O ESQUECIMENTO DO ESSENCIAL

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Grande é a tentação para o cristão de colocar sua vida interior de lado, deixando-se levar pela agitação.

Fonte: Apostol n° 158 – Tradução: Dominus Est

Num momento em que os meios de comunicação voltam a instigar o medo, é grande a tentação para o cristão de dar uma pausa (novamente) em sua vida interior, deixando-se levar pela agitação.

Não é uma pena constatar que a vida interior – que é aquilo de mais necessário para um cristão, seguir a Cristo na verdade – não seja uma das coisas menos praticada? A vida de união com Deus é essencial e muito poucos são os que se preocupam com ela. Nosso Senhor disse, porém: “O Reino de Deus está dentro de vós” (Lc 17, 21). O que é esse reino de Deus? A Graça santificante, verdadeira participação em Sua vida divina, que é semeada em nós no batismo como um grão de mostarda, e que é chamada a florescer até que a nossa alma esteja totalmente banhada no mundo sobrenatural.

Qual a realidade, então? Esta é A grande realidade: a vida de Deus em nós, nosso crescimento na graça. Em uma de suas parábolas sobre o reino de Deus, Nosso Senhor toma a imagem de um semeador (Mc 4, 26-29) cuja semente cresce dia e noite sem que ele perceba. Um famoso carmelita comentou:

“Confiemos no Espírito Santo, na obra de Deus em nós, e nos tornaremos santos. Deus trabalhará. Insistindo neste ponto, vemos que é da vida interior que se trata. A vida da semente tem lugar dentro da terra; ela é independente de acontecimentos externos. Pode haver revoluções, o grão continua crescendo. Eventos atmosféricos, tempestades, sol, tudo isso favorece o desenvolvimento da planta. Tememos a chuva, e ela é necessária. Tememos o sol e seus raios ardentes, e eles ajudam a desenvolver a planta, a dar-lhe uma força interior, uma vida que floresce.”

Pe. Marie-Eugène de l’Enfant-Jésus, De noite e de dia, as parábolas do Reino, Ed. du Carmel, 2020, pág. 112

O que resta fazer? Voltar ao essencial, por meio da oração.

Pe. Guillaume Scarcella, FSSPX