COLETA E LAVABO

A coleta dominical não é um “parênteses” incongruente no meio da Missa. Ela faz parte do rito.

Fonte: Apostol n° 170– Tradução: Dominus Est

O famoso Bispo americano Mons. Fulton Sheen viajava num avião que entrou numa zona de turbulência. O avião estava tão agitado que uma comissária se aproximou do padre: “Por favor, padre, poderia fazer algo religioso por nós!” Então Mons. Sheen se levantou e começou a fazer uma coleta com seu chapéu. Era uma ironia, mas não desprovida de verdade.

Foi São Paulo quem instituiu a coleta em favor dos pobres. Ele fala, em outras partes, do sustento daquele que celebra no altar. Durante séculos, as doações foram feitas em espécie. Mas esta prática foi suprimida por uma questão de boa ordem. Doravante, as esmolas seriam dadas em dinheiro para sustentar os mais necessitados: o clero e os pobres.

Há um duplo propósito aqui explicado por São João Crisóstomo: “São Paulo estabeleceu que as coletas seriam realizadas no domingo, dia do sol e da ressurreição. Cada um de nós traz à assembleia sua modesta oferta, de acordo com suas posses: ninguém é taxado”. O primeiro objetivo é a caridade para com o próximo, e a segunda é a purificação das faltas: “Nossos pais colocaram os pobres à porta de nossas igrejas como fontes de purificação, pois a esmola é muito mais poderosa para purificar nossas almas do que a própria água para purificar nossas mãos.” Pela esmola da coleta, a assembleia se une ao celebrante que lava os dedos.

Esta cerimônia, diz D. Gaume, baseia-se em duas razões: uma natural e outra misteriosa. Certamente é necessário lavar os dedos após a incensação (e, no passado, após a manipulação das ofertas em espécie). Mas São Cirilo de Jerusalém disse: “Pensas que é para limpar o corpo? De modo algum. Esta lavagem das mãos nos recorda que devemos estar limpos de todos os nossos pecados, porque nossas mãos significam nossas ações. Lavar as mãos nada mais é do que purificar as nossas obras” (Catequese Mistagógica, 5). O Salmo Lavabo adequa-se perfeitamente a esta ação litúrgica do sacerdote, na qual os fiéis se associam pelo óbolo no cesto.

Pe. Lionel Héry, FSSPX