No final de um café da manhã divinamente preparado, Jesus Cristo confiou o cuidado da sua Igreja ao primeiro Papa.
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
Editorial do Pe. Benoît de Jorna, FSSPX
Não estávamos às margens do Lago Tiberíades quando, nas primeiras horas da manhã após sua ressurreição, Nosso Senhor Jesus Cristo convidou os Apóstolos a se alimentarem dos peixes que havia lhes preparado.
Esta cena maravilhosa do Evangelho é, particularmente, comovente. São Pedro, sempre ardente, logo que percebe que é a voz de Jesus chamando, atita-se no lago para nadar mais rápido que os demais discípulos. Mas, uma vez que todos chegam à margem, ficam espantados ao ver que o Deus feito homem teve cuidado de cozinhar alguns peixes sob brasas.
Café da manhã divinamente preparado
Sob o brilho pálido do sol nascente, no frescor da manhã, é possível ouvir o bater da água na margem e, depois de uma noite de trabalho, saborear o café da manhã habitual desses pescadores; ele foi preparado com um cuidado comovente e atenção divina: pão e peixe cozidos sob as cinzas. Que felicidade! Quanto tempo Jesus, o Criador do céu e da terra, demorou a preparar essa frugal refeição em benefício dos seus Apóstolos e especialmente do seu primeiro vigário, Pedro, a quem vai confiar, como aos seus sucessores, o cuidado de sua Igreja, essa sociedade visível e monárquica constituída para reunir todos os chamados e eleitos? Mesmo antes de essa sociedade ser formada, Pedro foi escolhido para alimentar as ovelhas do rebanho do Bom Pastor.
E no final daquela refeição, diante de todos os outros discípulos, Jesus pergunta: “Simão, filho de João, amas-me mais do que estes?” A pergunta é repetida três vezes. Cefas deve reconquistar o título que Jesus lhe tinha dado antes de ceder à carne e ao sangue. E três vezes Pedro responde: “Sim, Senhor, sabeis que vos amo”. A emoção de São Pedro é ainda maior do que durante a refeição matinal, durante o qual ninguém ousou perguntar a Cristo: “Quem sois vós?”, porque sabiam que era o Senhor.
Jesus, Deus eterno e todo-poderoso, disse três vezes a Cefas: “Apascenta os meus cordeiros; apascenta meu rebanho; apascenta minhas ovelhas.” E São Pedro finalmente se rendeu definitivamente ao seu Mestre, que tudo sabe, tudo prevê e tudo ordena para sua glória: “Senhor, vós sabeis tudo; sabeis que vos amo”.
Jesus, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, confia todo o seu rebanho ao primeiro papa para guiá-lo às pastegens da salvação. A função do Sumo Pontífice é definida em princípio: levar a Jesus Cristo todas as almas, não apenas as de uma capela, uma paróquia, uma diocese; não, todas as do mundo inteiro. A primado de Pedro é afirmado.
Um pontífice cego desvia as ovelhas.
Assim, Jesus, a verdade substancial, o eterno pregador da fé, anuncia então a Pedro: “Eu te darei as chaves do reino dos céus.” Portanto, todos estão sujeitos às suas chaves; todos, príncipes, chefes, povos, pastores. Jesus ordena a Pedro que pastoreie e governe todos, os cordeiros e as ovelhas, os jovens e as mães.
Mas o que significa esta pergunta de Jesus, Rei das nações: “Tu me amas? Apascenta minhas ovelhas.” Santo Agostinho dá a resposta no seu comentário ao Evangelho segundo São João. Se me amais, não penseis em vossas vantagens pessoais; apascentai as minhas ovelhas como minhas ovelhas e não como vossas; procurai, ao conduzi-las, não a vossa glória, mas a minha, para estabelecer o meu império e não o vosso, os meus interesses e não os vossos”.
Em meio às trevas da Sexta-feira Santa, Jesus, a Luz da Luz, morre na cruz para a salvação de todos. Ele então confia a Pedro sua missão: anunciar ao mundo que não há salvação a não ser nessa cruz. O zelo do primeiro dos Apóstolos e de seus sucessores era converter o mundo a Jesus Cristo. São Pio X, o último Papa canonizado, fez desse seu lema: “Omnia instaurare in Christo”.
A partir de então, um Pontífice cega-se e perde o rumo da Luz eterna se dispersa o rebanho e desvia as ovelhas em ideologias humanas, mundanas e profanas. O Syllabus de Pio IX condenava, de fato, a seguinte proposição: “o Romano Pontífice pode e deve reconciliar-se e aceitar o progresso, o liberalismo e a cultura moderna”. A Pedro, momentaneamente desviado por uma preocupação demasiada humana, Cristo disse: “Retira-te de mim, Satanas! Tu serves-me de escândalo, porque não tens a sabedoria das coisas de Deus, mas dos homens.”
Terrível!