo.

Procure, pois, estabelecer-se solidamente nesta bonita e importante virtude. Com ela, todas as outras serão fáceis.

Cartas Pastorais e Escritos – Mons. Marcel Lefebvre