OS FIÉIS GUARDIÕES DO VATICANO II – SOBRE UMA ENTREVISTA COM O CARDEAL SARAH

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

National Catholic Register publicou recentemente (23 de setembro de 2019) uma longa entrevista do cardeal Sarah, conhecido por suas posições conservadoras, por seu amor à famosa “forma extraordinária” da Missa.

Esta entrevista ilustra muito bem a recente declaração do Padre Pagliarani (“Uma Igreja de pernas para o ar). Nosso Superior Geral, a respeito desses prelados que vão na direção certa, denunciando certos erros ou reafirmando certas verdades, afirma – longe de se alegrar com tais acontecimentos: “que a Fraternidade tem o dever de estar muito atenta a essas reações, e ao mesmo tempo, tentar impedir tornem autodestrutivas e não alcancem nada.”.

Uma crítica a conservadores que ainda poupam o Vaticano II

E o Pe. Pagliarani fornece a chave essencial: esses prelados também devem reconhecer a “continuidade entre os ensinamentos do Concílio, dos papas da era pós-conciliar e o atual pontificado“. Pois esses mesmos prelados, ao mesmo tempo, querem nos fazer engolir o Concílio Vaticano II e as reformas pós-conciliares. Exemplo: Cardeal Müller, o mais virulento de todos contra a Amoris laetitia e o Instrumentum laboris (projeto de reforma da Cúria),  não hesita em falar em “ruptura com a tradição”. Mas é o mesmo cardeal Müller quem “queria impor à FSSPX – em continuidade com seus predecessores e sucessores na Congregação para a Doutrina da Fé – a aceitação de todo o Concilio e do magistério pós-conciliar.”

Como esse diagnóstico do Superior Geral da Fraternidade diz respeito ao cardeal Sarah, algumas linhas da entrevista deste serão suficientes para demonstrar!

Quando a forma extraordinária é celebrada no espírito do Concílio Vaticano II, ela revela toda a sua fecundidade, diz o cardeal. O ideal desejo dele seria amar a liturgia tradicional à luz do Concílio?

E quando a liturgia tradicional é celebrada (como fazemos na Fraternidade) não como uma forma extraordinária, mas simplesmente como ela própria, como a única forma latina de missa que é legítima e frutífera para as almas, será ela fecunda? A este respeito, o cardeal diz o seguinte: Seria errado opor o Concílio à Tradição da Igreja. Nesse sentido, é necessário que aqueles que celebram a forma extraordinária o façam sem espírito de oposição e, portanto, no espírito da Sacrosanctum Concilium.

Felizmente, isso não nos preocupa, afinal, nós não celebramos a forma extraordinária!

Cardeal Sarah: nenhuma oposição entre a Missa tradicional e a Missa de Paulo VI

Segundo o cardeal, a forma ordinária (missa de Paulo VI) e a forma extraordinária são equivalentes entre si: as duas formas têm a mesma fé e a mesma teologia. Opor as duas é um profundo erro eclesiológico. Devemos ficar consternados com esta afirmação, de um homem tão bem posicionado e que parece não conhecer esses discernimentos tão bem explanados no Breve Exame Crítico do Novus Ordo Missae: “o novo Ordo Missae, considerando-se os novos elementos amplamente suscetíveis a muitas interpretações diferentes que estão nela implícitos ou são tomados como certos – representa, tanto em seu todo como nos detalhes, um surpreendente afastamento da teologia católica da Missa” e ” a promulgação do Novus Ordo Missae, a verdadeira fé católica depara-se com a trágica necessidade de fazer uma escolha

O Cardeal Sarah admite implicitamente que há uma falha na missa de Paulo VI, uma vez que “precisamos da forma extraordinária para saber em que espírito celebrar a forma ordinária.” É verdade que esse diagnóstico foi dado há muito tempo: essa Missa de Paulo VI é de espírito protestante, favorece a heresia e é perigosa à fé dos fiéis e dos clérigos. É desonesto querer que os fiéis católicos façam o caminho inverso. O futuro é a denúncia clara e pública desta missa de Paulo VI, desagradando a todos os Institutos “ralliès” (ou aliados) ligados à Roma.

Especialmente porque o cardeal Sarah também admite essa saborosa reciprocidade: Inversamente, celebrar a forma extraordinária sem levar em conta as indicações da Sacrosanctum Concilium corre-se o risco de reduzir essa forma a uma relíquia arqueológica sem vida e sem futuro. Este é o futuro previsto para aqueles que querem rezar a missa antiga em obediência a Roma enquanto afirmam combater o Concílio.

A Fraternidade de São Pio X: a única a denunciar as verdadeiras causas do cataclismo

Assim… guardamos a exclusividade de denunciar o Concílio e não de celebrar essa “forma extraordinária” (belo insulto à liturgia tradicional nivelando-a com a Missa de Paulo VI) para honra de Deus, a da Santa Missa e para o bem das almas.

Pe. Jacques Mérel

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Um excelente texto que explica bem essa diferença entre tradicionalistas x conservadores pode ser lida nesse texto:

É A MESMA MISSA TRIDENTINA? SIM, MAS NÃO O MESMO COMBATE