Fonte: Sì Sì No No – 15 de dezembro de 2020 | Tradução: Dominus Est
O dízimo e a caridade
No versículo 23 do capítulo 23 do Evangelho de São Mateus, Jesus diz: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque pagais o dízimo […] e desprezais os pontos mais graves da Lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade”.
O preceito de Moisés sobre o pagamento do dízimo (Lv. 27, 30-33; Dt. 12, 2-27) dizia respeito a animais domésticos e alguns dos alimentos mais comuns produzidos a partir da terra (trigo, frutos das árvores, vinho, azeite…), mas os fariseus, para mostrar a todos, em vão, o seu zelo e a sua santidade exterior, chegaram ao ponto de pagar e, sobretudo, cobrar o dízimo também pelos produtos menos significativos da terra e pelas menores ervas (hortelã, endro(1) e cominho(2)). Contudo, isso não os impediu de negligenciar, especialmente se não fossem observados, os preceitos mais graves da Lei mosaica, como por exemplo a administração da justiça (que devolve aos outros o que lhe é devido) e da misericórdia (que inclui as obras de caridade e dá mais do que é estritamente devido) ou a fidelidade às alianças com Deus e para com o próximo.
Santo Tomás de Aquino (Comentário ao Evangelho segundo Mateus, n.º 1869) explica: “A intenção principal dos fariseus em fazer boas obras era a simulação. Muitos sacerdotes eram diligentíssimos em exigir o menor dízimo que lhes eram devidos, como aqueles pagos com o cominho e a hortelã, enquanto o que os fiéis deviam a Deus, como a justiça e a misericórdia, era negligenciado pelos sacerdotes, que cuidavam antes de tudo de seus próprios interesses e não dos de Deus”.
Porém, não se deve acreditar que Jesus proibiu o pagamento do dízimo, pois também disse: “Estas coisas [dízimos] devem ser feitas sem omitir aquelas [misericórdia e justiça]”, querendo Jesus dizer por isso que não condena o pagamento do dízimo como intrinsecamente mau. De fato, Ele diz que se deve fazer isso (ou seja, pagar o dízimo), mas sem omitir os deveres de caridade fraterna, como os fariseus hipocritamente o faziam.
São Jerônimo observa: “Os fariseus, uma vez que o Senhor lhes ordenada oferecer uma décima parte de todos os seus bens ao Templo para que pudesse servir para sustentar os sacerdotes e levitas, preocupavam-se apenas em cumprir este preceito, enquanto não se importavam com os demais preceitos e prescrições mais importantes. Portanto, com essas palavras o Senhor reprova sua avareza, por exigirem estritamente o dízimo até mesmo dos produtos mais vis da terra, enquanto negligenciam a justiça em seus negócios, a misericórdia para com os fracos e a fidelidade a Deus; todas essas coisas são muito maiores do que os dízimos” (Comentário a Mateus, 23, 23, livro IV).
O mosquito e o camelo
Além disso, Jesus chama os escribas e os fariseus de “condutores cegos, que filtrais um mosquito e engolis o camelo!” (v. 24); de fato, para não engolir algum animal considerado impuro (como o mosquito), filtravam suas bebidas; no entanto, eles não tinham medo de engolir (metaforicamente falando) um animal muito maior como um camelo inteiro, que também era considerado impuro (Lv. 11, 4); ou seja, Jesus os repreende por observar exteriormente para se vangloriarem das minúcias da Lei (o mosquito) nada difíceis de observar, sem se preocuparem minimamente em transgredir os preceitos essenciais Dela (o camelo), como a caridade fraterna, que antes lhes era penosa de colocar em prática. Jesus faz todo o possível e emprega todas as imagens que pode para mostrar a hipocrisia na qual eles não têm escrúpulos em observar as menores coisas, mas apenas por medo de serem vistos pelos homens infringindo uma impureza legal; mas depois disso, violam os preceitos maiores e não têm medo do pecado, desde que ele passe despercebido pelos homens.
São Jerônimo, por sua vez, escreve: “Indo contra os mandamentos de Deus, esquecemos as coisas mais importantes; enquanto mostramos todo o nosso zelo nas coisas que nos trazem ganhos materiais” (Comentário a Mateus, 23, 24, livro IV).
Além disso, “o mal atinge seu ápice quando o homem mau acredita que é capaz de ensinar e guiar os outros. Desgraça extrema ocorre quando um cego sente que não precisa de orientação, mas imagine a que precipício conduz um cego que afirma conduzir os outros. Essa é a louca ambição dos fariseus e sua praga na qual Jesus coloca Seu dedo. Na verdade, eles fazem tudo por ostentação. Este orgulho os impediu de abraçar a fé e de acolher o Messias: fê-los negligenciar a verdadeira virtude e os impeliu a colocar todos os seus esforços na purificação do corpo sem se preocuparem minimamente com a purificação da alma.” (S. João Crisóstomo, Comentário ao Evangelho de São Mateus, Discurso 73, n. 2).
Eles limpam o superfície exterior, mas por dentro estão cheios de rapina
No versículo 25 Jesus diz: “Ai de vocês, escribas e fariseus hipócritas: que limpais o que está por fora do copo e do prato e por dento estais cheios de rapina e imundice”.
No Antigo Testamento, a purificação dos pratos era regulada por prescrições minuciosas e detalhadas (Num. 7, 4). Ora, era necessário antes da morte de Cristo observar essas cerimônias, mas o que Jesus censura aos fariseus não é sua observância, mas o fato de que não se importavam de forma alguma se os pratos continham o produto de roubo e de imundície ou avareza, ou seja, um desejo insaciável de enriquecer.
Também aqui o Redentor condena a religiosidade por pura aparência, típica dos fariseus, que não pensavam em nada no seu aperfeiçoamento interior, mas apenas em parecerem limpos aos olhos dos homens. O que Jesus quer ensinar não é o desprezo pelas cerimônias, mas procura deixar claro, sobretudo, que a bondade dos atos procede da pureza interior da boa vontade, sem a qual a pureza exterior ou legal não vale a nada. Aqui também Ele sugere que é necessário ter, antes de tudo, pureza de alma e depois também pureza externa.
De fato, para se fazer compreender melhor, o Redentor acrescenta: “Fariseu cego, purifica primeiro o que está dentro do copo e do prato, para que também o que está fora fique limpo” (v. 26). Como podemos ver, Ele não proíbe a pureza legal e externa, mas a subordina à pureza interna e espiritual. Pelo contrário, Ele quer que a comida e a bebida dos fariseus não sejam mais fruto da injustiça, de modo que eles devem, antes de tudo, remover de seus corações toda imundice ou avareza, para que nada externo possa manchar seu espírito.
São João Crisóstomo explica: “O Senhor, querendo mostrar que não há risco em negligenciar as purificações corporais, mas que, ao invés disso, um grande tormento é causado ao negligenciar a purificação da alma, em que consiste a virtude, compara a primeira coisa a um mosquito, por ser insignificante e de pouca importância, e o segundo a um camelo por sua grande importância. Na realidade, todas aquelas minúsculas observâncias legais e cerimoniais foram estabelecidas em relação às essenciais e mais importantes, isto é, em relação à misericórdia e à justiça. Na verdade, mesmo antes da vinda de Cristo, a observância legal não constituía a essência da Lei e não era necessário colocar todo o empenho nelas, enquanto outros preceitos deviam ser observados.” (Comentário ao Evangelho de S. Mateus, Discurso 73, 2).
São Jerônimo observa: “A superstição dos fariseus consiste, sobretudo, em mostrar aos homens a santidade externamente nas roupas, nas palavras, nas filatérias, nas franjas; enquanto nos seus íntimos estão cheios de vícios e sujeira” (Comentário a Mateus, 23, 25-26, livro IV).
Sepulcros caiados
No versículo 27, Jesus reforça a dose, comparando os Escribas e os Fariseus a “sepulcros caiados, que por fora parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e toda sorte de podridão”. De fato, em Jerusalém era costume branquear os túmulos todos os anos perto da Páscoa judaica, a fim de torná-los externamente belos para os peregrinos que vinham em grande número à Cidade Santa para festejar a Páscoa e, sobretudo, para os tornar visíveis e reconhecíveis, de modo que os peregrinos não se contaminassem, obtendo uma impureza legal durante uma semana inteira (Num. 9, 16), tocando-lhes nos corpos. No entanto, apesar de brancos e brilhantes como neve, os túmulos estavam cheios de podridão dentro. Assim, os fariseus e os escribas eram brancos por fora, mas por dentro estavam sujos e longe de Deus.
Por isso Jesus acrescenta: “Assim também vós por fora parecereis justo aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade” (v. 28).
São Jerônimo (Comentário a Mateus, 23, 27-28, livro IV) escreve: “Jesus, neste ponto, confirma com o exemplo dos sepulcros, o que havia mostrado acima com o exemplo do copo e do prato. De fato, embora pareçam limpos por fora, são sórdidos por dentro”.
Agora Jesus conta um pouco da história de Israel para demonstrar o que disse acima. Com efeito, Ele acrescenta um novo “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos e dizeis: Se tivéssemos vivido nos dias de nossos pais [que mataram os profetas], não teríamos sido seus cúmplices no sangue dos profetas” (vv. 29-30). De fato, a história do povo judeu mostra que eles eram, muitas vezes, rebeldes contra Deus e Seus profetas, muitos dos quais foram perseguidos e até mortos por eles. Todavia, seus descendentes, os judeus do tempo de Jesus, farão ainda mais. De fato, eles chegarão ao ponto de matar o Messias.
Assassinos dos profetas e de Cristo
Os descendentes dos assassinos dos profetas, ou seja, os fariseus e os escribas da época de Jesus, restauraram, reconstruíram e, acima de tudo, veneraram seus túmulos, vangloriando-se de não terem participado dos pecados de seus antepassados. Ao contrário disso, Jesus, embora não condene em si mesmo o respeito que demonstraram (mesmo que apenas externamente) pelos profetas, mostra que a atitude deles para com Ele, o Messias anunciado pelos profetas, é a mesma que seus antepassados tinham para com os profetas, uma vez que estão conspirando contra Ele e já decidiram em seus corações denunciá-Lo aos romanos e mandar matá-Lo, apesar de sua doutrina incontroversa e de seus milagres surpreendentes. Portanto, sua intenção é perversa, embora em palavras condenem a conduta de seus pais e demonstrem reverência pelos profetas que foram mortos por eles. Portanto o seu interior é sujo, ou seja, é perversamente obstinado na intenção de matar o Messias e os Apóstolos que Ele enviará para continuar a Sua obra de Redenção, de modo que sejam ainda piores que seus antepassados.
Jesus lhes diz: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos e dizeis: Se tivéssemos vivido nos dias de nossos pais [que mataram os profetas], não teríamos sido seus cúmplices no sangue dos profetas. Assim dais testemunho contra vós mesmos de que sois filhos daqueles que mataram os profetas. Acabai pois de encher a medida de vossos pais” (v. 29-32).
Os fariseus “fingiram um aparente zelo para fingir honrar os mártires, mas na realidade e em seus corações aprovavam aqueles que os haviam matado” (M. SALES, Comentário ao Evangelho segundo São Mateus, II ed., Proceno – Viterbo, Effedieffe, 2015, p. 123, nota n.º 29).
Jesus os repreende porque “sua intenção era má, pois estavam construindo os sepulcros apenas para mostrar externamente as aparências de piedade, enquanto eles tinham no coração a intenção íntima de matar Cristo e seus apóstolos” (Santo Tomás de Aquino, Comentário ao Evangelho segundo Mateus, n.º 1882-1883).
São João Crisóstomo observa: “Jesus amaldiçoa aqui os fariseus não porque eles construíam sepulcros ou denunciavam a maldade de seus antepassados, mas porque fazendo isso e fingindo condenar a impiedade de seus antepassados, eles cometem crimes ainda maiores. São Lucas (11, 47) afirma também que a acusação feita pelos fariseus contra seus pais é puro fingimento, lembrando que justamente por construírem os túmulos para os profetas, mostram que têm os mesmos sentimentos daqueles que os assassinaram: «Ai de vós que edificais sepulcros aos profetas e foram vossos pais que lhes deram a morte». Aqui o Senhor denuncia a intenção dos fariseus em construir estes túmulos: não os erguem para honrar os profetas martirizados, mas sim como que para engrandecer os seus assassinos e temendo que as provas e a memória daqueles crimes desapareçam se o tempo destruir esses túmulos. […] Como, entretanto, não há culpa em ser filho carnal de um assassino, se a pessoa não compartilha das más intenções dos pais, é evidente que Jesus os acusa de parentesco ou conivência espiritual na maldade de intenção. De fato, logo depois Ele diz: «Serpentes, raça de víboras», pois tal como as víboras se assemelham a seus pais pelo efeito mortal de seu veneno, também os fariseus se parecem com seus antepassados na sua intenção e natureza assassina e sanguinária. […] Cristo mostra que não há nada de estranho se Ele mesmo será sacrificado pelos filhos daqueles que mataram os profetas, filhos cruéis e pérfidos, cujos crimes excedem até mesmo os de seus pais. Eles são movidos apenas pelo orgulho, filosofando com palavras, fazendo o oposto com as obras. Além disso, ao chamá-los de «serpentes», Jesus quer dizer que eles são filhos perversos e mortalmente venenosos de pais perversos e mortalmente venenosos. Além disso, eles são piores do que seus pais porque cumprem a medida, pois estes últimos tinham matado os profetas, mas estão prestes a matar o Filho de Deus. Por isso o Senhor os exclui do parentesco espiritual de Abraão e demonstra que é puramente carnal e não lhes servirá de nada, visto que não imitam a fé e as obras de Abraão” (Comentário sobre o Evangelho de São Mateus, Discurso LXXIV, 1).
São Jerônimo escreve: “O Redentor afirma que o que faltou a seus pais foi realizado por seus filhos. De fato, aqueles mataram os servos, vós crucificareis o Senhor; aqueles mataram os profetas, vós a quem os profetas anunciaram” (Comentário sobre Mateus, XXIII, 29-31, livro IV).
Em suma, o Salvador acusa-os explicitamente de terem a mesma disposição, mentalidade e vontade perversa de seus pais carnais. Na verdade, eles são ainda piores do que eles porque desprezaram o Precursor e perseguiram constantemente o próprio Messias.
Castigo dos fariseus e de Jerusalém, serpentes e raça de víboras
No auge de sua indignação, Jesus, retomando a injúria já usada por João Batista contra os judeus (Mt 3, 7; 12, 34), exclama: “Serpentes, raça de víboras, como escapareis da condenação do inferno? Eis que vos envio profetas, sábios e escribas(3); matareis e crucificareis uns, e açoitareis outros nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade. […]. Para que caia sobre vós todo sangue justo que se tem derramado sobre a terra […]. Em verdade vos digo que tudo isso virá sobre esta geração” (vv. 32-33).
De fato, os fariseus que eram seus contemporâneos chegariam ao ponto de matar o próprio Messias, superando a malícia de seus pais, que haviam matado apenas os profetas que O anunciavam de longe. Ao fazer isso, eles levarão ao ápice a medida do delito de seus antepassados e a medida da ira divina, que os castigará com a destruição de Jerusalém e a quebra da Antiga Aliança estabelecida com Abraão e seus descendentes até se converterem a Jesus Cristo pouco antes do fim do mundo (cf. Rom., 11, 25-33).
Santo Tomás de Aquino explica que “a serpente é um animal peçonhento e mata com o seu veneno, por isso são chamados serpentes porque mataram os profetas” (Comentário ao Evangelho segundo Mateus, n.º 1889) e depois matarão também Cristo e seus apóstolos.
São Jerônimo conclui: “Como de víboras nascem outras víboras, assim nascem assassinos dos vossos pais assassinos” (Comentário sobre Mateus, XXIII, 33, livro IV).
A “condenação” ou “julgamento do inferno” é uma expressão tipicamente oriental que significa a condenação ao castigo eterno merecido pelos próprios pecados.
O padre Severiano Dal Paramo observa: “Palavras tão duras na boca de Jesus, que ensinava o amor ao inimigo, não deveriam surpreender. Uma coisa é desejar o mal espiritual do inimigo e outra coisa muito diferente é revelar sua hipocrisia para evitar que seu exemplo prejudique o próximo” (Comentário ao Evangelho segundo Mateus, Roma, Cidade Nova, 1970, p. 343, nota nº 33). Com base em tudo isso, São Lucas nos Atos dos Apóstolos e os primeiros Padres Apostólicos, seguidos pelos Padres apologistas e eclesiásticos, concordam unanimemente que as primeiras perseguições contra os cristãos foram planejadas nas sinagogas dos judeus: “Synagogae Judaeorum, fontes persecutionum” (Tertuliano). De fato, os sofrimentos aqui anunciados por Jesus foram mais tarde infligidos aos Seus discípulos diretos e aos Apóstolos. Basta pensar no martírio de Santo Estêvão, de São Tiago Maior e do Menor e de São Simeão (o segundo Bispo de Jerusalém), assim como as perseguições às quais São Pedro e São João em Jerusalém foram imediatamente submetidos após o Pentecostes. E depois também São Paulo, em quase todos os lugares onde foi, encontrou judeus que estavam conspirando contra ele e que até tentaram matá-lo. Não foram os romanos os primeiros perseguidores de Jesus e dos cristãos, mas sim os judeus.
O padre Severiano Dal Paramo especifica: “É claro que Jesus considera o povo judeu como uma unidade moral desde o início de sua existência até o presente. As mortes de profetas perpetradas ao longo de sua história são, portanto, apresentadas como crimes nacionais. O assassinato de Jesus, o Senhor de todos os profetas, ultrapassou a medida da indulgência divina. A punição causada pelo deicídio atingiu, pela razão acima referida, toda a nação. Em outras palavras, os hebreus, ao matarem Jesus, ultrapassaram todos os limites e provocaram a vingança divina, que não tinha caído sobre eles por todo o sangue inocente que já tinham derramado: Jerusalém foi destruída, e com ela também o Templo, e os judeus deixaram de existir como nação ”(citação, p. 344, nota n.º 38), eles perderam o Sacerdócio e o Sacrifício.
Visto que os fariseus do tempo de Jesus farão o que seus pais não ousaram fazer, isto é, matar o Filho de Deus, eles preencherão assim a medida da ira de Deus, que cairá sobre eles, sobre todo o povo e sobre os seus filhos. Além disso, Jesus mostra claramente o espírito criminoso que animou os fariseus de seu tempo e também seus antepassados, profetizando o tratamento que teriam reservado a Ele e aos apóstolos. De fato, Jesus predisse o que eles fariam logo depois e também o que Ele fará especialmente no ano 70 com a destruição de Jerusalém e seu Templo. Ele será morto em três dias, então enviará Seus apóstolos até eles, mas eles os perseguirão e os matarão, e depois o Senhor usará o exército romano para destruir sua Cidade Santa (70 d.C.) e, depois, toda a Palestina (135 d.C.), uma vez que pelo seu deicídio e perseverando neste crime, continuando a martirizar também os Apóstolos de Cristo (Estêvão, Tiago Maior e Menor), os escribas e saduceus cometeram um crime infinitamente mais grave do que aqueles cometidos por seus antepassados ao matarem os profetas do Antigo Testamento, e é por esta razão que eles serão tão severamente punidos.
Fim.
NOTAS
- O endro é uma planta perfumada e odorífera cujas sementes os judeus usavam como condimento.
- O cominho é também uma planta odorífera cujo fruto era usado para dar sabor aromático à comida e ao vinho.
- Os termos “profetas, sábios e escribas”, na linguagem semítica, indicam os evangelizadores cristãos, ou seja, os Apóstolos do Novo Testamento, que foram pregar o Evangelho primeiro na Palestina e depois em todo o mundo anunciando a mensagem cristã a todos, tanto judeus como gentios. O Evangelho de São Lucas chama-os de “ministros da palavra” (1, 2).