SERMÃO DE D. LEFEBVRE EM BOURGET (1989) NA FESTA DOS 60 ANOS DE SEU SACERDÓCIO

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Em 19 de novembro de 1989, em Le Bourget, em um galpão de metal transformado em uma nave de luz, 20 mil pessoas se reuniram em torno de D. Lefebvre, que oferecia a Deus os 60 anos de sacerdócio a que ele havia se dedicado. No coro provisório estão os 4 bispos e o Superior Geral. “Vindos de todos os continentes e de muitos países, povos e línguas, cercaram o altar do sacrifício e o Cordeiro imolado”, escreve na Carta aos Amigos e Benfeitores de 15 de fevereiro de 1990. Vinte anos antes, na primeira Carta aos Amigos datada da Festa de Todos os Santos de 1971, D. Lefebvre escrevia: “O que será desta modesta correspondência no futuro, deixemos a Deus saber… Não temos outra ambição senão fazer sacerdotes santos, da maneira como Nosso Senhor os fez.” 

LEF

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Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, assim seja.

Monsenhores, meus caros confrades, caros seminaristas, minhas queridas Irmãs, meus muito queridos Irmãos,

Profunda ação de graças

Não é sem uma profunda emoção que vos vejo, hoje, reunidos em tão grande número por ocasião deste aniversário sacerdotal. Muitos de vós suportaram o cansaço da viagem e alguns de vós vieram de continentes distantes. Mas penso que esse cansaço valeu a viagem. Por que estamos reunidos hoje, meus queridos irmãos? Para celebrar o sacerdócio católico. Acho que esse é o motivo mais profundo pela qual viestes aqui hoje. Ah sim, nunca poderemos agradecer suficientemente à Santíssima Trindade e a Nosso Senhor Jesus Cristo, Deus feito homem, por ter instituído o sacerdócio eterno. 

Sim, Nosso Senhor é essencialmente O mediador, O sacerdote. E Deus, que se fez sacerdote por nós, para oferecer o Seu sacrifício, um sacrifício digno ao seu Pai, quis na sua sabedoria divina, fazer participar do seu sacerdócio os homens por Ele escolhidos. Que grande mistério da caridade divina, de amor de Deus por nós! Como nos sentimos indignos de carregar esta imensa graça do sacerdócio. Sim, bendito seja Deus! Bendito seja nosso Senhor Jesus Cristo! Bendita seja também a Virgem Maria, porque sem Maria não teríamos o Sumo Sacerdote de cujo sacerdócio participamos. Maria é mãe do sacerdote, mãe do sacerdócio. Sim, ela é, de fato, nossa mãe, mãe de nós sacerdotes. Que Deus seja louvado e bendito pelo sacerdócio que teve a bondade de me dar, de me conferir; por esses anos, esses 60 anos de sacerdócio, esses 42 anos de episcopado durante os quais, por sua santa graça, eu, indigno, pude conferir sagrações episcopais e pude conferir numerosas ordenações sacerdotais. Penso eu que cerca de 500. Pude celebrar a Santa Missa, o santo sacrifício da Missa diariamente. Pude dar o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo às almas através dos sacramentos e, particularmente, através do sacramento da Eucaristia. Através do santo sacramento da Eucaristia, quantas graças, quantos dons! E gostaria de acrescentar a este hino de ação de graças com o qual quereis associar-vos, meus caríssimos irmãos, gostaria de acrescentar a tradução da palavra do ofertório que me parece perfeitamente adequada a esta ocasião, que o padre recita todos os dias:

“Receba, ó santo Pai, Deus onipotente e eterno, esta hóstia imaculada que eu, vosso indigno servo, ofereço a vós, meu Deus vivo e verdadeiro, em repara ção de meus inúmeráveis pecados, ofensas e negligências e em favor de todos os que estão aqui presentes, e de todos os fiéis vivos e defuntos, a fim de que s eja útil para a salvação minha e deles na vida eterna. Amém.”

Eis a oração de oblação da hóstia que o sacerdote recita todos os dias no altar sagrado. Que oração magnífica! Sim, diante deste sublime mistério do sacerdócio, não podemos deixar de nos sentir muito indignos, muito pobres. 

Suscitar as vocações sacerdotais e religiosas

Aos Diretores e Professores dos Seminários

Meus caros confrades no sacerdócio, é a vós que me dirijo por alguns momentos. A vós sobretudo, queridos amigos, queridos confrades, responsáveis pela formação dos futuros sacerdotes. Oh sim ! Fazei-nos muitos sacerdotes, muitos santos sacerdotes, muitos sacerdotes católicos com uma fé profunda, com desejo de santidade e um desejo de serem missionários. É isto que estais fazendo, e por isso agradeço-vos em nome de todos os fiéis aqui presentes e que tão bem compreendem a necessidade de haver sacerdotes verdadeiramente católicos. Verdadeiramente outros Cristos! É disso que precisais, não é verdade, meus queridos irmãos? Que o bom Deus vos dê a graça, meus queridos amigos, de formar muitos sacerdotes e muitos sacerdotes santos. 

Aos sacerdotes dos Priorados

Dirijo-me também a vós, caríssimos confrades que fazem o trabalho pastoral. Cabe a vós discernir as sementes da vocação no coração dos fiéis que vos rodeiam, dos jovens que vos rodeiam. Vocações também para sociedades religiosas. A vós, portanto, que o bom Deus vos conceda a graça de vos preocupar em procurar as almas que o bom Deus escolheu para serem sacerdotes e também participar, indiretamente, do sacerdócio através da vida religiosa.

Aos pais católicos

Quanto a vós, caríssimos irmãos, vós pais cristãos, sois o santuário no qual se formam as vocações sacerdotais. Vós sois o santuário no qual se formam as vocações religiosas. Sem vós o que faríamos, onde encontraríamos as vocações sacerdotais, as vocações dos religiosos e das religiosas? Portanto, eu vos imploro, mantenham este santuário afastado, oh sim, bem longe de todas as influências deletérias, todas as influências malígnas deste mundo. Ah, não deixeis o mundo entrar em vossos lares! Que as vossas casas sejam verdadeiros anexos das vossas paróquias, das vossas igrejas! Que as crianças tenham diante dos olhos apenas imagens edificantes, e não imagens que possam corromper suas almas por toda a vida, por toda a vida. Afastai de seus olhos tudo o que pode corromper seus corações, para que em vossas casas o bom Deus escolha almas de elite. Nada mais lindo que um padre em uma família! Nada é mais belo do que uma vocação de um religioso ou de uma religiosa na família! É uma proteção para toda a família! Para irmãos e irmãs, não há dúvida disso. E é por isso que, durante esta Santa Missa, vamos todos rezar juntos, não é verdade, para que o bom Deus garanta que o sacerdócio católico e as vocações religiosas continuem, apesar das investidas do mundo e do inferno contra as boas vocações, contra o sacerdócio católico. 

Nenhuma Igreja sem Sacerdote

O que seria de uma igreja sem um padre? A Igreja, que ainda pode ser uma Igreja Católica, em breve terá apenas ADASs, como agora se diz, na linguagem moderna: Assembleia Dominical na Ausência do Sacerdote (vulgo Liturgia da Palavra). O que seriam essas assembléias? Não se trata mais do sacrifício de Nosso Senhor renovado no altar do qual participais, do qual todos nós participamos. Não, a Igreja Católica não é uma Igreja ADAP! A Igreja Católica é uma Igreja de padres católicos! Sem um padre católico, não há mais Igreja Católica e não pode haver padres católicos sem Bispos católicos. 

Estado da Crise da Igreja

Poderíamos, talvez, como sabeis, ter tido um Bispo, depois das conversas romanas. Mas quem teria sido esse Bispo, já que me pediram que ele tivesse o perfil desejado pelo Vaticano? O que isso significa senão que este Bispo seria um Bispo conciliar? Um Bispo que teria o espírito do Concílio, o espírito do Vaticano II. E foi precisamente para nos proteger desse espírito, que não é o espírito de Deus, que não é o espírito católico, que decidimos fazer destes quatro caros, Bispos católicos para transmitir àqueles que virão e às gerações de seminaristas, o sacerdócio católico. E assim tereis certeza de que os sacerdotes continuarão a ensinar-vos, e também a vossos filhos, a verdadeira fé católica e a transmitir-vos a graça dos verdadeiros sacramentos e do verdadeiro e santo sacrifício da Missa.

E nesta ocasião, caríssimos irmãos, gostaria de vos dirigir algumas palavras sobre a situação atual da Igreja. Se me perguntassem: mas como é possível que a Igreja Católica dos tempos de Pio XII, desde Pio XII, tenha se transformado numa Igreja liberal e modernista? Como isso é possível? Pois bem, queridos irmãos, conheceis demasiadamente bem a história do Concílio. Já vos explicamos o suficiente. Lestes livros que falam sobre esses assuntos. Infelizmente, doloroso, triste para os nossos corações de católicos, sentimos uma ruptura, um distanciamento do passado, um distanciamento da Tradição, um distanciamento dos predecessores dos Papas que fizeram o Concílio. Pois bem, entre os muitos fatos que marcaram a história do Concílio, gostaria apenas de salientar, com uma breve resposta, o seguinte: o que pesou na desorientação da Igreja, porque de fato é uma desorientação, sobre a completa mudança do espírito que animou a Igreja para um espírito liberal, o que pesou no pré-concílio, no concílio e no pós-concílio foi a Secretaria para a Unidade dos Cristãos. 

A Secretaria para a Unidade dos Cristãos

Três livros parecem muito instrutivos sobre este assunto. 

  • A vida de Mons. Bugnini, em um enorme livro escrito por ele mesmo, uma autobiografia, mas concluída após sua morte. 
  • Um livro sobre o Cardeal Béa. Um livro enorme também, mostrando toda a influência do Cardeal Béa antes, durante e depois do Concílio.
  • E, finalmente, uma vida do Cardeal Villot, que mostra também as orientações do cardeal e as influências que ele teve no Concílio e depois do Concílio

E isto nos mostra que houve uma vontade, uma firme vontade de mudar o espírito da Igreja, de fazer este aggiornamento, esta “atualização” da Igreja, de abrir doravante as portas da Igreja a todos aqueles que não têm a nossa fé, para dar-lhes a impressão de que não há diferença entre eles e nós. Esta é uma mudança radical na posição da Igreja. 

Consequência da nova doutrina: a perda do espírito missionário

Antes do Concílio – eu, pessoalmente, tenho muita experiência nisso – fomos enviados em missão para além dos amres. Passei 30 anos na África – nossos queridos gaboneses que estão aqui são testemunhas disso – 30 anos na África, para quê? Para converter as almas a Nosso Senhor Jesus Cristo! Para converter as almas à Igreja. Trazer almas para a Igreja por meio do batismo católico. O que São Pedro fez depois de seu primeiro sermão em Jerusalém? Ele batizou. Quatro mil pessoas batizadas! Porque ele sabia que, pelo batismo se constituía a Igreja, e que, doravante, todos os que gostariam de entrar na Igreja e no caminho da salvação e seguirem Nosso Senhor Jesus Cristo, participarão do sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, do sangue redentor do divino Salvador, tinham que ser batizados como católicos. Isto é o que a Igreja tem feito há 20 séculos! De repente, me dizem: não, não! Devemos dialogar, não se deve converter. Há que respeitar a opinião de cada um. Não lhes devemos dar a impressão de que estão no erro. Então, onde está a missão? Onde está a missão da Igreja? E esta mudança radical foi alcançada pela pressão de grupos que eram, particularmente, membros da Secretaria para Unidade dos Cristãos. 

Aliás, se refletirmos um pouco: por que uma Secretaria para a Unidade dos Cristãos? Não era a Congregação para a Propagação, ou seja, da Propagação da fé, a responsável por levar a fé a todos os que não a tinham? Foi a Congregação para a Propagação da Fé que se encarregou de enviar missionários por todo o mundo para converter todas as almas, fossem elas quem fossem: pagãos, animistas, ateus, budistas, muçulmanos, protestantes. A Propagação da Fé se encarregou de enviar missionários para trazer de volta para a Igreja, através do batismo católico, todas essas almas perdidas. Por que, além da Propagação da Fé, instituir como uma nova congregação que, doravante, simplesmente fará contatos, contatos de amizade com todas as falsas religiões e com todas as falsas ideologias? E é disso que a Igreja está morrendo atualmente. Não morrerá, é claro. Vós sois suas testemunhas e seus atores. Vós que sois a Igreja, vós que sereis a Igreja, quem continuarão a Igreja pela fé que conservais e pela santidade da Igreja que continuais. São vós! Mas podemos nos perguntar para onde está indo nossa santa Igreja Católica?

O cardeal Béa, antes do Concílio, viajou por todo o mundo, reunindo os episcopados para pedir-lhes que se assegurassem de que este Concílio fosse um Concílio ecumênico. Não estou falando de um Concílio ecumênico, um Concílio é sempre ecumênico, mas ecumenista, ou seja, que reúne todas as religiões. Não é possível! Isso é contrário à divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo! E é por isso que é impossível para nós, na situação atual, enquanto esta Secretaria for apoiada e encorajada pelo Sumo Pontífice, ele mostrará que a partir de agora os membros desta Secretaria podem continuar sua ação destrutiva da Igreja e destrutivo do Reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo! O nome de Mons. Willebrands é suficientemente conhecido para saber que esse é precisamente o seu papel fazer contato com qualquer pessoa. Ninguém está mais longe da ideologia da Igreja, da fé da Igreja. Mons. de Smedt, secretário da Secretaria para a Unidade dos Cristãos, foi quem apoiou, durante o Concílio, a defesa do tema da liberdade religiosa. Mons. Bugnini fazia parte da Secretaria para a Unidade dos Cristãos. E foi Mons. Bugnini quem destruiu a liturgia e substituiu a verdadeira liturgia da Santa Missa e dos sacramentos por esta nova liturgia cuja evolução não sabemos onde vai parar, sempre mudando. 

Impossível aceitar o Concílio

Assim, diante desta situação, é certo que é impossível para nós termos um contato regular com Roma porque, até agora, Roma exige que, se recebermos alguma coisa, qualquer que seja o indulto, para a Santa Missa, para o liturgia, para os seminários, seja qual for, devemos assinar a nova profissão de fé que foi redigida pelo Cardeal Ratzinger em fevereiro passado, e esta profissão de fé contém explicitamente a aceitação do Concílio e suas consequências. Então temos que saber o que queremos. Foi o Concílio e suas consequências que destruíram a Santa Missa, que destruíram nossa fé, que destruíram os catecismos, que destruíram o Reinado Social de Nosso Senhor Jesus Cristo nas sociedades civis. Como podemos aceitá-lo? Esta, meus caríssimos irmãos, é a situação atual. 

O que fazer ? Guardar a fé

Então, diante dessa situação, o que devemos fazer? Guardar a fé católica. Guardar a fé católica. Protegê-la de todas as formas.

Guardar a fé através das boas leituras

Vós tendes livros em estoque, que estão expostos na sala de leitura, para venda,. Tendes muitos livros que estão à vossa disposição para que vos aprofundem no significado da crise que estamos passando e para vos ajudar a manter a fé. Novos livros acabaram de ser publicados. O livro do Pe. Marziac e o livro de D. Guillou. O livro de D. Guillon, em particular, é sobre o cânon da Missa, o cânon romano da Missa e a diferença entre o cânon de sempre e o novo cânon. Livro muito valioso, muito interessante e muito instrutivo. E reeditamos alguns livros muito valiosos, como o pequeno livro de Jesus Cristo, Rei das Nações, do Pe.Philippe. Não o Pe. Philippe dominicano, mas o Padre Philippe redentorista que viveu no início do século e que fez este admirável livrinho em estilo de catecismo sobre Jesus Cristo, Rei das nações. Um livro que reeditamos, porque está cheio de trechos de encíclicas papais que mostram o qual era a fé de nossos antepassados, a fé dos Papas que precederam o Concílio, que é incompatível com o que nos ensinam atualmente a Igreja. A neutralidade dos Estados, a laicidade dos Estados, a secularização da sociedade civil, algo inadmissível. Nosso Senhor não pode mais reinar, não pode mais reinar nas sociedades, não é mais o Senhor das sociedades! Desde quando? Ele não é o criador? Ele não tem mais o direito de governar? Portanto, proteja sua fé, guarde sua fé por meio das leituras. Agora não consigo citar todas as revistas, tudo que, graças a Deus, foi levantado por almas fervorosas e inteligentes que entenderam a necessidade de os fiéis manterem a fé católica. Vós os conheceis. Citarei, simplesmente, se me permitem, Monde et Vie, que tem sido firme em sua posição no que diz respeito às consagrações dos Bispos. E depois penso que, através da Radio-Courtoisie, podemos também, graças a Deus, transmitir nossa mensagem e transmitir a mensagem da Tradição. Creio que são meios valiosos, sem contar todas as editoras: Editions Fideliter, Edition de Chiré em Montreuil, Edition de Dismas na Bélgica. 

Finalmente, não posso mencionar tudo, mas agora surgiram almas realmente generosas se levantaram para escrever, falar em favor da Tradição e defender nossa fé católica. Portanto, devemos aproveitar esta bendita proliferação daqueles que querem nos ajudar a permanecer católicos. 

Professar a fé

E não só isso, não devemos apenas defender nossa fé. Devemos professá-la. Eis a conclusão do Motu Próprio antimodernista de São Pio X – que possamos repetir muitas vezes estas palavras – Portanto, mantenho firmissimamente a fé dos Padres e a manterei até o último sopro da minha vida sobre o carisma certo da verdade, que está, esteve e sempre estará na sucessão do episcopado desde os Apóstolos; não para que se sustente o que mais bem e mais apto possa parecer conforme à cultura de cada idade, mas para que nunca se creia de outro modo, nunca de outro modo se entenda a verdade absoluta e imutável pregada desde o princípio pelos Apóstolos. – eis o que diz o juramento antimodernista de São Pio X – mas que a verdade absoluta e imutável pregada desde o início entre os apóstolos nunca seja acreditada ou entendida de qualquer outra forma. Eis o que São Pio X nos pede e pede a todos os sacerdotes: que prestemos um juramento sobre o Evangelho a fim de conservar a fé de sempre, a fé dos apóstolos; não temos outra. É o que nós professamos, é o que professais, é o que vós professais nos pequenos catecismos que transmitis aos seus filhos. Oh, sim, guarde os velhos catecismos! E, se por acaso, alguma família se encontrar demasiado isolada para ser cuidada por um dos nossos párocos, por favor, entrem em contato com as nossas Irmãs de Saint-Michel, em Brenneque fazem um catecismo por correspondência e que podem assim instruir as famílias no verdadeiro catecismo. Elas, agora, têm 800 assinantes, e espero que tenham sempre mais para permitir que a fé continue para aqueles que estão longe de nossos padres. 

Guardar a santidade da graça

E, finalmente, devemos guardar a santidade, a graça do bom Deus, e isso não podemos fazer sem Jesus Cristo. “Sem mim nada podeis fazer” (Jo. XV, 5) disse Nosso Senhor: nada, nada! Consequentemente, é pelo seu sacrifício, pela sua cruz, pela participação no seu sangue que recebemos a graça do bom Deus em todos os sacramentos, mas particularmente no sacramento da Eucaristia, evidente! Portanto, sejamos fiéis à Missa de sempre, aos sacramentos de sempre, e assim guardaremos a graça em nossos corações, e nossas almas estarão transformadas e prontas para ir ao encontro do bom Deus: prontas para a eternidade, prontas para a vida eterna.

Situação internacional

Invasão do Islã

Gostaria de dizerainda mais duas palavras, peço desculpas por ser um pouco longo, mas gostaria de dizer mais duas palavras sobre a situação internacional. Parece-me que há uma reflexão a fazer por nós e uma conclusão a ser tirada face aos acontecimentos que vivemos atualmente. Eventos que são verdadeiramente apocalípticos, sabeis. Esses eventos: invasão de religiões em nossos países e particularmente do Islã. Invasão não só na França. Invasão na Inglaterra, invasão na Bélgica, invasão na Alemanha. Sabeis que há dois anos 100.000 turcos marcharam pelas ruas de Munique gritando palavras de ordem contra a Alemanha e o cristianismo. Cem mil turcos marcharam pelas ruas de Munique. Esses são fatos sintomáticos. Isso a isso que estamos condenados se nossos governos não forem cuidadosos e permitirem que o Cristianismo seja invadido pelo Islã. Não é à toa que São Pio V e os outros papas quiseram deter a maré do Islã que já teria feito o Cristianismo desaparecer no passado.

Um governo mundial anticristão

E então, outra coisa surpreendente, é que todos esses movimentos que nem sempre entendemos perfeitamente: coisas extraordinárias que acontecem por trás da cortina de ferro. Não devemos esquecer, por ocasião de todos esses eventos, as profecias feitas pelas seitas maçônicas e que foram publicadas pelo Papa Pio IX. Eles aludiam a um governo mundial e à sujeição de Roma aos ideais maçônicos. Fizeram alusões claras há mais de um século. Publicado por Pio IX, através de M. Crétineau-Joly.

Além disso, não devemos esquecer também as profecias da Santíssima Virgem. Nossa Senhora nos advertiu: se não houver conversão da Rússia, se o mundo não se converter, não rezar e não fizer penitência, o comunismo invadirá o mundo. O que isso significa? Sabemos muito bem que o objetivo das seitas secretas é um governo mundial com ideais maçônicos, ou seja, direitos humanos: igualdade, fraternidade e liberdade entendidas em sentido anticristão, contra Nosso Senhor; que esses ideais seriam defendidos por este governo mundial, uma espécie de socialismo para uso de todos os países, e então um congresso de religiões, este congresso de todas as religiões – inclusive a católica – que estaria a serviço do governo mundial, como os ortodoxos russos estão a serviço do governo dos sovietes. Haveria dois congressos: o congresso político universal que governaria o mundo e esse congresso de religiões que viria em auxílio desse governo mundial, que obviamente estaria a cargo desse governo. Corremos o risco de chegar a tais coisas. Temos que nos preparar para isso. Então, diante disso, o que fazer? Bem, aqueles que resistem a esta destruição do Reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo, pois é isso que querem alcançar, arruinar definitiva e totalmente – como disse Leão XIII em sua encíclica sobre os Maçons: “eles querem destruir as instituições cristãs de cima para baixo“, esse é seu objetivo. Bem, eles estão conseguindo, eles estão conseguindo. Portanto, temos que reconstruí-los.

Levantar-se contra a destruição

Diante dessa destruição, devemos nos levantar e é isso que estais fazendo, e eu os parabenizo por isso. Não tenho palavras para parabenizá-los o suficiente, tenho certeza que estou falando por Deus quando vos digo “continue, continue fazendo o que fazeis.” Escolas, priorados, paróquias estão surgindo por toda parte; Por toda parte as igrejas são multiplicadas e adquiridas para a Tradição. Devemos reconstruir o Reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo neste mundo que está desaparecendo, neste mundo cristão que está desaparecendo. Vós direis “Meu senhor, é a luta de Davi contra Golias.” Sim, eu sei que é a luta de Davi contra Golias, mas Davi teve a vitória sobre Golias. E como ele conseguiu a vitória sobre Golias? Por uma pedrinha límpida que apanhou na torrente. O que é esta pedra que temos nós ? Jesus Cristo. Nosso Senhor Jesus Cristo. Diremos como nossos antepassados da Vendéia que derramaram seu sangue por sua fé: “Não temos outra honra senão a honra de Jesus Cristo! Temos apenas um medo no mundo, ofender Jesus Cristo.” Isso é o que eles cantaram enquanto caminhavam para a morte para defender seu Deus. Pois bem, cantemos nós com coragem e coração. Sim, temos apenas um amor, que é Nosso Senhor Jesus Cristo! E temos apenas um medo, de ofendê-lo.

E pediremos à Santíssima Virgem que nos ajude nesse combate. E para isso, dentro de alguns momentos, depois da Santa Missa, nos reuniremos, Bispos aqui presentes, nós cinco para reiterar a consagração do mundo e da Rússia ao Imaculado Coração da Santíssima Virgem Maria, convencidos de que a Santíssima Virgem, nossa mãe, que está sempre na vanguarda do combate, é quem nos encoraja, é ela que vem à terra nos pedindo para lutar, para que não tenhamos medo, que Jesus está conosco, que Ela está conosco. Então pediremos a Ela consagrando-nos, consagrando nossas famílias, nossos amigos, nossas cidades, nossos países, nossas pátrias, ao Imaculado Coração de Maria, e estamos convencidos de que Ela virá em nosso auxílio e garantirá que um dia nos unamos a Ela na vida eterna.

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, amém.