BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – JULHO/24

Caros fiéis,

Uma de nossas fiéis era muito ativa em sua paróquia. Quando ela deixou de vir, o pároco lhe perguntou para onde estava indo. “Para a Missa Tridentina”. O padre respondeu: “Não, você tem que vir à missa humana”. Ele provavelmente estava se referindo a uma missa que estivesse próxima das pessoas. Mas sua expressão descreve perfeitamente a situação. A Missa Nova é a Missa do homem que quer se tornar Deus. A Missa Tridentina é a Missa de Deus feito homem. Essa realidade é óbvia quando se entra em uma igreja pós-conciliar: no centro do santuário, não é mais o tabernáculo que contém a Presença Real que está entronizado, mas o assento do celebrante (veja o artigo A igreja da nova liturgia, do Padre Grégoire Celier, fsspx; em nosso site).

O Padre Celier escreve: “Uma igreja, como qualquer outro edifício, reflete em sua arquitetura as ideias daqueles que a construíram. Construída para uma determinada liturgia, um determinado cerimonial, uma determinada teologia, ela necessariamente expressa esses valores. Por meio da sua organização, cria um clima particular, favorável à implantação da forma de expressão religiosa que presidiu sua concepção”. Essas considerações condenam a prática de uma “nova missa bem celebrada” atrás da qual alguns conservadores se refugiam.

O problema da nova missa não é apenas litúrgico. É um problema doutrinário. Por que a arquitetura das igrejas modernas é diferente das igrejas antigas? Porque a liturgia mudou. Por que a liturgia mudou? Porque a doutrina mudou. E qual é a doutrina por trás da nova missa? A doutrina ecumênica do Vaticano II. Paulo VI queria remover da missa tudo o que pudesse desagradar aos protestantes. Assim, a natureza sacrificial da missa e as referências à Presença Real foram removidas e, consequentemente, o papel do sacerdote – oferecer o sacrifício – foi apagado.

A nova arquitetura das igrejas acompanhou essa evolução. Antes as igrejas eram projetadas longitudinalmente com uma perspectiva vertical que elevava as pessoas em direção a Deus. As novas igrejas são projetadas para assembleias em largura; a horizontalidade da colegialidade permanece no novo povo de Deus. A visão monárquica deu lugar a uma visão democrática.

Nós não entramos mais na Igreja, nós fazemos a Igreja!

Entendemos que o problema com a nova missa não se limita aos abusos que ela tem provocado: comunhão na mão e sem confissão prévia, atitudes desrespeitosas, pregação errônea e assim por diante. O problema também não é a validade em si. Uma missa pode ser válida sem que as pessoas tenham permissão para participar. Assim são as missas ortodoxas ou as missas satanistas.

O verdadeiro problema é doutrinário. A nova missa transmite o modernismo que mata as almas. Essa nocividade não precisa mais ser provada.

É por isso que não faz sentido querer viver de acordo com a doutrina tradicional enquanto se pratica uma liturgia modernista. É como pegar um trem para o

Rio de Janeiro e querer ir para São Paulo.

O padre ou fiel que deseja trabalhar pela salvação das almas por meio da nova Missa é como se o Ayrton Senna quisesse ganhar um Grande Prêmio de Fórmula 1 com um fusca. O piloto pode ser excelente, mas com um equipamento inadequado não conseguirá nada. Não se trata de julgar uma pessoa ou outra. Isso cabe somente a Deus. Alguns podem se salvar apesar do modernismo, mas é preciso dizer que esse não é o caso da maioria.

Portanto, é com total lógica e legitimidade que a Fraternidade São Pio X está dizendo a seus fiéis para não participarem da nova missa, mesmo nos domingos em que não há missa tridentina. A missa dominical obrigatória tem o objetivo de louvar a Deus e santificar as almas. A nova missa faz o oposto. Se a letra da lei entrar em conflito com seu espírito, ela perde seu caráter imperativo.

Continuamos apegados exclusivamente à “missa divina”, que São Vicente Ferrer disse ser “a mais alta obra de contemplação”.

Que Deus os abençoe!

Padre Jean-François Mouroux, Prior

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