Com muita razão diz o Pe. Martinho de Cochem: “Assim como sol sobreleva em esplendor a todos os planetas e é mais útil à terra do que todos os astros reunidos, assim também a piedosa assistência à Santa Missa sobrepuja, em merecimentos e utilidade a todas as nossas obras”.
Outro Padre afirma: “Se todas as criaturas do mundo fossem outras línguas, que louvassem e exaltassem ao Criador; se tudo quanto se acha entre o céu e a terra, desde o ser mais ínfimo até o mais elevado, apregoassem em altos sons o nome de Deus, tudo isso agradaria ao Senhor infinitamente menos do que a Hóstia consagrada, que na Santa Missa se levanta em sublime holocausto de adoração e amor”.
Jesus Cristo nos remiu sobre o Gólgota e nos mereceu todas as graças.
Ela tem, portanto, um valor infinito e não poderás jamais apreciá-la devidamente. Seja-me, pois, lícito pedir-te com empenho que quando tiveres tempo e oportunidade, assistas diariamente a ela, o que te será de grande proveito.
1º- Se assistires freqüentemente, com piedade, ao santo Sacrifício da Missa, pecarás menos.
Na santa Missa, o Divino Salvador te manifesta, por assim dizer, as suas sagradas chagas e te faz esta advertência: contempla o Meu corpo lacerado, fixa o teu olhar sobre minhas fundas e hiantes chagas nas mãos, nos pés, e no lado; olha para a minha cabeça coroada de espinhos; medita sobre a minha morte dolorosa da Cruz; vê, tudo isso, eu padeci por causa dos pecados teus e de todos os homens. Pondera, ainda, quão grande mal é o pecado aos olhos de Deus, pois, somente por meio da minha morte pode ser expiado.
Se com tais pensamentos sobre a dolorosa Paixão do nosso Divino Salvador assistires, freqüentemente, ao Santo Sacrifício da Missa, não se apossará necessariamente, pouco e pouco do teu coração um grande horror, um ódio vivo ao pecado? Não andarás depois acautelada e vigilante, a fim de te preservares dele? É o que indica a experiência de cada dia. Demonstra, ainda que as jovens, que até nos dias úteis, freqüentam a santa Missa, quando podem, premunem-se contra os devaneios e pecados em que a mocidade feminina cai facilmente, porque se priva daquele santo exercício.
Na santa Missa, o Divino Salvador oferece-nos ao Eterno Pai e, mostrando-Lhe também as suas chagas, assim Lhe fala suplicante: Meu Pai eterno, contempla as dores e as chagas que eu sofri pelos pecadores; pela minha paixão e pela minha morte dolorosa, compadece-te deles; concede-lhes um verdadeiro arrependimento dos seus pecados e desperta neles a firme resolução de evitá-los no futuro. Esta súplica do Divino Salvador não ficará sem efeito, conservará e avirará, no teu coração, o ódio ao pecado, se assistires ao santo Sacrifício com profunda fé e piedade; dar-te-á força e graça para opores uma decidida resistência ao pecado e às tentações. Assim te tornarás, quanto possível, incapaz de pecar.
2º- Se assistires, freqüentemente e com piedade ao Santo Sacrifício da Missa, farás grande progresso na escola de virtudes de Jesus Cristo.
Ele aqui te ensina à humildade, porquanto, sobre o altar, oculta toda a grandeza da sua humanidade. Toda a sua imensidade se acha encoberta pela diminuta e vulgar forma de pão. Cada vela que arde sobre o altar, cada flor que ali exala o seu perfume, tem mais aparência externa do que o Rei da glória na figura do pão. Parece que do altar está a dizer-te: aprende de mim, que sou humilde; desce da tua imaginária e presunçosa altura e sê humilde e modesta, diante de Deus e dos homens.
O Divino Salvador te ensina aqui à obediência. Ele, que é o Filho eterno do Pai vivo, obedece ao sacerdote e à voz deste aparece na hóstia, não antes, nem depois de o padre proferir a sua palavra. Quer seja o padre jovem, ou ancião respeitável; quer tenha a seu cargo uma pequena e longínqua paróquia, sua dignidade, constitua o ornamento da Sagrada Hierarquia Eclesiástica – Jesus Cristo não considera nada disso: tão depressa com a mesma boa vontade Ele obedece a um como a outro.
O Divino Salvador te ensina aqui à paciência. Quantos motivos não teria para se ausentar dos nossos altares, desgostoso e agastado por causa do tratamento, que há vinte séculos, aqui recebe de muitos cristãos, ingratos e indiferentes; pelos muitos impropérios que se lançam sobre o seu Sacramento e seu Sacrifício; por motivo das inumeráveis irreverências que se cometem até mesmo diante do altar!
E, no entanto, tudo isso Ele suporta calado; retorna cada dia aos nossos altares e se sacrifica, sempre novamente, com idêntico amor por nós a seu Pai Celeste! Que magnífico exemplo de paciência e de amor levado ao sacrifício por ti e por nós todos! Se para tudo isso voltares teu pensamento, não sofrerás também por amor de teu Salvador, facilmente e com paciência, muitos incômodos e amarguras? Não irá penetrando também aos poucos na tua vida certo espírito de sacrifício?
Mais algumas palavras, apenas, quero dizer sobre aquela virtude que deve ser o ornamento principal da tua juventude, isto é, a pureza de coração.
Jesus, que se sacrifica por nós na santa Missa, é o Filho infinitamente puro, do Pai Eterno e o fruto imaculado da sua santa e Virgem Mãe. Desce das alturas celestes e se oculta na pura e alva figura do pão. Não é verdade que ali está com “a flor do campo” e como “o lírio dos vales” (Cant. 2,1) que exala o perfume da sua pureza do altar ao céu? Não infundirá Ele, também, em teu coração pensamentos puros e celestiais? Não te aparelhará, com forças sobrenaturais, para o combate contra os perigos que ameaçam a tua inocência? Assim também tu, se com reta disposição, fé viva e filial piedade, assistires freqüentemente à santa Missa, lucrarás muitíssimo para a tua vida espiritual, transcorrerás, mais facilmente a mocidade, ornada de virtudes.
3º- Se assistires freqüentemente e com piedade ao Santo Sacrifício da Missa, a paz e a alegria entrarão em tua alma.
Na santa Missa sacrifica-se o Divino Salvador que, já por ocasião do Seu nascimento, fez anunciar a paz ao mundo: “Paz na terra aos homens de boa vontade”. Jesus, antes de tudo, infunde em nossos corações aquelas virtudes sem as quais a paz é de todo impossível: humildade, paciência, mansidão e o amor ao próximo. Aqui, na santa Missa, temos a renovação incruenta do sublime sacrifício da Cruz, que trouxe de novo a paz ao mundo – paz com Deus e com a própria alma.
Por meio deste Sacrifício e de sua renovação, quer o Senhor alcançar-nos a paz. Eis porque a santa Igreja também suplica durante a santa Missa: “Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, concedei-nos a paz!” O Deus da paz perene, o Príncipe da paz, que na santa Missa Se sacrifica pela nossa paz, conceder-te-á tranqüilidade, confiança e alegria do Espírito Santo, se assistires freqüentemente com piedade a este Sacrifício.
O célebre Adolfo Kolping, fundador das associações de operários, que conhecia sua nação e sua gente como talvez nenhum outro, conta-nos de uma valorosa viúva de Colônia, que perdera muito cedo o marido, com quem vivia num feliz matrimônio. Via-se obrigada a trabalhar a rijo e com grande sacrifício desde o despontar do dia até muito tarde, a fim de poder sustentar, honestamente a si e a seus quatro filhos. Cada dia trazia novos cuidados e novas dificuldades.
Não obstante, aquela senhora, àsperamente visitada pelos infortúnios, mostrava-se sempre infatigável, sempre feliz, sempre alegre. Com prazer e boa vontade executava por amor de Deus os seus penosos trabalhos cotidianos, educava na virtude os queridos filhos, nos quais encontrava grande alegria e muita consolação. Onde estava, então, a fonte de paz e alegria dessa viúva admirável? Cada manhã assistia a primeira Missa, que na sua igreja paroquial era celebrada todos os dias, bem cedo. Oferecia ao Divino Salvador todas as contrariedades e privações do dia, suplicava-Lhe em ardentes preces a graça de cumprir alegre e fielmente os deveres do seu estado. Sua oração era atendida. Na sua vida de sacrifício sentia-se mais contente e mais feliz do que muitas senhoras que vivem na abundância, mas por sua indiferença religiosa nunca assistem à Missa, em dias úteis, embora o possam fazer com muita facilidade.
Como a freqüente assistência à santa Missa te é tão salutar, faz por assistir a ela diariamente, se tiveres tempo e ocasião. Bem sei que muitas jovens, apesar de sua boa vontade, não se acham em condições de fazê-lo. Outras residem muito longe da igreja, ou precisam partir para o seu emprego, de manhã, bem cedo. Devem estas contentar-se de cumprir tranqüilamente as obrigações do próprio estado e, no domingo, assistir com devoção à santa Missa. Se o fizessem também nos dias úteis, com sacrifício das suas obrigações, seria injustiça e pecado. Mas se puderes, sem descurar os teus deveres, assiste à santa Missa todas as manhãs, ou pelo menos algumas vezes durante a semana. Conserva, quanto possível, o recolhimento e a piedade no decorrer deste santo ato; na parte principal da Missa, procura reanimar a tua piedade.
Durante o santo Sacrifício, oferece-te a Deus com todas as tuas contrariedades e trabalhos, com os teus desejos e cuidados. No momento da elevação da Hóstia, desperta em ti uma fé viva na presença real de Jesus Cristo sobre o altar, faze-Lhe profunda reverência e adora-O, com humildade e grande respeito.
No momento em que o celebrante comunga, se não puderes fazer tua Comunhão sacramental, esforçar-te por fazê-la ao menos de maneira espiritual; desperta, em ti, um grande desejo da Comunhão, oferece a Jesus o teu amor e entrega-lhe com grande confiança os teus parentes e amigos; ora também pelos teus pais e irmãos e pelos grandes interesses e necessidades da nossa Santa Igreja.
Donzela Cristã – Pe. Matias De Bremscheid