– Padre, no boletim de outubro, o seu artigo explicou por que os brinquedos infantis com imagens de santos não devem ser usados. Agora, há outra questão que me preocupa: meu filho mais velho, seus irmãos e irmãs brincam de Missa. Eles deveriam ser proibidos?
– Essa é uma boa pergunta! A Missa não é uma brincadeira e parece que não se deva permitir que as crianças a tratem como tal. Entretanto, a resposta não é tão simples. Ao longo dos séculos da história da Igreja, milhares de crianças, mesmo entre os santos, “brincaram de Missa”. Para as crianças, algumas brincadeiras são sérias e fazem parte do processo de aprendizado. Além disso, as crianças aprendem muito por imitação. Em vez de “brincar de Missa”, a expressão “reproduzir a Missa” seria mais precisa. Nesse contexto, não parece errado que as crianças reproduzam a Missa à sua própria maneira. O importante é que essa atividade seja respeitosa e diferente das outras brincadeiras. Se um menino joga futebol com sua casula ou chicoteia sua irmãzinha com o cíngulo, obviamente, isso é uma falta de respeito, que deve ser punida. Da mesma forma, a encenação da Missa não deve se transformar em uma brincadeira ou desordem geral: há uma diferença entre o desrespeito e a ingenuidade dos gestos e palavras das crianças. As crianças fazem o melhor que podem, de acordo com suas habilidades. O resultado geral deve ser o crescimento da piedade e da estima pela verdadeira Missa da qual participam todos os domingos. Somente dessa forma é permitido “brincar de Missa”.
Esse interesse pela Missa poderia ser um sinal de uma futura vocação. Os pais devem respeitar esses bons interesses em seus filhos, mas não exagerá-los!
As crianças mudam muito até chegarem à idade adulta, e devem permanecer livres em sua resposta à vocação.
Neste mês de novembro, vamos falar um pouco sobre o dever da piedade filial para com os avós. Se eles ainda estiverem vivos, sua saúde espiritual deve nos preocupar tanto quanto, ou até mais, do que sua saúde física. Toda a família deve orar por eles, especialmente se precisarem se converter e, principalmente, no momento de sua agonia. Se eles já tiverem morrido, lembremos que precisam de nossas orações e sacrifícios para saírem do purgatório. Não nos esqueçamos de mandar celebrar Missas por eles. Quando estiverem no céu, eles terão o dever de ajudar os vivos por meio de sua intercessão junto a Deus. Sua memória nos lembra de nosso destino eterno. Para nos lembrarmos deles, recomendamos enfaticamente que visitemos seus túmulos pelo menos uma vez por ano. Se possível, no início de novembro, quando a Igreja nos permite ganhar indulgências pelos mortos.
Refletir sobre a morte é benéfico em todas as fases da vida. São Gabriel da Virgem Dolorosa foi um religioso passionista, italiano, que morreu de tuberculose em 1862, aos 24 anos de idade. Nascido em uma família de treze filhos, ele se deparou com a morte de vários de seus irmãos e irmãs, além de sua mãe. Quando lhe perguntaram, enquanto religioso, como ele alcançou a perfeição em todas as coisas, ele respondeu que fazia tudo como se fosse morrer no momento seguinte.
Que as almas dos fiéis defuntos descansem em paz e nos ajudem a alcançar a mesma felicidade!
Padre Jean-François Mouroux, Prior