NOSSOS DEVERES PARA COM OS MORIBUNDOS

MORI

“Cumprir nossos deveres para com nossos pais e mães é, para nós, uma obrigação constante, mas principalmente em suas doenças graves e perigosas. É então que devemos fazer tudo quanto necessário para que não sejam privados da confissão e dos outros sacramentos que os cristãos são obrigados a receber na aproximação da morte” (Catecismo de Trento, sobre o 4 e  mandamento).

Fonte: Le Carillon n° 200 – Tradução: Dominus Est 

É, portanto, natural para um cristão se preocupar em garantir a seus próximos a assistência dos sacramentos durante toda a vida, especialmente na proximidade da morte. Infelizmente, em nossa sociedade dominada pela onda da secularização, não há família que não se preocupe com um de seus membros, ou mesmo com um amigo, que persiste na descrença. Mas, felizmente, quantos sacerdotes puderam testemunhar que, chamados à cabeceira de um moribundo por familiares preocupados, conseguiram reconciliar o pecador com Deus e ver o bom ladrão adormecer no Senhor!

Contudo, não se deve permitir que uma má compreensão do modo como agem os sacramentos prive dos seus frutos esta considerável boa vontade. O catecismo nos ensina isso: os sacramentos sempre concedem a graça,  conquanto que os recebamos com as disposições necessárias. Não digamos a nós mesmos: Padre pode tudo, uma vez que se encontre ao lado do irmão que sofre, tudo está garantido! Não, ele só poderá administrar os sacramentos se se apresentar as disposições necessárias, que o padre pode tentar suscitar com a sua palavra, com sua oração, mas que não pode suprir se aquele a quem foi chamado não as quiser.

Quais seriam os frutos dos últimos sacramentos recebidos da boca pra fora, sem uma contrição profunda?

Por exemplo, o sacerdote não poderá dar absolvição ou extrema unção a um concubinário que se recusa a deixar seu estado de pecado. Ele não pode batizar um adulto inconsciente e incapaz de se comunicar, que não tenha demonstrado previamente uma vontade firme e perseverante de receber o batismo. Em geral, não basta não rejeitar o rito sacramental, é preciso desejá-lo positivamente. Quais seriam os frutos dos últimos sacramentos recebidos de uma forma hesitante, sem profunda contrição?

Essas disposições necessárias para a recepção dos sacramentos geralmente não aparecem por milagre, elas são cultivadas. Assim, que os fiéis levem a sério a preparação do ministério sacerdotal! Sempre será mais fácil convencer alguém de que você está realmente preocupado com sua alma se esteve anteriormente em contato frequente com ele, se esteve preocupado com as suas dificuldades – de todo o tipo… em suma, se a nossa preocupação não esconde um escrúpulo de última hora que procuramos apaziguar, mas exprime uma caridade permanente que, por amor a Deus, está verdadeiramente interessada na pessoa do outro. As férias e o tempo que elas proporcionam podem ser um bom momento para praticar esta obra de misericórdia.

Pe. Benoît Espinasse, FSSPX