BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – OUTUBRO/25

Novena de Nossa Senhora do Rosário - Instituto Santo Atanásio

 Caros fiéis,

Quando os portugueses partiram pelos oceanos para explorar o mundo, não se deixaram levar pelos ventos nem pelo movimento das ondas; definiram as suas viagens de acordo com dados objetivos: a sua bússola e as estrelas. Da mesma forma, na jornada da sua existência, os católicos não podem deixar-se levar pelas modas mundanas ou pelas tendências da internet. Devem definir a sua atitude de acordo com a bússola da fé e os exemplos dos santos, que são estrelas no seu caminho. Este critério objetivo é a Tradição Católica, um conjunto de textos e práticas cuja unidade pode ser apreendida pelo estudo da história da Igreja.

Considerando essa harmonia ao longo dos séculos, não se pode deixar de admitir, sem cegueira ou má-fé, que o Concílio Vaticano II foi uma ruptura. Em 2000 anos de cristianismo, a Igreja nunca experimentou tantas reformas, tão profundas e tão distantes da Tradição. Vemos isso todos os dias; às vezes de forma particularmente escandalosa, como em 6 de setembro. Naquele dia, uma peregrinação LGBTQ+ pôde oficialmente entrar na Basílica de São Pedro. Antes, seus participantes haviam assistido a uma missa celebrada por um dos vice-presidentes da Conferência Episcopal Italiana. Este bispo dirigiu-se aos participantes: “Irmãos e irmãs, digo isto com emoção: é hora de restituir a dignidade a todos, especialmente àqueles a quem ela foi negada“. Uma declaração que foi recebida com longos aplausos. Em seguida, todos os participantes foram convidados a receber a comunhão. É interessante notar que o próprio bispo reconheceu a ruptura com a Tradição. O que era condenado torna-se permitido. O que era pecado torna-se virtude. Uma inversão verdadeiramente diabólica!

Nenhuma reação do Vaticano. Mas algumas reações notáveis de prelados honestos. Para o Cardeal Müller: “Eles profanaram o templo de Deus… abusaram da fé católica, da graça e do símbolo da Porta Santa para fins de propaganda, vivendo em aberta contradição com a vontade do Criador”.

 Ele acusa esses propagandistas de sacrilégio. Por sua vez, o Bispo Athanasius Schneider manifestou-se com veemência e indignação contra esta peregrinação, denunciando-a como uma “profanação” da Porta Santa e uma “zombaria” de Deus, exigindo reparação. Serão estes dois prelados desobedientes? São protestantes? Claro que não. A reação deles é defender a Tradição, para a qual adotam uma atitude de fidelidade.

No entanto, indignação e condenação não bastam. É preciso voltar às causas para compreender o mal e remediá-lo. De acordo com o cânon 844 do Código de Direito Canônico de 1983, um padre católico pode, em casos de grave necessidade, administrar os sacramentos da Penitência, Eucaristia e Extrema-Unção a não católicos, desde que estes tenham a “fé católica” neste sacramento. Por exemplo: um padre católico pode dar a comunhão a um ortodoxo, sob o pretexto de que este último tem fé na Presença Real. Mas onde na história da Igreja se viu que um sacramento pudesse ser administrado a um cismático ou herege sem primeiro exigir sua conversão? Nunca!

Pecados contra a fé são mais graves do que pecados contra a moral, porque se opõem diretamente a Deus. Assim, é mais grave dar a comunhão a um não católico do que a um católico imoral. Para manter uma posição consistente de fidelidade à Tradição, devemos denunciar não apenas os escândalos de hoje em 2025, mas também os de ontem (as reformas pós-conciliares) e seus fundamentos (o Concílio Vaticano II). Foi essa atitude de fidelidade integral que Dom Marcel Lefebvre adotou. A Fraternidade por ele fundada existe há mais de 50 anos e todos podem ver que ela manteve essa posição ao longo do tempo.

Que Nossa Senhora do Rosário nos ajude a merecer a perseverança nessa fidelidade.

Deus os abençoe.

Padre Jean-François Mouroux, Prior

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