
Caros fiéis,
Tudo o que acontece na Europa tem repercussões nas Américas. Portanto, prestemos atenção.
A Revolução Francesa foi o fruto de duas correntes anticatólicas violentas: o Protestantismo, fundado por Lutero no século XVI, e a Maçonaria, fundada na Inglaterra em 1717. Assim como o Édito de Constantino em 313 e o batismo de Clóvis em 496 inauguraram uma sociedade abertamente cristã — o cristianismo emergindo das catacumbas e triunfando sobre a barbárie —, de modo parecido em 1789 inaugurou-se uma sociedade maçônica anticristã. Um dos pilares dessa nova sociedade é o laicismo: uma ideologia política que promove a exclusão da religião de todas as instituições públicas. O discurso oficial é sedutor: os conflitos surgem quando todos querem impor sua verdade, especialmente em questões religiosas; portanto, mantendo-se neutro, o Estado garante a paz. Na prática, isso significa que o Estado não reconhece nenhuma religião. Ele, portanto, comete uma profunda injustiça ao descartar a única religião verdadeira e age gravemente contra o bem comum ao conceder às falsas religiões os mesmos direitos que a verdadeira. Nesse sistema, a verdade é desprezada e o homem é superior à divindade. E na raiz dessa rebelião insensata, sabemos quem manipula o homem: Satanás. Em última análise, essa paz maçônica oferecida pelo mundo é uma paz diabólica. O laicismo é uma arma de guerra contra o cristianismo. Aqueles que não compreenderam isso pensam que podem usá-lo contra o islamismo, que está invadindo a Europa. Na realidade, o islamismo é outra arma contra o cristianismo, e essas duas armas são usadas juntas para a destruição da cristandade.
O Papa Pio XI compreendeu perfeitamente tudo isso quando declarou, em 11 de dezembro de 1925, na encíclica Quas Primas: “A peste do nosso tempo é o laicismo”. E ele explica o desenvolvimento insidioso desse flagelo: “Começou-se, primeiro, a negar a soberania de Cristo sobre todas as nações; negou-se, portanto, à Igreja o direito de ensinar ao gênero humano, de legislar e reger os povos em ordem à eterna bem-aventurança. Aos poucos, foi equiparada a religião de Cristo aos falsos cultos e indecorosamente rebaixada ao mesmo nível. Sujeitaram-na, em seguida, à autoridade civil, entregando-a, por assim dizer, ao capricho de príncipes e governos. Houve até quem pretendesse substituir à religião de Cristo um simples sentimento de religiosidade natural. Certos Estados, por fim, julgaram poder dispensar-se do próprio Deus e fizeram consistir sua religião na irreligião e no esquecimento consciente e voluntário de Deus”.
Após a Primeira Guerra Mundial, o 259º Papa encorajou as pessoas a “buscar a paz de Cristo no Reino de Cristo”. Sabemos que seu apelo seria amplamente ignorado e que uma guerra ainda pior se seguiria. Mas o pior ainda estava por vir. Durante o Concílio Vaticano II, que Dom Lefebvre chamou de Terceira Guerra Mundial, a própria Igreja permitiu-se ser contaminada por uma busca pela paz sem a realeza de Cristo. Em linguagem teológica, o laicismo assume os nomes de liberdade religiosa, diálogo inter-religioso ou ecumenismo. Palavras diferentes para significar a mesma realidade: destronar Nosso Senhor Jesus Cristo para apaziguar aqueles que não querem reconhecer sua soberania. Dom Lefebvre analisou esse processo em seu livro “Eles o Descoroaram” (publicado em português com o título “Do Liberalismo à Apostasia: a tragédia conciliar”) – CLIQUE AQUI PARA LÊ-LO.
Quer queiramos, quer não, o Menino nascido na manjedoura de Belém é o Príncipe da Paz. Ninguém além d’Ele pode apresentar-Se ao mundo dizendo: “Eu sou a Luz do mundo. Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Ele é o único Salvador. Não há outras opções. Através da voz dos anjos, Ele nos diz: “Paz na terra aos homens de boa vontade”; isto é, àqueles que respeitam a vontade de Deus, Criador e Senhor de todas as criaturas. Essa vontade divina escolheu trazer o Redentor à luz de uma mulher, a Santíssima Virgem Maria, dotada de privilégios extraordinários que ninguém pode negar sem se opor Àquele que os concedeu.
Cada pessoa tem um rei. A questão é: qual?
Os Padres do priorado desejam-lhes um santo e feliz Natal!
Deus os abençoe.
Padre Jean-François Mouroux, Prior