BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – SETEMBRO/23

História de São Miguel Arcanjo

Caríssimos fiéis,

Neste mês, comemoramos a festa de São Miguel Arcanjo. No início de outubro, comemoraremos os Santos Anjos da guarda.

A devoção aos Santos Anjos é muito importante. Como os homens passam cada vez mais tempo diante das telas – muitas vezes para mergulhar no mundo artificial dos jogos ou filmes – é importante lembrar que há, realmente, um mundo invisível: o dos espíritos.

Um dia, conheci um idoso, supostamente católico, que me disse que não acreditava em anjos. Ora, não crer nos anjos é grave! Negar a existência dos anjos é negar a verdade da Sagrada Escritura, na qual sua presença é constante; desde os querubins que guardam a entrada do Paraíso terrestre, até os anjos que resgatam São Pedro de sua prisão, passando pela Anunciação, a Natividade de Nosso Senhor e muitos outros episódios.

Negar a existência dos anjos é também rejeitar os dois mil anos do Magistério da Igreja. O Quarto Concílio de Latrão afirma a existência dos anjos; e também diz o Concílio Vaticano I: “Desde o início dos tempos Deus criou do nada dois tipos de criaturas, a espiritual e a corpórea, ou seja, os anjos e o mundo”.

Ademais, negar a existência de anjos é opor-se ao bom senso. Ao longo dos tempos, todos os povos reconheceram a existência de espíritos inferiores ao Deus supremo, que interagem constantemente com o homem e o mundo. Na escala das criaturas, o anjo está no cume; portanto acima do homem. Ele é racional como nós, mas puro espírito como Deus. Também como Deus, ele não tem corpo. Nós não vemos os anjos, mas eles existem.

A devoção a eles nos lembra dessa parte puramente espiritual do universo, composta não somente pelos anjos, mas também pelas almas de todos os fiéis que partiram, estejam eles no céu, no purgatório ou no inferno. A devoção aos Santos Anjos é importante porque nos lembra de nosso próprio futuro. Como os homens, que vieram posteriormente, os anjos foram criados num estado de inocência, felizes com toda a felicidade que convinha à sua natureza. Mas não deveriam permanecer nesse estado. Eles foram destinados à felicidade sobrenatural, felicidade que consiste na visão eterna da essência divina e nas alegrias inefáveis das quais esta visão é a fonte. Esta felicidade deveria ser conquistada através da sua livre colaboração no plano da Providência.

A provação dos anjos foi humilhar sua razão diante da sabedoria de Deus; submeter suas vontades à vontade de Deus. Segundo a opinião de muitos teólogos, Deus lhes revelou o futuro mistério da Encarnação, apresentando-lhes o Verbo feito carne para sua adoração. Essa prova viria a ser, também, a dos homens: reconhecer a natureza divina de Nosso Senhor Jesus Cristo – a divindade que funda sua ação redentora – e consequentemente adorá-lo. Para nossa salvação, nenhum outro nome nos foi dado a não ser o de Jesus, como nos lembra São Pedro. Tal é a vontade divina, perante a qual nossa própria vontade deve se curvar. E os mistérios da Encarnação e da Redenção emanam do intelecto divino, perante o qual nossa razão humana deve se humilhar. Essa grande questão dividirá tanto os anjos quanto os homens em dois campos.

Um dos chefes do mundo espiritual, Lúcifer, recusou-se a obedecer a Deus. De acordo com uma passagem do Apocalipse, supõe-se que ele arrastou um terço dos anjos para sua rebelião. Sua reação foi consequência de seu enorme orgulho: “Serei como o Altíssimo!” A essa blasfêmia, o Arcanjo São Miguel respondeu: “Quem é como Deus?” Ele tomou a liderança dos anjos fiéis e, após uma grande batalha, triunfou sobre os rebeldes, que foram precipitados no inferno.

Tal luta continua todos os dias, em nossas sociedades e em nossas almas. Os demônios e seus servos trabalham contra o reinado de Cristo, aprovando leis e comportamentos contra os direitos de Deus. Sem cessar, tais espíritos sopram em nossos ouvidos as mesmas palavras com as quais Satanás provocou a queda de nossos primeiros pais: “Não morrereis”; “Sereis como deuses”. Orgulho, sempre o orgulho. O pai da mentira nos incita à revolta através do orgulho.

O antídoto para esse veneno é não esquecer nossa condição de criaturas mortais e imperfeitas, nossa condição de pecadores. Quando formos tentados a desconsiderar os mandamentos de Deus, peçamos a São Miguel que faça ressoar novamente sua venerável exclamação: “Quem é como Deus?”

Peçamos-lhe a coragem de combater o bom combate. Mais do que nunca, a devoção a esse santo Arcanjo e aos Santos Anjos é necessária. O poder do diabo cresce de modo insolente em nosso mundo apóstata. São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate!

Deus os abençoe a todos.

Padre Jean-François Mouroux, Prior

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