Quando os “bons apóstolos(*)” pregam a nós, católicos tradicionais, aceitar as novidades pós-conciliares em nome da unidade cristã, dificilmente fico comovido.
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
A unidade da Missa não foi destruída por nós, mas por aqueles que inventaram uma nova Missa. A unidade da fé não foi arruinada por nós, mas por aqueles que desprezam dos dogmas. A unidade na caridade não depende de nós, mas daqueles que ainda mantêm uma espécie de excomunhão de fato contra D. Lefebvre e aqueles que, como ele, permanecem fiéis à religião católica.
Com que unidade sonham esses “bons apóstolos”? Suponham, por um instante, Deus nos livre, que eles pudessem aniquilar tudo o que fosse tradicional e ainda sufocar a imensa multidão de cristãos resistentes, atordoados pela nova religião: os senhores acreditariam que esse massacre faria nascer a unidade?
Esses “bons apóstolos” não alcançariam a unidade da Missa. Pois removendo a de São Pio V, restariam ainda uma centena delas e todos os domingos trariam uma nova para os telespectadores. Esses “bons apóstolos” não alcançariam a unidade com os protestantes; eles se tornariam uma seita entre trezentas outras seitas. Estes “bons apóstolos” não seriam sequer capazes de chegar a um pensamento comum, porque seus cérebros evolutivos não sabem mais como distinguir a verdade do erro. Para eles, a única heresia é tomar a Revelação divina como verdadeira.
Será que esses “bons apóstolos”, depois de terem suprimido todos os seus inimigos, finalmente desfrutariam de caridade cristã e perfeita unidade entre si? Duvido, pois sua religião é o culto ao homem. E todos sabem disso: o homem é o lobo do homem.
Cristo orou pela unidade de seus discípulos. Peço aos leitores que releiam 25 versículos do Evangelho (S. João 17, 1 a 25) que nos mostram esta oração e durante a leitura se questionem. Cristo ensinou a seus discípulos uma unidade indiferente ao conteúdo da fé? A oração de Jesus começa com estas palavras: “Ora, a vida eterna é esta: que conheçam a ti como único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. “Que todos sejam um …” disse Jesus.
Por que colocam um ponto final como se Jesus tivesse dito: sereis um por acreditar no que quiser, sereis um e pouco importa se pensas que minha mãe não é a mãe de Deus. Você será um, esqueça todo o restante do Evangelho.
Não há ponto final depois do “que todos sejam um…”
Leiam cuidadosamente:
“…para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim e eu em ti, para que também eles sejam um em nós, a fim de que o mundo acredite que me enviaste.”
E de novo: “Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu conheci-te e estes conheceram que me enviaste. Fiz-lhes e far-lhes-ei conhecer o teu nome, a fim de que o amor com que me amaste, esteja neles, e eu neles. “
A unidade pela qual Cristo orou tem pouco a ver com a “solidariedade humana além das fronteiras confessionais” que os novos apóstolos propagam. Ela se realiza na Verdade.
Pe. Philippe Sulmont, FSSPX
Boletim Paroquial de Domqueur n ° 112
(*) O “bon apôtre” (bom apóstolo) é uma referência a Judas Iscariotes. Este fez crer na sua bondade de alma e nas suas boas intenções mostrando hipocrisia.