Caros fiéis,
Depois da Páscoa, quando os padres do priorado estavam visitando a Basílica de Nossa Senhora do Pilar em Ouro Preto, um guia chegou. Ele explicou ao seu grupo de turistas que o barroco era uma espécie de teatro organizado pela Igreja para evitar a perda de fiéis para o protestantismo. Tomei a liberdade de chamá-lo à atenção para a essência da Contra-Reforma. Ele não gostou, porém mais tarde um homem do grupo veio até mim para me agradecer, dizendo que o guia havia dito tantas coisas contra a Igreja que dava vontade de abandoná-la.
Em agosto, em outra igreja, São Francisco de Paula, na mesma cidade, um jovem guia aproximou-se de mim. Ele apontou para o altar de São Miguel e disse: “Veja, ele está pisoteando um homem negro porque os negros não podiam ser batizados naquela época! Atônito, respondi: “Mas, na cidade, há a igreja de Nossa Senhora do Rosário, que era reservada aos escravos. Qual era a utilidade disso se eles não eram batizados? O que os missionários faziam na África se não batizavam? E os santos negros como São Benedito, como poderiam ser canonizados sem serem batizados?” O pobre homem não sabia o que responder. Quantas vezes essas mentiras foram repetidas? Centenas, milhares?
Isso nos faz lembrar Voltaire, o famoso anticlerical francês do século 18, que disse: “Minta, sempre minta, algo restará disso”. Também nos lembra Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler. Ele disse: “Quanto maior a mentira, mais ela é aceita. Quanto mais vezes for repetida, mais as pessoas acreditarão nela”. Infelizmente, isso é verdade. Reconheçamos a esperteza e a perseverança dos nossos inimigos. Diante das mentiras repetidas, não nos cansemos de proclamar a verdade. Conhecer nosso catecismo e a história da Igreja é essencial, se quisermos cumprir nosso dever de defender a fé.
Pensem nas pobres vítimas dessas mentiras. É óbvio que esses guias turísticos estão simplesmente repetindo o que lhes foi ensinado. O mais lamentável é que eles transmitem o ódio a Igreja inspirado por seus inimigos que se apresentam como antirracistas. A verdade é que eles estão interessados nos negros para colocá-los contra os brancos, nos pobres para colocá-los contra os ricos. Instrumentalizam politicamente as diferenças para criar conflitos e fazer a revolução. Essa é a divisão e a destruição desejadas pelo mestre supremo dos anticlericais: Satanás. Essa relação foi perfeitamente expressa na exposição blasfema denunciada no boletim anterior.
Em março de 1931, seis meses após o triunfo eleitoral do partido nazista, os bispos da província de Colônia advertiram contra as novas teorias raciais: “Nós, católicos, não conhecemos nenhuma religião de raça, mas apenas a revelação de Cristo, que é obrigatória para o mundo, que trouxe a todos os povos a mesma fé, os mesmos mandamentos, as mesmas instituições restauradoras. Que cada povo e cada tribo, neste reino de Cristo Rei, traga à sua plenitude o que eles levantaram, cada um em sua singularidade.”
Onde Lúcifer divide, a Igreja une. A Igreja não está preocupada com a cor dos corpos, mas com o estado das almas. Ela tem distribuído os mesmos sacramentos e ensinado a mesma doutrina a todos há 2.000 anos. É por isso que ela é católica, ou seja, universal.
Sigamos o conselho de São Paulo a Timóteo: preguemos a tempo e a contratempo, com toda a paciência e sempre instruindo. A salvação de muitas pessoas ignorantes depende do nosso zelo. Vamos tirá-las das redes de nossos inimigos e torná-las católicas convictas.
Que Deus os abençoe.
Padre Jean-François Mouroux, Prior