MONS. BUGNINI E A PARTICIPAÇÃO “ATIVA E PLENA” DOS FIÉIS

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Annibale Bugnini, o principal articulador da reforma litúrgica, ou o “coveiro da Missa” definiu nestes termos a origem da reforma litúrgica:

“Na história da liturgia, a reforma do Concílio Vaticano II distingue-se de todas as outras pelo seu caráter pastoral. A participação e o envolvimento ativo do povo de Deus na celebração litúrgica são a finalidade da reforma e o objeto do movimento litúrgico” (em seu livro A Reforma da Liturgia, Edições Desclée de Brouwer, pág.23).

De fato, entre as principais linhas do decreto sobre a liturgia do Concílio Vaticano II (Sacrosanctum Concilium), encontramos freqüentemente esses dois grandes princípios:

– A participação ativa e plena dos fiéis

– Em nome do “sacerdócio” dos batizados.

É precisamente isso que Mons. Bugnini queria mostrar no início do seu livro A Reforma da Liturgia. Mons. Bugnini começa citando a primeira epístola de São Pedro (cap. 2, vers. 9): passagem tão cara aos defensores do “sacerdócio” dos batizados (e, infelizmente, muitas vezes, mal compreendida); ele afirma que “o caráter batismal dos fiéis faz deles: a raça escolhida, o sacerdócio real, a nação santa, o povo que pertence a Deus “.

Em seguida, ele só repetirá a Constituição Sacrosanctum Concilium (nº 14), que afirma que a própria natureza da liturgia e este “sacerdócio” dos batizados “exigem que eles sejam guiados para uma inteligência plena e uma participação ativa nas celebrações litúrgicas. Eles têm o direito e o dever “.

Esta é, portanto, a chave para toda esta infeliz reforma litúrgica, nas próprias palavras de Mons. Bugnini: “No contexto da reforma e do desenvolvimento da liturgia, uma atenção especial foi dedicada a esta participação plena e ativa da liturgia de todos os fiéis: é a primeira e original fonte onde podem se nutrir de um espírito profundamente cristão. Este é o motivo e a chave da renovação litúrgica moderna e do documento conciliar “.

Para Mons. Bugnini, todas as mudanças litúrgicas ocorridas nos últimos anos só podem ser explicadas por essa constante preocupação pela participação plena e ativa de todos os fiéis: “Não há artigo que reflita essa idéia: a liturgia, o culto e adoração de Deus, opera a santificação dos homens, e é por isso que todo o povo deve entendê-lo, segui-lo e participar dele… Tudo é apresentado com vista a uma participação consciente e piedosa para fluir de uma instrução catequética de qualidade dos fiéis… “

Os fiéis batizados são agora investidos de um ministério; mas até que ponto isso seria diferente do ministério sacerdotal? “A celebração comum deve sempre ser preferida à celebração individual. Primeiro, devem aparecer a natureza comunitária e a hierárquica da Igreja: todos participam, mas cada um de acordo com o seu ministério, a natureza do rito e as normas litúrgicas“.

Aparentemente, segundo o Monsenhor Bugnini, foi somente nessa revolução litúrgica que finalmente se entendeu como os batizados poderiam se beneficiar do culto público dado a Deus: “O caminho aberto pelo Concílio está destinado a mudar radicalmente a face da assembleia litúrgica tradicional, em que, de acordo com os costumes agora multisseculares, o serviço litúrgico é realizado quase exclusivamente pelo clero, o povo, muitas vezes, o “assiste” apenas como um espectador alheio e silencioso. Um trabalho paciente de formação terá que deixar claro que a liturgia é a ação de todo o povo de Deus … “(em A Reforma da Liturgia, págs. 60-61).

Teríamos sido convencidos por esta hábil demonstração do Mons. Bugnini, que só desenvolveu a Constituição do Vaticano II sobre a liturgia (Sacrosanctum Concilium)? O que podemos pensar desses dois grandes princípios dos quais decorre toda a reforma litúrgica? Vamos apenas voltar para fontes seguras …

(continua..)

Pe. François-Régis de Bonnafos, FSSPX