Os restos mortais dos três primeiros mártires católicos da Coreia foram descobertos em Wanju, perto de Jeonju, 243 Km ao sul de Seoul, relata a Eglises d’Asie (EdA), uma agência de notícias das Missões Estrangeiras em Paris.
Fonte: DICI – Tradução gentilmente cedida por um amigo ao Dominus Est
A identificação das relíquias foi anunciada no dia 1º de setembro pela Diocese de Jeonju numa coletiva de imprensa. “Nossa Igreja, que cresceu sobre as fundações postas pelo sangue derramado pelos mártires, finalmente descobriu os restos mortais daqueles que começaram a história dos mártires da Igreja na Coreia”, se regozijou Mons. John Kim Son-tae, Bispo de Jeonju.
Esses cristãos primitivos, dois irmãos e um primo, pertenciam a uma família nobre em Jeonju. Paulo Yun Ji-chung e Tiago Kwon Sang-yeon foram decapitados em 1791, e Francisco Yun Ji-heon foi enforcado, arrastado e esquartejado uma década depois em 1801, todos os três vítimas da perseguição anti-cristã na dinastia Joseon.
Paulo Yun Ji-sung foi batizado por Pedro Yi Seung-hun em 1787, depois de estudar a doutrina católica por três anos. Ele ensinou catecismo para sua mãe, seu irmão mais novo Francisco Yun e Tiago Kwon Sang-yeon, filho da irmã de sua mãe, e os introduziu à Igreja Católica.
Em 1790, quando Mons. Alexandre de Gouvea, Bispo de Pequim, promulgou um decreto proibindo as práticas ancestrais, Paulo Yun e seu primo Tiago Kwon queimaram o altar ancestral, e quando da morte de sua mãe no verão de 1791, a cerimônia funerária se deu de acordo com o rito católico e não o confuciano, de acordo com seu desejo. A Corte Real, tomando conhecimento, ordenou “a prisão de Yun Ji-chung e Kwon Sang-yeon”.
Eles defenderam sua fé com determinação e não proferiram uma só palavra que pudesse prejudicar a Igreja ou outros católicos. Paulo Yun, em particular, apontou artigo por artigo a irracionalidade do dos ritos ancestrais confucianos enquanto explicava a doutrina da Igreja Católica.
O governador de Jeonju submeteu suas declarações à Corte Real, que julgou dizendo que “Yun Ji-chung e Kwon Sang-yeon deveriam ser decapitados”. Em 8 de dezembro de 1791, Paulo Yun Ji-chung e Tiago Kwon Sang-yeon foram decapitados e morreram mártires enquanto rezavam a Jesus e Maria. Eles tinham 32 e 40 anos respectivamente.
O relatório do governador consignou sobre eles: “apesar dos corpos de Yun Ji-chung e Kwon Sang-yeon estarem cobertos de sangue, eles sequer gemeram. Eles se recusaram a renunciar a sua fé em Deus dizendo: “O ensinamento de Deus é muito verdadeiro, então nós não podemos desobedecê-Lo, apesar de podermos desobedecer a nossos pais e ao rei.” Eles disseram que é uma grande honra morrer por Deus sob a lâmina de uma faca”.
Francisco Yun Ji-heon, o irmão mais novo de Paulo, forçado a fugir depois de seu martírio, continuou a pregar o Evangelho. Preso em 1801 e submetido a terrível violência, ele não negou Cristo:
“Eu não posso abandonar a doutrina da Igreja, que eu amei tanto e que penetrou profundamente em meus ossos e é parte do meu próprio corpo. Eu morrerei por ela 10.000 vezes. Eu não tenho medo da lei nacional, porque eu firmemente acredito na doutrina do céu e do inferno”, ele escreveu. Martirizado, ele morreu em 24 de outubro de 1801 com 37 anos.