De acordo com alguns relatos, certos Padres impedem que seus fiéis se ajoelhem durante o cânon da Missa. O pretexto invocado: “Cristo ressuscitou”. Não se entende por que a realidade da Ressurreição deveria impedir a adoração eucarística. A menos que não se tenha mais fé na Presença Real.
A genuflexão, seja de um ou dois joelhos, acompanhada ou não da inclinação da cabeça ou do corpo, seja ela anterior à prostração parcial ou total, é um sinal de adoração que tem sido onipresente através dos séculos, civilizações e religiões em geral. Genufletir diante do Santíssimo Sacramento é uma confissão inequívoca de nossa fé na presença de Cristo nas Espécies Eucarísticas.
Recordemos o famoso milagre de Santo Antônio de Pádua. Um herege que se recusou a acreditar na presença de Jesus na Eucaristia lhe ofereceu o seguinte desafio: Depois de fazer jejuar sua mula por três dias, ele lhe apresentaria uma pilha de forragem de um lado e o Padre franciscano apresentaria a Hóstia do outro lado. No dia, na praça principal da cidade, uma grande multidão pôde ver a mula afastar-se da comida desejada e ir prostrar-se diante do Santíssimo Sacramento. E o herege se converteu.
Não esqueçamos que a atitude do povo nas igrejas é uma pregação silenciosa que ensina o visitante antes mesmo de ele ter aberto um catecismo.
Na mesma linha, a realidade da Ressurreição deve impedir a devoção ao Menino Jesus? Não. É bem conhecido que Santo Antônio de Pádua, chamado Santo Antônio de Lisboa (em referência ao seu nascimento) em nosso país, tinha uma profunda devoção ao Menino Jesus.
Na região de Limousin, no centro-oeste da França, o senhor de Châteauneuf estava oferecendo hospitalidade ao nosso santo, e durante a noite, ao passar pelo seu quarto, ele viu uma luz brilhante que vinha dali. Movido pela curiosidade, ele olhou através das fendas da porta e viu Santo Antônio transfigurado, segurando o Menino Jesus em seus braços, seu rosto brilhando de luz e o banhando de carícias.
Em seus sermões, o Doutor franciscano explica que a vinda do Salvador marca a plenitude dos tempos (cf. Gl 4,4), porque “desde a queda de Adão até a vinda de Cristo, foi um tempo vazio; de fato, Jeremias disse: ‘Olhei para a terra, e eis que estava vazia’ (Jer 4,23), porque o diabo tinha destruído tudo”.
O que foi destruído pelo pecado, o novo Adão vem restaurar pela graça; no mundo e em cada um de nós. Santo Antônio enfatiza como a infância do Salvador mostra a doçura amorosa com que Deus deseja realizar esta reconciliação: “Se insultas uma criança, se a provocas com um insulto, se a espancas, mas depois lhe mostras uma flor, uma rosa ou outra coisa qualquer, e enquanto lha mostras fazes o gesto de dar-lha, ela já não se lembra do insulto que recebeu, sua raiva passou, e ela corre a abraçar-te. Portanto, se você ofende Cristo com um pecado mortal e lhe faz qualquer outro insulto, mas depois lhe oferece a flor da contrição ou a rosa de uma confissão banhada em lágrimas – as lágrimas são o sangue da alma – ele não mais se lembra de sua ofensa, perdoa sua culpa e corre para abraçá-lo”.
O Natal, então, é o beijo de Deus para seus filhos arrependidos. Feliz é a alma que prepara-se para tal alegria com um Advento de sincera penitência.
Que o Menino Jesus os abençoe a todos.
Os padres do Priorado lhes desejam um feliz Natal.
Padre Jean-François Mouroux, Prior
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