Fonte: Boletim Permanência
“Minha mãe, vou rezar o terço com o Francisco, que foi o que Nossa Senhora mandou que nós fizéssemos”, disse Jacinta logo após revelar à mãe quem tinha visto na Cova da Iria.
Jamais se dirá o bastante sobre a importância que Nossa Senhora deu ao Rosário em Fátima. Nas seis vezes em que apareceu aos pastorinhos sem exceção, a Virgem mandou rezarmos o terço. Por que tanta insistência nessa devoção em particular?
Ora, num post recente, falávamos que quando as missas eram rezadas no rito de sempre, que é o mesmo sacrifício em substância que o sacrifício da cruz, havia como que uma rede de graças cercando o planeta. Com seus quatro fins, a Santa Missa traduzia em linguagem humana o indizível cântico dos anjos do Céu.
Em tempos normais, a Missa deveria ser o centro da vida do católico e o principal meio de santificação, como escreveu Garrigou-Lagrange:
“Para toda alma interior, a Missa deve ser, cada manhã, como a fonte eminente, de onde derivam todas as graças de que temos necessidade durante o curso do dia, fonte de luz e de calor, semelhante na ordem espiritual, ao que é o nascer do sol na ordem da natureza. […] Este então deveria ser o maior ato de nossos dias e na vida de um cristão, sobretudo de um religioso, todos os outros atos quotidianos só deveriam ser o acompanhamento daquele, ou seja, todas as outras orações e pequenos sacrifícios que devemos oferecer ao Senhor durante o dia.”
Mas não vivemos em tempos normais! O Concílio Vaticano II e a sua Missa Nova transformaram tudo. Não foram poupados os sacramentos, os seminários, o catecismo e, numa verdadeira caça ao sobrenatural, a vida contemplativa foi combatida onde mais se escondia, nos mosteiros e conventos.
No entanto, “lá onde falta tudo, sobra o Rosário”. Nossa Senhora em Fátima chamou-nos à luta, já prenunciando o tempo que viria. Se membros da hierarquia enlouqueceram ou já não tem a Fé, se a missa não passa de um simples memorial, ainda nos resta o Rosário. Escreveu Dom Lourenço:
“Jamais Nossa Senhora de Fátima esteve tão presente no mundo como nos dias de hoje. De pé, junto à Cruz da Igreja. O centenário das aparições, a grande peregrinação de agosto, a derrocada cada dia maior dos fundamentos da fé no mundo dão à Virgem do Rosário de Fátima o papel de chefe de uma milícia imensa, sem padres, sem missa, sem sacrifício. Gente que não pode se confessar porque os padres nas paróquias já não acreditam em nada. Gente que não pode conversar sobre suas angústias, pois não encontra um só companheiro que tenha, ele também, compreendido que a fé precisa ser mantida acesa a todo custo, como uma tocha de luz no mundo escurecido.” (Editorial, Revista Permanência 285)
O Rosário segue vivo mesmo quando a Igreja parece morta para o mundo — como Jesus no Santo Sepulcro.
Mais do que nunca, rezemos o Rosário. Com ele, venceremos a guerra — que, como dizemos, é sobrenatural.