No ofertório, o sacerdote, como um novo Moisés, sobe à temível montanha para ali conversar com Deus e apresentar-lhe a sua oferta, em união com os fiéis.
Fonte: Apostol n° 171 – Tradução: Dominus Est
A partir do lavabo, o rito da missa entra numa fase solene, marcada por um certo silêncio nas palavras e nos gestos cuja cronologia descreveremos a seguir. Inclinado no meio do altar, com as mãos unidas, o sacerdote recita, em voz baixa, uma grande oração que resume tudo o que ele realiza: “Recebei, Santíssima Trindade, esta oblação que vos oferecemos…” São Pio V escolheu esta oração como sendo a melhor entre todas as fórmulas muito semelhantes usadas nas diferentes igrejas para renovar o recolhimento do celebrante. Mencionando também os Santos, cujas relíquias estão incrustadas no altar, o sacerdote as beija e, voltando-se para os fiéis, diz “Orate fratres”.
D. Gaume comenta: “O sacerdote deixará os fiéis para adentrar no segredo do santuário. Como um novo Moisés, ele vai subir a formidável montanha para ali conversar com Deus. Mas não se esquece, antes de dar este grande passo, que carrega consigo as inseparáveis fraquezas da humanidade e que precisa, nesta terrível ocasião, ser ajudado pelas orações do povo, e diz: ‘Orai irmãos’“. Esta expressão certamente remonta aos próprios apóstolos. O rito cartuxo diz: “Orai por mim, pobre pecador”. Ao resto da fórmula, enquanto o sacerdote se voltava para o altar, foi acrescentado posteriormente: “o meu sacrifício que também é vosso…”. Os fiéis respondem: “Receba, o Senhor, de vossas mãos este sacrifício…”. O padre, como que reconfortado e aliviado, responde em silêncio: Amém, isto é: “assim seja”!
O isolamento do sacerdote é representado pelo fato de permanecer de costas para o povo. Na antiguidade latina e oriental, o santuário era fechado e o sacerdote desaparecia do olhar dos fiéis. Segue-se, então, a sacratíssima liturgia composta pela secreta, pelo prefácio e pelo cânon. A oração e o cânon formam a chamada secreta: as coisas separadas e santíssimas. Elas são ditas em voz baixa. O prefácio também faz parte da secreta, mas não é silencioso. Em contraste, ele irrompe solenemente, assim como no Monte Sinai a majestade divina se manifestou numa liturgia de glória e santidade: Sanctus, Sanctus Sanctus.
Pe. Lionel Héry, FSSPX