BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – JULHO/23

Caríssimos fiéis,

Dillon Reeves poderia ter permanecido um ilustre desconhecido durante toda a sua vida. Mas desde 27 de abril deste ano, seu nome se tornou famoso. Esse jovem americano, de Michigan, percebeu que seu ônibus escolar estava andando em ziguezague. O motorista havia desmaiado e Dillon fez o veículo retomar a sua trajetória e depois o parou completamente. Tudo isso apesar de ter apenas 13 anos de idade. Por que ele foi o único a perceber a anomalia na direção? Ao contrário de seus amigos, ele não estava absorto em seu celular. Como ele soube manobrar o ônibus? Dillon não tem celular! Isso permitiu que ele observasse o motorista todos os dias. Pais, os Senhores dão um celular aos seus filhos, para que eles não fiquem isolados do mundo. Claro, eles estão em contato com o mundo, mas desconectados da realidade.

O aspecto mais surpreendente desse caso provavelmente não é o ato heroico do menino, mas a reação das outras crianças, cujas vidas talvez ele tenha salvado: depois que o veículo parou, Dillon lhes disse que pedissem ajuda. Nenhuma delas quis fazê-lo, pois estavam muito ocupadas filmando a cena. Pais, os Senhores dão um telefone celular aos seus filhos para a segurança deles. Os Senhores não estão apenas colocando em risco seus corpos e almas, mas também destruindo o altruísmo deles. A postagem supera a caridade!

Tudo isso também se aplica, é claro, aos adultos.

A tecnologia é indiferente. Ela é tão boa quanto as virtudes da pessoa que a utiliza. Por isso, é importante ser virtuoso antes de usar instrumentos potencialmente perigosos. A história recente nos mostra os poderes fascinantes e paralisantes de certos instrumentos. Os jovens colegas de Dillon preferiram testemunhar um ato corajoso em vez de participar dele, simplesmente para brilhar nas redes sociais.

O perigo é grande. Lutero e seus seguidores pregavam a salvação pela fé sem obras.

Mas São Paulo nos advertiu muito bem: se tivermos fé e não tivermos amor, não somos nada. No dia do julgamento, “Eu teria querido…” não terá valor algum. Só valerá: “Eu fiz…”, “Eu não fiz…”. O ditado popular diz tudo: “O caminho para o inferno é pavimentado com boas intenções”.

Portanto, deixemos o celular. E, em vez de transmitir as virtudes dos outros, trabalhemos para desenvolver as nossas próprias. “Ao fazer com que Nosso Senhor Jesus Cristo reine, não apenas levamos vida espiritual às almas, mas também trazemos a elas todos os benefícios da vida temporal, porque não pode haver verdadeira felicidade temporal que não seja um efeito da vida espiritual. Se a vida espiritual não estiver na raiz da felicidade temporal, essa felicidade não estará fundamentada na virtude da justiça, da prudência ou da temperança. Mas com Nosso Senhor Jesus Cristo, com sua graça, todas as virtudes florescem e, ao mesmo tempo, surge a civilização cristã e, consequentemente, a economia e a política de acordo com a virtude cristã”.

“A civilização cristã é fruto das virtudes naturais e também das virtudes sobrenaturais, no sentido de que estas últimas influenciam nossa natureza. Por exemplo, a polidez, a bondade e a cordialidade são virtudes naturais, mas são aperfeiçoadas pela graça. Por isso que a civilização cristã é belíssima, porque restabelece na sociedade as virtudes sociais que contribuem para uma vida agradável”. (Dom Marcel Lefebvre).

Nosso Senhor iniciou sua missão salvadora por um ato de caridade. Sua santa Mãe, ainda O carregando em seu seio, foi ajudar sua prima Isabel, que estava grávida. Quando se encontraram, João Batista foi purificado do pecado original antes mesmo do seu nascimento por seu primo divino.

Nossa Senhora da Visitação, dai-nos a caridade que nos permitirá salvar muitas almas.

Padre Jean-François Mouroux, Prior

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