“Se forem expulsos, simplesmente ocuparão outra igreja, e o processo legal terá que começar novamente – a Catedral de Notre Dame havia sido mencionada.”
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Fonte: FSSPX Ásia – Tradução: Dominus Est
No domingo, 27 de fevereiro de 1977, a igreja de Saint Nicolas du Chardonnet, em Paris, foi “ocupada” por Católicos tradicionalistas, ou melhor, “libertada” como eles preferem expressar. A igreja estava ainda firmemente sob o controle deles em 1983, e é, certamente, a mais popular e próspera paróquia de Paris. Histórias melodramáticas do evento foram divulgadas por progressistas. Houve até relatos que deram a impressão de que ela havia caído nas mãos de um esquadrão de uma milícia fascista que usava rosários como socos-ingleses! Quando o Papa visitou a França em 1981, um apelo lhe foi feito para celebrar a Missa com os paroquianos depostos no Salão (Salle Wagram), que eles tiveram que usar desde que ficaram sem igreja. O Papa recusou o convite. Como o artigo a seguir deixa claro, Saint Nicolas funcionava como paróquia-conjunta com a paróquia de Saint Sérvrin, literalmente a poucos passos de distância. Nesta enorme igreja há uma ampla sala que comporta 100 vezes o número dos paroquianos de Saint Nicolas, ou supostos paroquianos dessa igreja, que não querem mais rezar lá, agora que a Missa Tridentina é oferecida mais uma vez. Embora, estritamente falando, a ocupação de Saint Nicolas não faça parte da história da ruptura entre D. Lefebvre e o Vaticano, que é o assunto deste livro, ela deve ser inserida dentro deste contexto histórico– particularmente no que diz respeito à situação da França. Foi certamente o acontecimento mais dramático do conflito secular entre Tradição e Liberalismo que ocorreu na França desde a triunfante Missa em Lille, pouco mais de seis meses antes (cfr. Vol. I, pp. 253-271)
Tive a grande sorte de visitar Saint Nicolas em 12 de abril de 1977. O relato que se segue é o que escrevi para o The Remmant de 30 de abril de 1977.
Data: terça-feira, 12 de abril de 1977.
Local: Paris – mais precisamente a estação de metrô Maubert-Mutualité.
Horário: cerca de 18:15h.
Saio da estação de metrô, e a primeira coisa que observo é o som do sino da igreja soando triunfante, imperiosamente sobre o barulho do tráfego da hora do rush e as multidões apressadas para voltarem pra casa. Em poucos instantes, vejo a igreja onde o sino está tocando – é a Igreja de St. Nicolas du Chardonnet, a igreja onde ocorreu um milagre. Um milagre? Il ne faut pas exagérer, dizem os franceses: “Não se deve exagerar”. Mas isso não é exagero. Até o primeiro domingo da Quaresma, isso era típico da maioria das igrejas paroquiais de Paris. Menos de 100 fiéis compareciam a todas as Missas celebradas no domingo. A outrora bela igreja tinha uma aparência suja e dilapidada. As assembleias dominicais, como a Missa agora é chamada na França, eram celebradas sobre uma mesa colocada sobre um pódio coberto com um material roxo extremamente esfarrapado. O altar havia sido abandonado – aparentemente para sempre.
Durante a Missa, no final da manhã do primeiro domingo da Quaresma, começou o milagre. O punhado de devotos começou a crescer. Lenta, mas seguramente, a igreja começou a encher. Em pouco tempo, ela estava cheia. Os fiéis estavam em pé nos corredores. Um dos clérigos da paróquia não conseguiu conter seu espanto.
“Quem é você? Por que está aqui? É um imenso prazer.”
“Esperamos que você ainda esteja encantado em alguns minutos”, respondeu um leigo.
“Por que, o que quer dizer?”, perguntou o clérigo.
Ele logo descobriu.
Pela porta principal da igreja entrou uma triunfal procissão. Precedida por uma cruz, vinha uma longa fila de fiéis liderados por um bom número de padres, três dos quais estavam prontamente vestidos para Missa — e que seus nomes sejam conhecidos e venerados: Pe. Juan, sub-diácono; Pe. de Fommevault, diácono; Mons. Ducaud-Bourget, celebrante — um padre com mais de 80 anos de idade, uma figura patriarcal de longos cabelos brancos, um padre que parecia ser a reencarnação do Cura d’Ars. Entre os outros padres estavam Pe. Coache, expulso de sua paróquia pelo crime de organizar uma procissão em honra do Santíssimo Sacramento(1).
Por anos, esses santos padres celebravam uma série de Missas todos os domingo na Salle Wagram, um salão um tanto dilapidado próximo ao Arco do Triunfo. Eles imploraram, suplicaram, usaram todas as abordagens possíveis com as autoridades civis e religiosas para lhes concederem o uso de uma igreja para celebrar suas Missas — mas sem sucesso. A missa que eles queriam celebrar era a Missa codificada pelo Papa São Pio V — e a celebração dessa forma de Missa é a única e exclusiva forma de atividade que é total e absolutamente verboten (proibida) na Igreja francesa. A situação atual foi perfeitamente expressa pelo Pe. Henri Bruckberger, capelão geral da Resistência Francesa: “Hoje, um padre tem permissão para emprestar sua igreja para uso de muçulmanos ou budistas, tibetanos ou patagonianos, hippies, papuas ou não papuas, rapazes, moças, pelos ambíguos, ambivalentes, ambidestros, anfíbios e nômades — mas se um pobre padre deseja celebrar a Missa para a qual a própria igreja foi construída (e não pela hierarquia, mas pelo próprio povo), e se os franceses quiserem ir até lá assistir a mesma Missa que foi dita naquele local por séculos, então toda a fúria do episcopado Francês recai sobre eles”.
Mas, no primeiro Domingo da Quaresma de 1977, os fiéis estavam fartos — mais do que o normal. A frequência na Salle Wagram: 8000 pessoas a cada domingo — mais que qualquer outro lugar de culto em Paris, incluindo a Catedral de Notre Dame. Por que, eles se perguntaram, padres e povo igualmente, por que deveriam rezar numa sala pública pelo único crime de permanecerem fiéis à fé de seus pais?
“Com que direito você vem aqui?”, perguntou um dos padres da paróquia.
“Nós viemos”, respondeu Mons. Ducaud-Bourget (e não seria razoável clamar que isso foi inspirado?) “in Nomine Domini”.
Os apóstolos do progresso ficam temporariamente perplexos. Antes de perceberem o que estava acontecendo, seu palanque e sua mesa foram relegados a um canto da igreja e uma Missa Solene está sendo celebrada no altar. Mas os apóstolos do progresso não permanecem perplexos por muito tempo. Ativistas militantes contra estruturas sociais opressoras, advogados da participação leiga — o que eles podem fazer? A resposta é simples. Chamar a polícia. Eles o fazem sem hesitação. A polícia chega: “Expulsem aquelas pessoas da igreja”.
“Mas eles estão celebrando a Missa e rezando. É para isso que serve uma igreja!”. A polícia sai. Os apóstolos do progresso estão perplexos mais uma vez.
E foi assim.
Os tradicionalistas vieram, rezaram e ficaram. E ainda estão lá.
Os progressistas encerram-se na sacristia por alguns dias, e em uma ocasião fizeram um contra-ataque decidido que não teve sucesso. A violência resultante fez, por um tempo, lançar uma sombra sobre o que havia sido um evento muito alegre. Mas agora eles entregaram a igreja inteiramente aos tradicionalistas. Os fiéis têm uma igreja na qual podem assistir à Missa que fora celebrada em todas as igrejas de Paris antes da “renovação litúrgica” que se seguiu, como admitiu o Cardeal Marty, Arcebispo de Paris em 1977, pelo declínio de 54% na assistência da Missa pelos parisienses. Mas ninguém é tão determinado quanto um Liberal obstinado, e o Cardeal claramente prefere não ter um único Católico assistindo Missa aos domingos do que permitir uma única celebração da Missa Tradicional.
Desde a ocupação, o establishment liberal, liderado pelo próprio Cardeal Marty, envolveu-se em uma série de posturas grotescas em benefício da mídia, que só poderiam despertar diversão, mas pelo desgosto trazido por sua hipocrisia cínica.
Mensagens de solidariedade foram enviadas ao pobre pastor de Saint Nicolas e sua angustiada congregação (todos os 60/70 deles) que agora não tinham mais lugar para rezar, onde realizar reuniões, oferecer instrução religiosa ou para seu grupo de escoteiros se reunir. O Cardeal está unido a eles em sua hora de pesar e perseguição, etc., etc., assim como inúmeros liberais que expressaram sua solidariedade efusiva e publicamente. No entanto, apenas a um passo de Saint Nicolas está a enorme igreja de St. Sévrin — de fato, as duas já eram uma espécie de paróquia conjunta antes da ocupação. Mais uma vez, como resultado do declínio na assistência à Missa, não houve dificuldade em espremer o punhado de paroquianos de Saint Nicolas que optaram pela Nova Missa no amplo espaço disponível para as novas Missas celebradas nessa igreja. Porém, e isso é muito importante, agora mais de 200 paroquianos de Saint Nicolas assistem à Missa em sua paróquia todos os domingos — e os tradicionalistas podem provar isso. O Cardeal Marty afirma ter a assinatura de 2.000 ultrajados fiéis da paróquia que estão consumidos de impaciência pelo retorno à sua igreja! Quando eu mencionei esse número aos organizadores da ocupação, causou-lhes uma enorme gargalhada. Para dizer isso de forma amena (o que eles não fizeram), sugeriram que a figura do Cardeal poderia ser um pouco exagerada. No caso dos próprios tradicionalistas, eles mantêm uma lista dos paroquianos que expressamente assinaram uma petição pedindo que a igreja fosse deixada nas mãos dos tradicionalistas, e para cada caso foi obtida uma fotocópia do documento de identidade do signatário para provar que a pessoa interessada é um paroquiano verdadeiro. Essa petição foi assinada por mais de 50.000 simpatizantes — não apenas de Paris, mas de todo o mundo. Fiquei muito honrado em adicionar a minha própria no dia 12 de abril.
Agora, supreendentemente, o Cardeal Marty não se contenta em deixar a situação como está. Foi obtida uma ordem judicial declarando que os tradicionalistas podiam ser expulsos por um oficial de justiça, pela polícia ou pelos militares, se necessário. Foi dada uma data, mas foi seguida por um prazo de execução até depois da Páscoa, para que toda a liturgia da Semana Santa pudesse ser mantida (talvez o próprio juiz quisesse assisti-la). Essa suspensão da execução expirava em 11 de abril, segunda-feira, e foi com alguma apreensão que eu fiz minha primeira visita à igreja por volta das 8:15h de 12 de abril, depois de uma viagem feita à noite toda desde a Suíça. Ao entrar na igreja, pensei que o pior tivesse acontecido quando ouvi um padre falando em Francês – mas tudo estava bem, ele apenas estava lendo o Evangelho. Foi uma grande alegria assistir à Missa numa bela igreja antiga, exatamente como havia sido celebrada antes do Concílio.
Depois da Missa, tive uma conversa com o celebrante e alguns dos jovens que estavam guardando a igreja. Convidaram-me então a partilhar um lanche simples de pão com manteiga mergulhado no café. Seria difícil imaginar jovens mais agradáveis e corteses; descobrir tal fervor e dedicação pela fé tradicional entre os jovens criados na “Igreja Conciliar” é certamente um sinal de grande esperança. Todas as portas da igreja, exceto uma, foram trancadas, e pelo menos dois ou três rapazes sempre permaneciam lá, de guarda. Eles trabalham em turnos – alguns ficando em guarda a noite inteira enquanto outros dormem em um dormitório improvisado. É uma calúnia monstruosa sugerir, como alguns jornais liberais (católicos e seculares) fizeram, que esses são jovens com uma predileção pela violência. Se for feita uma tentativa de expulsá-los da igreja pela força, eles resistirão – mas se não forem atacados, não haverá violência. Aqueles com quem falei também me garantiam que eles não resistiriam à polícia – apenas um ataque físico por parte de leigos progressistas.
Mas a polícia e o judiciário deixaram bem claro que estão relutantes em tomar qualquer ação direta. Sr. Jean Guitton, um proeminente escritor católico, membro da Academia Francesa e amigo próximo do Papa Paulo VI, foi nomeado como mediador. Mas os tradicionalistas não sairão, ao menos que se lhes seja oferecida uma igreja própria. Após 8 anos de exílio, eles estão determinados a rezar em igrejas de agora em diante. Se forem expulsos, simplesmente ocuparão outra igreja, e o processo legal terá que começar novamente – a Catedral de Notre Dame havia sido mencionada.
Estava seguro que, se eu quisesse experimentar a verdadeira atmosfera de uma paróquia tradicionalista, eu deveria voltar à noite – o que explica o motivo de, às 18:15h, eu sair da estação de metrô Maubert-Mutalité para ouvir os sinos de Saint Nicolas chamando os fiéis ao culto. Mesmo em dias de semana, há Missa às 8:00h, 12:00h e 17:00h (seguida pela Benção e Vésperas) e às 18:30h. Entrei na igreja durante a Benção bem a tempo de ouvir o nome do Papa Paulo VI ser mencionado. Isso também foi feito durante as celebrações de Sexta-feira Santa em Ecône, onde estive quatro dias antes. Um coral verdadeiramente maravilhoso estava cantando – descobri depois que eles haviam se reunido espontaneamente. Eles cantam nas Vésperas, na Benção e na Missa todos os dias e aos domingos em várias Missas. Toda noite seus membros permanecem até tarde a praticar e expandir seu repertório já impressionante – o aspecto mais marcante do coral (além de seu talento) é a sua juventude.
A igreja suja e dilapidada que existia antes da ocupação foi amorosa e profundamente transformada. A igreja foi lavada e esfregada, estátuas de mármore que estavam quase pretas de imundície estão agora brilhando de tanta brancura. Há flores em todas as capelas laterais, velas acesas diante das imagens; o altar-mor, em particular, está incandescente com velas e quase encoberto de flores. O altar-mor em todas as igrejas é o símbolo de Cristo, e nessa Semana Santa é o símbolo mais dramático da ressurreição da fé da Igreja de Cristo em Saint Nicolas. O altar parecia, de fato, estar morto, abandonado para sempre, para nunca mais ser usado, e eis que então estava ele, triunfantemente ressuscitado, radiante de luz e alegria Pascal – com a mesa Cranmeriana e seu palanque esfarrapado colocados de lado, simbolizando apropriadamente a derrota da Igreja Conciliar.
A Missa começou. Foi celebrada pelo próprio Mons. Ducaud-Bourget. Cantada…. e belamente cantada. No Sanctus, em particular, o canto atemporal preencheu e ecoou através dos arcos dessa antiga igreja, como fizera por séculos. O Concílio poderia nunca ter ocorrido.
Uma senhora andava, de capela em capela, regando os vasos de flores com muito carinho. A todo segundo um indivíduo ou um grupo de pessoas entrava na igreja. Alguns ficavam para a Missa, outros apenas rezavam durante alguns momentos antes de sair. Muitos eram jovens, mas alguns eram idosos – e quão felizes eram esses idosos. Aqui estava a fé em que haviam sido educados a conhecer e a amar; aqui estavam suas devoções tradicionais inteiramente inalteradas. Dentro da igreja de Saint Nicolas du Chardonnet é como se o tempo tivesse parado em 1962.
Um grupo de seminaristas de Ecône entrou por alguns minutos. Tinham deixado o Seminário para suas pequenas férias de Páscoa. Foi um lembrete encorajador de que o ressurgimento tradicionalista na França não é um fenômeno temporário dependente de alguns poucos padres idosos. Para cada padre idoso que permaneceu fiel à Missa de sua ordenação, existia um padre jovem ou um seminarista pronto para juntar-se a ele e, eventualmente, substituí-lo. E para cada pessoa idosa que claramente considera a Saint Nicolas como o céu na terra, há um jovem que descobriu o que a fé Católica foi outrora, e não está determinado a aceitá-la de outra forma.
E o milagre de Saint Nicolas du Chardonnet – continuará? “Rezem por nós. Rezem por nós para que isso continue”, disse uma senhora, agarrando meu braço em seu fervor. “Peça a todos que rezem por nós”.
Como uma irônica nota de rodapé nessa reportagem, e um sinal significante dos tempos em que vivemos, descobri ao ler a edição de 9 de abril do The Tablet, após meu retorno a Londres, que o Cardeal Marty convidou todo Anglicano que estivesse visitando a França para receber a Santa Comunhão nas igrejas Católicas se eles não conseguissem recebê-la numa igreja anglicana. Parece que o Cardeal Arcebispo de Paris precisa muito mais das nossas orações do que os membros tradicionalistas do seu rebanho.
Uma reportagem no The Times
Por uma interessante coincidência, um repórter do The Times visitou Saint Nicolas no mesmo dia. Mostraram-me uma cópia de sua reportagem alguns dias após a minha ter sido enviada ao The Remnant. Essa reportagem refere-se à tentativa de mediação do sr. Jean Guitton, da Academia Francesa. Foi publicada na edição de 13 de abril de 1977.
Ocupantes de igreja ignoram ordem
De Charles Hargrove
Paris, 12 de abril.
Os tradicionalistas Católicos Romanos que ocupam a igreja de St. Nicolas du Chardonnet, no Quartier Latin, desde 27 de fevereiro, esperavam para lutar contra a expulsão hoje. Mas nenhum policial apareceu para impor a decisão do tribunal de Paris de 1º de abril, que lhes deu dez dias para deixar voluntariamente ou serem expulsos à força, se necessário.
As portas principais estavam fechadas contra qualquer ataque surpresa. Alguns poucos jovens visivelmente determinados, vestindo um distintivo do Sagrado Coração, controlavam a entrada pela porta lateral.
Dentro da igreja pouco iluminada não havia sinal de tensão. Algumas dezenas de fiéis mais velhos e alguns seminaristas de Ecône, Seminário de Mons. Lefebvre, o antigo Arcebispo de Dakar, ajoelhavam-se em oração diante do altar-mor, reintegrados em seu papel pré-conciliar. O Santíssimo estava exposto nele em meio a uma profusão de flores e velas.
A “mesa de cozinha” no transepto, que tinha deslocado o altar principal na nova liturgia, havia sido removida.
Um fluxo constante de pessoas entrava, pedindo informações sobre cerimônias e colocando seus nomes na lista de observadores ou doadores de ofertas em apoio à causa tradicionalista.
Cadeiras estavam sendo dispostas em filas em uma das capelas laterais para uma palestra de teologia para denunciar os caminhos da igreja moderna, que se seguiria à Missa da noite, na qual Mons. Ducaud-Bourget, o instigador e organizador da ocupação de St. Nicolas, prega.
Nunca houve qualquer probabilidade real de se recorrer à força para pôr um fim à ocupação da igreja. O tribunal de Paris que a declarou ilegal e autorizou o pároco, Pe. Bellego, a chamar a polícia para que executasse a sentença, também indicou seu repúdio por tal solução.
Isso, disse o presidente do tribunal, “criaria uma situação desagradável para todos os interessados”. Nomeou um mediador, Sr. Jean Guitton, da Academia Francesa, o filósofo Católico, a quem foi dado três meses para produzir um relatório.
Após um encontro com Mons. Ducaud-Bourget, Pe. Bellego e o Arcebispo de Paris, Cardeal Marty, o sr. Guitton esteve em Roma na semana passada para obter a aprovação do Vaticano para uma solução amigável, que o Cardeal Marty recusa a ponderar.
O Cardeal disse recentemente que permitir que os tradicionalistas tivessem uma igreja própria onde eles possam rezar como quiserem equivaleria a dar aprovação oficial a um cisma.
Amante da tradição, o sr. Guitton é também um amigo próximo do Papa, que lhe desejou publicamente imediato sucesso em seus esforços, na Segunda-Feira de Páscoa.
O Pe. Serralda, um dos 4 ou 5 padres tradicionalistas que atendem às necessidades da nova congregação, me disse: “Muitos católicos hoje estão em profunda agonia. Eles não entendem o que está acontecendo em sua Igreja. Os textos conciliares são, como as decisões do Papa Paulo VI, ambíguos. Tudo que pedimos é que todos os ritos e ensinamentos da Igreja respeitem a doutrina Católica”.
“Não somos um partido na Igreja. Estamos lutando pela Igreja, não por nós mesmos. A obrigação de rezar a Nova Missa é baseada numa interpretação abusiva. Ela atribui aos decretos papais a mesma autoridade das leis da Igreja, como a Bula de 1570 de Pio V que estabelece irrevogavelmente, para sempre, a liturgia da Missa”.
Fatos e a Verdade
O relato dos acontecimentos em St. Nicolas que apareceu em The Times foi, de maneira geral, justo e factual, e é evidente que seu repórter, Charles Hargrove, estava fazendo todos os esforços para ser objetivo. Mas a matéria que segue indica a extensão que uma matéria factual não transmite necessariamente a verdade de uma situação. O porquê será explicado depois de reproduzirmos a matéria que apareceu na edição de 24 de abril de 1977.
Oferta a ocupantes de Igreja é rejeitada
De Charles Hargrove – Paris, 22 de abril de 1977.
O Cardeal Marty, Arcebispo de Paris, fez um gesto de conciliação aos tradicionalistas que ocupam a igreja de Saint Nicolas du Chardonnet desde o fim de março.
Ele ofereceu-lhes outro local de culto até 4 de julho, quando o senhor Jean Guitton, filósofo Católico Romano, nomeado como mediador por um tribunal de Paris em 1º de abril, apresentará seu relatório. Acrescentou que essa oferta não implicava de forma alguma o reconhecimento das suas reivindicações.
A igreja, apropriadamente St. Marie-Médiatrice, encontra-se mais à periferia, próximo à Porte dês Lilas, norte de Paris. Está sem utilização há mais de 5 anos, desde a construção do anel viário de Paris. Foi construída pelo Cardeal Suhard, arcebispo da época da ocupação alemã, como resultado de um voto de erigir um local de culto se Paris fosse poupada da destruição.
O Cardeal Marty anunciou a concessão desta igreja aos tradicionalistas após ter chegado a um acordo com o Sr. Guitton, que recordou numa declaração ontem à noite, que o prazo estabelecido pelo tribunal para a evacuação de St. Nicolas havia sido prolongado por uma semana até ontem, a seu pedido.
Mas a oferta foi rejeitada na noite de ontem por Mons. Ducard-Bourget, um dos líderes dos tradicionalistas, que disse que processaria o Cardeal perante as autoridades eclesiásticas.
“Há 10 anos somos tratados com desprezo”, disse. “Os fiéis de pelo menos cinco paróquias vêm às nossas celebrações. Está fora de questão a nossa transferência para uma das mais igrejas periféricas de Paris. Que as forças da lei e da ordem venham e nos expulsem”.
Numa conferência de imprensa realizada nesta manhã nos escritórios do arcebispo, o Mons. Georges Gilson, Bispo auxiliar, lamentou que essa “oferta generosa” tivesse sido rejeitada. O Cardeal a fez em “espírito de paz”.
Além do problema jurídico levantado pela ocupação de St. Nicolas, o Cardeal estava muito mais preocupado com o conflito religioso no qual os líderes tradicionalistas se opunham à hierarquia Católica, ao Papa e ao Concílio.
Se Mons. Ducaud-Bourget persistisse em sua recusa de deixar a igreja, a justiça seguiria seu curso. Um oficial viria relatar o fato e o braço secular então agiria como julgasse necessário. Mas parece pouco provável que a força seja usada para expulsar os tradicionalistas.
Mons. Gilson disse que os líderes dos tradicionalistas teriam que arcar com suas responsabilidades.
A verdade por detrás dos fatos
A razão pela qual os tradicionalistas recusaram a “oferta generosa” do Cardeal Marty é que ela não era em nada uma oferta generosa, e que ele deve ter percebido, antes de a fazerem, que eles a julgariam totalmente inaceitável.
A igreja, como observa a reportagem, esteve desativada por 5 anos desde a construção do anel viário de Paris. Só se poderia chegar a ela cruzando uma muito movimentada auto-estrada (freeway) a pé. A área ao redor da igreja também é uma das menos salubres de Paris, onde predominam os assaltos. Também tem uma das localizações mais inconvenientes, bem ao norte de Paris, em vez de ser central como é St. Nicolas. Um bom número de Católicos idosos agora reza em St. Nicolas, e ter-lhes que pedir que mudem para St. Marie-Médiatrice era uma proposta totalmente impraticável, tão fora da realidade que não se poderia tê-la feito com qualquer expectativa de aceite.
Esta é a verdade que os fatos citados na matéria não revelam
A Tradição Restaurada e a Nova Missa
Por Louis Salleron(2)
O jornal Francês Le Monde, de 22 de abril de 1977, publicou esta, entre outras cartas, que diz ter recebido sobre a “ocupação” da Igreja St. Nicolas du Chardonnet, em Paris. O Le Monde disse que estas cartas “são particularmente reveladoras do ponto de vista de certos católicos que até agora tiveram pouca oportunidade de expressar-se em público“. Segue a carta do Professor Salleron:
Os argumentos apresentados pelos opositores da Missa de São Pio V podem ser reduzidos, em última análise, a um único ponto: São Pio V, dizem, estabeleceu um rito por sua Bula Quo Primum de 1570. O que um Papa fez um outro pode desfazer; consequentemente, o novo rito aprovado por Paulo VI em sua Constituição Missale Romamum de 1969 ab-rogou o rito anterior
Apresentar a questão dessa forma é errar desde o começo. Para começar, existe uma diferença essencial entre a Bula de São Pio V e a Constituição de Paulo VI. Pio V não criou um novo rito. O que ele fez foi autorizar um texto baseado em pesquisas de estudiosos ao longo de muitos anos, e que lhe pareceu, portanto, ter a melhor garantia de autenticidade. Foi o rito tradicional em toda a sua pureza que ele restaurou, após séculos durante os quais versões deficientes se tornaram comuns em várias dioceses. Tão grande era seu respeito pela tradição que, embora sua Bula proibisse formalmente o uso dos ritos defeituosos, ele expressamente reconheceu e permitiu o uso de qualquer rito que pudesse provar certa tradição de, no mínimo, 200 anos. Numa palavra, sua intenção e sua realização era a restauração dos ritos de Missa tradicionais e, em particular, do primeiro dentre eles, o rito Romano. Ao contrário disso, o que Paulo VI fez foi dar sua aprovação a um novo rito – Novus Ordo Missae – o que é uma coisa totalmente diferente
Diz-se que Paulo VI tinha o direito de fazer isso. É claro que tinha. E, portanto (o argumento continua) o rito antigo foi abolido. Não é assim. Pois em sua Constituição o Papa não ab-roga o rito tradicional; ele não proíbe seu uso, tal como não torna o novo rito obrigatório.
Seria a vontade do Papa de que o novo rito substituísse o antigo e que este último desaparecesse? Não há dúvidas de que este é o seu próprio desejo, mas não é (no sentido legal) sua VONTADE como Papa, que só poderia expressar em uma e através de uma Constituição solene, tal como o Missale Romanum. Além disso, mesmo na mais urgente de suas alocuções, ele nunca invocou sua autoridade como supremo legislador, nem a aplicou para dar efeito à sua vontade em relação à Missa; tal exercício exigiria, de qualquer modo, uma forma diferente daquela de uma alocução. O mais “imperioso” de seus textos sobre o assunto é sua Alocução Consistorial de 24 de maio de 1976, e esta refere-se apenas à Instrução (ou melhor, Notificação) de 14 de junho de 1971. Agora, neste contexto, uma Instrução não tem maior peso que uma Notificação ou mandado; nenhuma delas tem a autoridade de uma “Constituição Apostólica” ou poder para modificá-la. (Fazê-lo seria antes, em termos políticos franceses, como se um decreto executivo ou mesmo uma Lei aprovada pelo Parlamento modificasse a Constituição da República).
Pode-se acrescentar que na Bula Quo Primum, São Pio V concedeu um indulto individual a todos os padres, permitindo-lhes celebrar o rito que ele acabara de autorizar, acima de qualquer decisão em contrário, mesmo das autoridades judiciais competentes. Este indulto perpétuo só poderia ser ab-rogado por um novo e de igual autoridade especificamente dirigido a este fim.
O Cardeal Ottaviani estava assim plenamente justificado quando me disse pessoalmente no tempo de Pentecostes de 1971 – muitos meses após a promulgação do novo rito: “O rito tradicional da Missa, conforme o Ordo de São Pio V, não foi, até onde si, abolido. Consequentemente, os ordinários locais (ou seja, os Bispos), especialmente se estiverem preocupados em proteger o rito e a sua pureza, e até para garantir que ele continue a ser compreendido pelo corpo daqueles que assistem Missa, faria bem, em minha humilde opinião, de encorajar a permanente conservação do rito de São Pio V…”. Note que ele não diz “faria bem… em autorizar o rito”, mas “encorajar a… conservação do rito”; o rito, não tendo sido nem abolido nem proibido, não tem necessidade de autorização.
Na prática atual, os Bispos proíbem o uso do rito de São Pio V. Mas sua proibição é em si mesma ilegal, e esta ilegalidade seria proclamada abertamente como tal se não fosse o facto de as estruturas legais romanas se encontrarem em plena decomposição.
Sacerdotes e leigos comuns não veem tão longe. O que eles podem ver é que qualquer coisa, absolutamente qualquer coisa, é permitida no modo das “celebrações” – qualquer coisa, exceto a Missa de São Pio V. Como eles também sabem, ou como seus instintos lhes dizem, que a nova Missa foi construída numa intenção ecumênica: isso é dizer que nela a noção de Sacrifício Eucarístico é minimizada tanto quanto possível, a fim de torná-la aceitável aos Protestantes, eles estão revoltados.
Por detrás do affair de St. Nicolas du Chardonnet (em Paris) paira todo o problema da Missa Católica. Este problema ainda está por resolver.
St. Nicolas du Chardonnet – Dois meses depois
Apesar do fato de Mons. Ducaud-Bourget ter sido suficientemente sagaz para esquivar-se das armadilhas que lhe foram colocadas pela “generosa oferta” do Cardeal Marty, ele logo percebeu que permanecer em St. Nicolas trazia seus problemas, nomeadamente que, apesar de serem muito grandes os espaços, em breve seria incapaz de acomodar os milhares que ali desejavam rezar todos os domingos. O resultado foi que a Missa teve que ser celebrada uma vez mais na Salle Wagram. Isso é tratado num extrato de um artigo do Professor Thomas Molnar que se segue. O Professor Molnar também menciona a simpatia demonstrada pela polícia ao clero tradicionalista e aos paroquianos de St. Nicolas. Parece que, numa ocasião, uma delegação de clérigos progressistas (com trajes civis, naturalmente) foi à principal delegacia da região para exigir que o delegado responsável explicasse porquê nenhuma ação fora tomada para expulsar os tradicionalistas da igreja. Eles foram informados pelo sargento de plantão: “Vocês não podem encontrá-lo agora pois está assistindo a Missa em St. Nicolas”.
O relato do Professor Molnar sobre a sua visita a St. Nicolas apareceu originalmente na New Oxford Review e foi republicada no The Remnant de 17 de janeiro de 1978.
Uma entrevista com Mons. Ducaud-Bourget
No último mês de abril, Ecône recebeu alguns aliados importantes, um deles na pessoa de Mons. Ducaud-Bourget, o padre-poeta, e os milhares de pessoas que o ajudaram a tomar a Igreja de St. Nicolas du Chardonnet num dos quarteirões mais antigos de Paris. O leitor pode agora falar de “violência”. Mas isto é a França. São Bernardo era violento, assim como Joana D’Arc, Bossuet e Bernanos. Assim foi Jesus Cristo ao expulsar os vendilhões do templo. Durante anos, os “tradicionalistas” imploraram ao Cardeal Marty por uma igreja onde a Missa de Pio V (Missa Tridentina) pudesse ser celebrada. O Cardeal, fechando seus olhos à profanação da Catedral de Rheims pela copulação hippie e a celebração Budista naquele local, deixou os peticionários sem resposta. Na última Páscoa, eles adentraram em St. Nicolas, deixando claro que apenas a antiga Missa Latina seria celebrada e que não eles não sairiam até que uma igreja fosse oficialmente oferecida a eles como uma residência permanente. Para maior ênfase, criaram uma guarda permanente de dezenas de jovens para manter os arruaceiros afastados. Esses jovens, todos eles fazendo sacrifícios financeiros, deixando seus trabalhos ou estudos durante o “cerco”, conduzem os fiéis, vigiam as ruas, e protegem a meia dúzia de padres que celebram a Missa.
Visitei St. Nicolas no domingo, 12 de junho deste ano. Era às 11 da manhã, as pessoas saíam em massa, seu caminho praticamente bloqueado por uma massa semelhante de pessoas esperando para entrar para a celebração seguinte. A multidão na praça em frente à igreja era enorme, esperando para a missa do meio-dia. Antes da entrar, conversei com vários policiais nas proximidades. Sem exceção, eles simpatizavam com os “ocupantes”, parte pelas antigas bases religiosas, parte por fundamentos políticos. “É duvidoso”, disse-me um jovem policial, “que se me ordenassem a evacuação da igreja, meus homens obedeceriam. Mas, de qualquer modo, que político ousaria dar tal ordem? E certamente não o fará Chirac, o novo prefeito. Além disso, se Mons. Bucaud-Bourget permanecesse pessoalmente em nosso caminho, não o tocaríamos, nem nele, nem a quem quer que ele protegesse”.
Depois da Missa, fui recebido pelo Monsenhor numa sala da sacristia. Estamos na França! Ele tem 84 anos, tão vivo como uma enguia, cabelos brancos aos ombros, unhas cumpridas como um mandarim, e um cachimbo entre os lábios. Seus modos e seu discurso poderiam ser colocados em algum lugar entre as eras de Luis XIV e Luis XV. Primeiro falamos sobre doutrina e filosofia, o que foi facilitado pelo fato de termos lido alguns dos escritos um do outro, eu a sua poesia — poesia que tinha acabado de ser revista com entusiasmo no Osservatore Romano, onde os editores não perceberam que o poeta Ducaud-Bourget e Mons. D-B são a mesma pessoa! Enorme constrangimento alguns dias depois e repulsivo recuo. Quanta pequenez…
O Monsenhor tinha acabado de chegar da Salle Wagram onde rezou a Missa perante 800 pessoas que não conseguiram entrar em St. Nicolas naquela manhã. Em outras regiões da França, igrejas estão igualmente ocupadas por aqueles que os novos inquisidores que desdenhosamente descrevem como um punhado de velhos ou alguns reacionários. Eu tinha examinado cuidadosamente a multidão dentro e fora da igreja: todas as faixas etárias estavam representadas; claro que, se fossem reacionários, eu não tinha forma de discernir.
O Monsenhor contou-me das infindáveis mentiras, promessas não cumpridas, ameaças e dissabores da parte do Cardeal Marty, de seus burocratas e do Vaticano. Graças a Deus, pelas brutais leis anti-igreja de 1905, todas as propriedades eclesiásticas foram então confiscadas pelo Estado, de modo que hoje o Cardeal é incapaz de mandar suas tropas de choque para reocupar St. Nicolas; e como vimos, o governo e o município preferem não tocar nesta batata quente, por medo de dividir seu eleitorado. Mons. Ducaud-Bourget, consequentemente, está confiante de que nada acontecerá. Conversamos então sobre a recente decisão do tribunal (processo movido pelo curé regular da igreja) de pedir ao filósofo católico romano, Jean Guitton, supostamente imparcial, a intermediação entre a Arquidiocese e os ocupantes. Guitton é um homem brando e oportunista, disse-me Mons. Ducaud-Bourget; ele não quer colocar em risco seu status de biógrafo de Paulo VI. Com tudo isso – foram-me mostradas cartas – Guitton expressou sua “déférence sympathique” a Mons. Ducaud-Bourget, e chamou seu próprio papel como mediador de uma maravilhosa oportunidade para conhecê-lo. Por conseguinte, fiquei surpreso em ler na entrevista do Express com Guitton (julho passado) seus comentários depreciativos sobre a posição face-a-face de Lefebvre perante o Papa, como a de um General Argelino da O.A.S. face-a-face com De Gaulle. Uma comparação ridícula e nem sequer lisonjeira – depois da qual se pode falar depreciativamente da inteligência de Guitton.
De qualquer modo, a “mediação” está parada, mas, entretanto, o “Caso” está expandindo e mais “aliados” estão se juntando a Lefebvre. Em junho passado, a Princesa Pallavicini abriu seu palazzo em Roma para 1500 convidados a fim de ouvir o Arcebispo reexplicar muito simplesmente que ele não renunciaria sua fé de 2000 anos. “Não quero morrer como protestante”, disse. Houve uma ovação indescritivelmente fervorosa, não só pelos convidados nos salões, mas também pelas pessoas sentadas nas escadas e pela multidão lá fora que ouvia por alto-falantes as palavras de Lefebvre.
O Vaticano considerou isso como mais uma provocação – levar a “oposição ao Papa” para dentro do ouvido deste último. O vigário do Papa (como Bispo de Roma), Cardeal Ugo Poletti, atacou a Princesa em uma declaração à de imprensa – ao qual ele recebeu outra declaração em resposta, à altura de um “não se intrometa, eu recebo quem eu quiser em minha casa”. O “não se intrometa” é uma advertência absolutamente apropriada, já que Roma tem agora um Prefeito companheiro de viagem eleito da lista comunista.
Saint Nicolas Hoje
Os leitores que desejam participar do “milagre de Saint Nicolas” durante uma visita a Paris devem pegar o metrô para a estação Maubert-Mutualité, que é adjacente à igreja. Todas as antigas igrejas e catedrais na França pertencem ao Estado, que é responsável pela manutenção de seu exterior. É muito significativo que, desde a libertação de St. Nicolas, um grande trabalho foi feito no exterior do edifício pelas autoridades civis para complementar a renovação interna feita pelos paroquianos. Embora as autoridades diocesanas não aceitem a legalidade da situação atual ou de que ela tenha qualquer base permanente, é claro que as autoridades civis não têm qualquer intenção de expulsar os tradicionalistas. St. Nicolas ergue-se agora como uma ilha da tradição Católica, e, de fato, de sanidade, num mar de Modernismo e banalidade litúrgica.
Notas:
(1) – cfr. vol.I, pp.108-109
(2) – famoso escritor e jornalista
“Apologia pro Marcel Lefebvre”, Capítulo 2, Volume II, de Michael Davies
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Agradecemos nosso amigo leitor João Marcelo Portello Marcolino por ter, gentilmente, nos enviado 3 fotos do post que ele colorizou por AI.