ADELANTE LA FE: E LEFEBVRE TINHA RAZÃO

Dom Marcel Lefebvre (33) | Permanência

Fonte: Adelante la Fe – Tradução: Dominus Est

Visto todo o ocorrido, há de se afirmar de forma inequívoca: Mons. Lefebvre tinha razão quando fez o que fez. Após a promulgação do Motu Proprio que ataca a Missa tradicional, e o efeito imediato em todos os níveis da estrutura interna da Igreja, a Fraternidade Sacerdotal São Pio X (fundada por Lefebvre) vem a ser como que um baluarte seguro onde a liturgia católica está protegida.

Lefebvre foi rotulado de fanático, integrista, cismático, fundamentalista … etc. Por décadas, apenas pronunciar seu nome (sem sobrenome ofensivo) significava ser considerado quase excomungado pela própria Igreja. Lembro-me muito bem de uma conversa que tive, em 1991, com um jesuíta, sobre um amigo que parecia querer entrar no seminário de Econe (da FSSPX) e do tremendo choque que ele teve ao saber que foi fundado por Lefebvre, cujo movimento foi qualificado por este jesuíta (e cito textualmente) como “a maior brutalidade“. A verdade é que aquela cena me deixou impressionado e me lembro dela como uma cena horrível de um filme de terror. Uma cena importante da lenda negra lançada sobre um Bispo que durante sua vida só procurou restaurar todas as coisas em Cristo, e que durante o seu ministério na África alcançou um dos maiores crescimentos missionários realizados na história.

Pois bem: lembremo-nos agora da [cena] verdadeira. Em primeiro lugar, Lefebvre nunca foi cismático, pois nunca quis formar uma hierarquia paralela à hierarquia oficial da Igreja. Em todos os seus seminários e priorados a fotografia emoldurada do Papa (João Paulo II e posteriores) era colocada, e claramente visível, porque ele nunca afirmou que a Sé Romana estava vacante. De fato, o movimento sedevacantista nunca teve qualquer aliança ou aceitação de Monsenhor, e até hoje ele ainda é alvo de tantas desqualificações quanto de seus inimigos modernistas.

Em segundo lugar, e não menos importante: Lefebvre não ordenou bispos por um ato de desobediência, mas sim por causa de uma situação de emergência face à terrível crise existente -forçosamente manifestada no lamentável ato de Assis conduzido por João Paulo II poucos meses antes -, para assegurar a continuidade da Fraternidade depois de sua morte (três anos depois daquelas sagrações episcopais), para o bem das almas. Graças a Mons. Lefebvre, a FSSPX avançou e, com quatro bispos ordenados, todos os anos padres católicos continuaram e continuam a ser ordenados a serviço das almas e para a Glória de Deus. Em 2009, o Papa Bento XVI levantou as penas de excomunhão e ele e seu sucessor, Francisco, declararam a validade dos sacramentos celebrados pelos padres e bispos da FSSPX.

Sim, Lefebvre tinha razão. Dado que, por meio de meios canônicos penais, a Missa tradicional poderia desaparecer publicamente na estrutura eclesial dependente de Roma, a FSSPX permanece, no entanto, como uma garantia da continuidade da mesma Missa tradicional. Realmente, no que diz respeito à Missa, na época de Lefebvre as coisas eram ainda piores do que agora, e ele tinha a intuição do que ia acontecer e, portanto, agiu dessa forma. E é bem possível que no futuro a história lhe dê oficialmente razão e que sua pessoa (e obra) seja totalmente reabilitada na Igreja, de forma oficial. O bispo “maldito”: cismático, integrista e fundamentalista… o fanático que acabou por deixar um traço de “brutalidade” pode manifestar-se como um grande mártir da Verdade cujo testemunho serve de incentivo e exemplo para as gerações futuras.


Pe. Ildefonso de Asís