ECUMENISMO: DESTRUIDOR DAS NAÇÕES

Fonte: FSSPX África – Tradução: Dominus Est

Nosso Senhor, no dia de Sua Ascensão ao Céu, deu aos Apóstolos o que os gregos chamam de “a Grande Comissão”: “Ide, pois, ensinai todas as gentes, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, ensinando-as a observar todas as coisas que vos mandei; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.(1) Essas palavras de Nosso Senhor constituem a própria missão da Igreja Católica: fazer discípulos entre todas as nações, dar-lhes os sacramentos e governá-los pelas leis da graça que Nosso Senhor nos deu. 

Os diversos povos aos quais os apóstolos e seus sucessores seriam enviados se tornariam grandes nações ao receberem a doutrina e a graça de Nosso Senhor. Os rudes e brutais governantes das terras pagãs, ao receberem o batismo, não só receberam graça em abundância, mas também receberam uma ordem civilizadora, uma base sólida para o seu governo. Quando o poder civil recebe e promove a doutrina de Cristo, a abundância das bênçãos de Deus flui sobre a terra e os seus governantes. Contudo, quando Deus não é honrado e a Sua Igreja é prejudicada, em vez de ser ajudada na sua missão, a tristeza e a desolação rapidamente dominam até mesmo o mais forte dos impérios. 

A sociedade moderna orgulha-se de ser “independente” em questões religiosas. Na prossecução dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, acredita que o Estado ou a constituição civil devem ser “neutros” no que diz respeito à religião. Esta ideia recebe o nebuloso termo “liberdade religiosa”, ou seja, a garantia do exercício de qualquer religião, independentemente da sua forma. De acordo com esta visão moderna, os indivíduos no Estado moderno podem ter quaisquer crenças religiosas, desde que não interfiram na ordem pública. Dito fundamentalmente, as leis do país não devem ser influenciadas por nenhuma religião em particular, mas sim aceitá-las todas. O Estado moderno ideal é aquele que é “indiferente” à religião, ou mais propriamente, que não tem religião oficial.

Entretanto, todo esse projeto, que é chamado de ordem moderna das sociedades democráticas, baseia-se em princípios completamente falsos. Os homens simplesmente não são criados iguais. Eles não são iguais no que diz respeito ao seu estatuto econômico ou social, nem nos seus talentos físicos. Eles nem sequer são criados com oportunidades iguais, pois cada pessoa é muitas vezes drasticamente limitada por circunstâncias que lhe são dadas pela natureza e que estão além do seu controle. Cada criança chega a esse mundo drasticamente dependente dos outros para a sua mera sobrevivência. A própria estrutura da sociedade depende até mesmo de alguns membros dizerem aos outros o que fazer, uma vez que nem tudo pode ser feito por todos. Assim, a própria noção de fraternidade é antitética ao que chamamos de civilização, uma vez que a civilização exige uma divisão de trabalho e responsabilidades. O Estado moderno está, pela sua própria natureza, a destruir os alicerces sobre os quais deve ser construído. 

Simplesmente não existe um estado ou governo que seja “indiferente” à religião. O estado sempre terá algum conjunto de regras que regem o comportamento. Algumas ações são toleradas, outras são recompensadas e ainda outras são punidas. O que é permitido ou proibido na sociedade é uma questão fundamentalmente religiosa e moral, uma vez que toca o bem comum da sociedade e descreve o que o Estado espera dos seus cidadãos. A política pública em relação ao comportamento é a declaração necessária e óbvia do que o Estado considera como condições de boa vida e do que torna as pessoas éticas e morais. Essa política pública pode ser completamente ilógica e até autodestrutiva, mas existe mesmo assim. De fato, não haveria governo sem ela. Dizer que o Estado não tem “religião oficial” é, na verdade, uma mentira. Ele sempre demonstra sua religião pelas leis que promulga, pelo que considera aceitável ou inaceitável, assim como qualquer organização religiosa faz. A religião oficial pode não ser muito coerente e baseada em princípios completamente falsos, mas, mesmo assim, há sempre uma religião que o Estado promove, mesmo que finja o contrário. 

A “liberdade religiosa” moderna tem como consequência natural a destruição completa da ordem civil e até daquilo que chamamos de civilização. Se levarmos o princípio ao seu extremo lógico, isso significa que não devemos prender o assassino ou punir o ladrão. Todo ladrão apresentará alguma justificativa para suas ações, e todo assassino dará alguma racionalização para seu comportamento. Essas justificações e razões constituem uma espécie de convicção religiosa. Não deveríamos aceitar estes raciocínios e justificações? Se levarmos a noção de indiferentismo à sua conclusão, então não há razão para punir tais pessoas. Se todas as religiões devem ter os mesmos direitos, de que forma podemos recusar o acesso dos satanistas à praça pública? Se o Estado permanecer indiferente a todas as expressões religiosas, mesmo o sacrifício de crianças, terá em breve a permissão e até o financiamento do Estado para tal. Ao afirmar não ter uma religião oficial, o Estado entrega-se essencialmente à adoração de demônios e pervertidos. 

Nosso Senhor nos diz para damosr a César o que pertence a César, e a Deus as coisas que são de Deus. O próprio César deve responder a Deus pelas leis que promulga e aplica, pelos iniquos que não puniu e pelos inocentes a quem prejudicou. Ele simplesmente não tem autoridade para nos impor uma ordem que seja contra Deus. 

Para que não sejamos infectados com esta fumaça tóxica de erro que permeia toda a sociedade civil, devemos lembrar-nos frequentemente que somos obrigados a adorar a Deus como o próprio Deus nos revelou. Não temos o direito de adorar a Deus falsamente, nem de fornecer falsas justificativas para o nosso comportamento miserável. Somos obrigados a professar a verdade não apenas em particular, mas especialmente em público. Talvez tenhamos que tolerar aqueles que cometem erros, uma vez que não temos os meios para remover totalmente o erro. Entrettanto, de forma alguma temos o direito de promover aqueles que agem mal. Devemos rezrar pelos nossos países para que se tornem cada vez mais cristãos, professando o único nome pelo qual podemos ser salvos, (2) diante do qual todo joelho deve se dobrar, daqueles que estão no céu, na terra e debaixo da terra. (3)

Notas:

(1) Mt XXVIII 19-20

(2) Atos IV 12 “Não há salvação em nenhum outro. Porque, sob o céu, nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual nós devamos ser salvos .”

(3) Fil II 10 “Para que, ao nome de Jesus, se dobre todo o joelho no céu, na terra e no inferno.”