OS ADORADORES DE JESUS SACRAMENTADO

SacramentoGustate et videte, quoniam suavis est Dominus – “Provai e vede quão suave é o Senhor”(Ps. 33, 9).

Sumário. Entre todas as devoções, a devoção de Jesus sacramentado é, sem dúvida, depois da recepção dos sacramentos, a primeira, a mais agradável a Deus e a mais proveitosa para nós. Por isso é que todos os santos ardiam de amor a esta dulcíssima devoção. Não te pese, pois, meu irmão, abraçá-la também, e abreviando tuas conversações com os homens, vai freqüentemente entreter-te com Jesus e comunicar-lhe as tuas necessidades. Ganharás talvez mais, num quarto de hora de oração diante do Santíssimo Sacramento, que em todos os mais exercícios devotos do dia.

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A fé ensina, e nós somos obrigados a crer, que na Hóstia consagrada está realmente Jesus Cristo, sob as espécies de pão. Mas devemos ao mesmo tempo estar persuadidos que Ele reside em nossos altares, como sobre um trono de amor e misericórdia, para dispensar as suas graças e mostrar-nos o amor que nos consagra. Quanto são, portanto, agradáveis ao Coração de Jesus os que o visitam freqüentemente e se comprazem em fazer-Lhe companhia nas igrejas! Jesus Cristo ordenou a Santa Maria Madalena de Pazzi que o visitasse trinta e três vezes por dia. E esta esposa tão amada obedecia-Lhe fielmente, aproximando-se do altar o mais que podia.

Deixemos falar as almas devotas, que vão freqüentes vezes entreter-se como o diviníssimo Sacramento e digam-nos os favores, as luzes, as chamas de amor que ali recebem e o paraíso de que gozam em presença do Deus eucarístico. O servo de Deus, Padre Luiz la Nuza, famoso missionário, desde jovem e secular, amava tão ardentemente Jesus Cristo, que parecia não poder afastar-se da presença de seu amado Senhor. Sentia ali tantos encantos que, tendo-lhe seu diretor proibido que ali passasse mais de uma hora, a violência que se devia fazer para obedecer e desprender-se de Jesus Cristo era tal, que parecia uma criança arrancada ao seio materno.

São Luiz de Gonzaga tinha também recebido proibição de ficar diante do Santíssimo Sacramento; e, passando junto do tabernáculo e sentindo-se atraído a ficar, pelos suaves encantos de seu Senhor, violentava-se para se retirar e na ternura do seu amor exclamava: Recede a me, Domine, recede – “Afastai-Vos de mim, Senhor, afastai-Vos”. Era ali ainda que São Francisco Xavier encontrava o repouso após as grandes fadigas nas Índias: consagrava o dia ao bem das almas e a noite passava-a em oração perante o Santíssimo Sacramento. São Francisco de Assis, apenas sentia qualquer aflição, ia imediatamente comunicá-la a Jesus na santa Eucaristia. – Numa palavra, lê as vidas dos santos e verás que todos eram cheios de ardor por esta tão doce devoção, convencidos de que não é possível encontrar na terra tesouro mais amável do que Jesus na Eucaristia.

É incontestável que, entre todas devoções, a adoração de Jesus sacramentado é, depois da frequência dos sacramentos, a primeira, a mais agradável a Deus e a mais proveitosa para nós. Empenha-te, pois, alma piedosa, em abraçá-la, e desprendendo-te da conversação com os homens, vai passar doravante, todos os dias algum tempo, meia hora ou um quarto de hora pelo menos, em qualquer igreja na presença do Santíssimo Sacramento.

Saboreia e vê quão suave é o Senhor. Experimenta e verás o proveito que te resultará desta prática. Sabe que o tempo que passares diante do Santíssimo Sacramento será o que te alcançará mais vantagens durante a vida e mais consolações à hora da morte e na eternidade. Sabe ainda que ganharás talvez mais em um quarto de hora de oração perante a santa Eucaristia, do que em todos os outros exercícios do dia. – Onde é que as almas santas têm formado as suas mais generosas resoluções senão aos pés dos altares? Quem sabe se tu mesmo, um dia, perante o tabernáculo, não tomarás a resolução de te entregares inteiramente a Deus?

Ó majestade e bondade infinita! Vós tanto amais os homens e tendes feito tanto para que os homens Vos amem; como é então que entre os homens se encontrem tão poucos que Vos amam? Não quero mais ser do número daqueles ingratos, como tenho sido no passado. Resolvido estou a amar-Vos quanto possa, a não amar senão a Vós e a Vos provar o meu amor com as minhas freqüentes visitas ao vosso Santíssimo Sacramento. Vós o mereceis e m’o recomendais com tão grande insistência! Quero contentar-Vos. Fazei, ó Senhor, que Vos contente plenamente; é o que Vos peço pelos merecimentos da vossa Paixão. Amo-Vos, meu Jesus, amo-Vos, bondade infinita. Sois Vós toda a minha riqueza, toda a minha delícia, todo o meu amor. – Ó Mãe do belo amor, Maria, ajudai-me a amar sempre e com todas as minhas forças o vosso Filho, e a fazê-Lo amado também pelos outros. (*I 367.)

Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III – Santo Afonso