TRABALHO DE EDUCAÇÃO

familia-oleo-sobre-telaÉ a correção puro trabalho educativo, em que nós somos apenas instrumentos extrínsecos e transitórios, dispensados tão logo esteja terminada a tarefa, e a criança é o elemento primordial, a ser interessada na autodisciplina.

A correção só realiza o fim se atingir o íntimo da criança, criando-lhe uma atitude interior, profunda, pessoal. Ela deseja uma mudança, determinada pelo próprio educando, o qual se convence de que agiu mal, arrepende-se e se dispõe a emendar-se.

O educador tem o seu papel, importantíssimo, indispensável (porque a criança é ainda incapaz de realizar sozinha tão dificil tarefa); mas é apenas um auxiliar. A sua função, nem sempre agradavelmente recebida, é ajudar. O trabalho decisivo é do educando. Ninguém o modifica, arrepende, delibera e corrige: é ele que se modifica, se arrepende, se delibera e se corrige. Ele não o conseguirá sem nossa ajuda; mas o trabalho de corrigir-se é dele – de sua compreensão, de sua consciência, de seus esforços.

Nossa grande virtude está em conseguirmos que ele queira corrigir-se.

Os pais e a correção

Em face da correção dos filhos, podemos classificar os pais em 5 categorias:

– os cegos: não vêem as faltas dos seus encantadores rebentos;

– os fracos: não têm coragem ou autoridade para corrigir;

– os negligentes: não cuidam da correção dos filhos;

– os ignorantes: retos, bem intencionados, não sabem, contudo, como proceder;

– os certos: mercê de Deus, os temos, e em número crescente.

Para curar os cegos, só Cristo, multiplicando por toda parte piscinas de Siloé, para que eles se lavem e vejam (Cf. Jo 9,7). Quanto aos mais, ajude-os e ilumine-os a graça de Deus, que outra finalidade não temos senão animar os fracos, despertar os negligentes, ensinar os de boa vontade, e estimular os certos.
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AS SETE PORTAS DO INFERNO – QUINTA PORTA: A MÁ EDUCAÇÃO DOS FILHOS

FILHOSQuantos pais se perdem e perdem a seus filhos porque não os educam no temor e amor de Deus, não cumprindo os cinco deveres principais que lhes impõe a paternidade, o amor, a correção, a instrução, a vigilância e o bom exemplo.

Maus pais que não amam os filhos como devem amá-los. Certos homens não merecem o belo título de pais. Desperdiçam no jogo, na bebida, na devassidão o dinheiro que ganham, deixando faltar aos filhos o estrito necessário. Pais monstruosos, piores que os irracionais, que sabem passar fome para dar de comer a seus filhos. Há mães que amam aos filhos, mas só a parte material, o corpo. Quanto à alma, pouco ou nada se ocupam dela. Adiam o batismo semanas e meses, deixando o filho entregue a Satanás e em perigo de morrer pagão. Quantas almas perdidas e quantas outras estragadas para sempre. Quanto mais Satanás se demora no coração do filho, mais o estraga. Toda a preocupação, todos os cuidados para com o corpo, até o luxo, até as modas mais indecentes, e quase nada para a alma.

Que será daquela filha a quem a mãe procura inspirar só vaidade, a quem fala só de beleza, a quem enfeita como uma divindade? Será uma moça vaidosa, orgulhosa. Ai do moço que a tomar por esposa, porque será uma esposa leviana, exigente, cuja paixão do luxo nada poderá satisfazer. Será daqui a pouco a desavença, a suspeita, a briga, o abandono, a ruína do lar.

Quantos pais, quantas mães mormente perdem a si mesmos porque não cumprem o dever da correção. O homem nasce inclinado ao vício, diz a Escritura. No coração da criança madrugam os maus instintos. Bem cedo é preciso reprimi-los, corrigir os filhos, dai a pouco será tarde, impossível. Continuar lendo

CORRIGIR NÃO É CASTIGAR

corrigirO que dissemos marca a diferença entre correção e castigo – aquela, essencialmente emendativa, e este, ordinariamente punitivo. Aliás, os próprios nomes falam por si.

Há mais de um século, o grande pedagogo francês Monsenhor Dupanloup acentuava esta diferença, de que não tomaram conhecimento os educadores em geral.

Para os que procuram mais o próprio sossego que o progresso moral dos filhos, castigar é mais cômodo: umas palmadas no pequenino que jogou a merenda no chão, uns bofetões no rapazola que respondeu com arrogância, chineladas na menina que entornou tinta no vestido novo, um mês sem passeio para quem não teve média na prova parcial, trancar as crianças no quarto dos fundos porque perturbaram o silêncio de que precisa o pai, e outras medidas policiais do mesmo teor dão “soluções” imediatas, que contentam o adulto desprevenido, mas nada adiantam à educação, e, pelo contrário a prejudicam.

A experiência ensina que os castigos são aplicados precisamente nas condições em que não se deve sequer tentar a correção, isto é, sob o impulso das paixões. É na hora da zanga que os filhos apanham! Quando me consultam a respeito de castigos físicos, não perco tempo em combatê-los: aprovo-os, desde que deixem passar a excitação e, amanhã ou depois, de sangue frio, cabeça serena, chamem a criança, para malhá-la.
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A EDUCAÇÃO RELIGIOSA DOS FILHOS COMEÇA NOS JOELHOS DOBRADOS DA MÃE!

abcA educação não pode ser eficaz sem a instrução religiosa, a qual deve começar nos joelhos da mãe.

Ó mães cristãs, ensinai a vossos filhos a amar a Deus, o Pai nosso bondosíssimo que está no céu… que nos criou …, que nos conserva em vida, que incessantemente nos dá novos benefícios.

Infundi, em seus coraçõezinhos o santo temor de Deus, que sempre está presente, porque está em toda parte, que tudo vê, tudo ouve e a todos recompensa ou castiga.

Oh! inspirai-lhes um grande horror ao pecado, que ofende a Deus, atrai os castigos e merece o inferno. Continuar lendo

FINALIDADE DA CORREÇÃO DOS FILHOS

abcÉ triplice a finalidade da correção, cada uma marcada por valores, ligada à ordem social.

Restaurar a ordem moral

Essencial para qualquer pessoa, este aspecto é ainda mais importante para as crianças, cujo critério para distinguir o bem e o mal, é às vezes, exclusivamente, o modo de agir dos educadores. Se ela cometeu uma falta contra a moral – um pequeno furto, uma desobediência, uma mentira, etc. – , e não lhe exigimos a reparação, pode parecer-lhe não ser mal o que fez. Ou se lhe exigirmos umas vezes, e outras não, causamo-lhes confusão, pois não sabe se o seu ato foi bom ou mau.

Esse sentido de restauração da ordem moral, superior aos homens porque pertence à essencia das coisas, é indispensável à pedagogia da correção.

Emendar a criança

Do interesse pessoal do educando, aqui está o mais importante da correção. No que tange à ordem moral e à social, o trabalho seria mais fácil. A face pedagógica é mais delicada e complexa, porque lida diretamente com a criança. Em que consiste?
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NECESSIDADE DA CORREÇÃO DOS FILHOS

Menina-Brava-400x300Pensem-no embora os naturalistas e os pais mais ingênuos ou cegos de mal entendido amor, não há crianças sem defeitos. Por bem dotadas que sejam, sempre o terão. Se muito fortes, as próprias qualidades os trazem consigo. Por isso é de necessidade a correção.

Deus a ordena – “Quem poupa a vara odeia o filho; mas quem o ama corrige-o na hora oportuna” (Pv 13,24). (Não tomemos a palavra ao pé da letra, como apologia do castigo físico… falando a linguagem dos homens do seu tempo, a Bíblia quer inculcar a necessidade da correção, que é o essencial no seu pensamento, sendo o meio a parte acessória. Aqui, como em muitos outros passos da Escritura, devemos lembrar a sua própria advertência: “A letra mata, mas o Espírito vivifica”).

Não poupes a correção à criança” (Pv 13,24). “Aquele que ama o seu filho corrije-o com freqüência, para que se alegre mais tarde” (Eclo 30,1). E São Paulo, escrevendo aos efésios: “E vós, pais, não provoqueis vosso filhos à ira, mas educai-os na disciplina e na correção, segundo o espírito do Senhor” (Ef. 6,4).

A razão a requer – A situação do homem em face da moral não é apenas um dado da fé. Faz parte da Revelação, é fundamental ao Cristianismo, porque o Senhor veio para restituir-nos a graça, perdida na queda do pai da humanidade. São Paulo diz que não faz o bem que quer, e sim o mal que não quer; e sente no corpo uma força que luta contra a força do espírito (Cf. Rm 7,19-23). São Pedro, na sua primeira Epístola, fala igualmente “dos desejos da carne que combatem contra a alma” (2,11).
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CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO DO CORAÇÃO

123A educação do coração é necessária a fim de preparar os jovens para os deveres de família que os esperam. Avida familiar exigirá deles mais tarde a acaitação do sacrifício, recordações adequadas, delicadeza de sentimentos.

Mas o senso do sacrifício seria impossível para um homem cuja infância e juventude fossem entregues ao odioso egoísmo. Pretenderá ele que cabe sempre ao outro ceder. Daí todas as desordens familiares e sociais: desentendimentos, má educação dos filhos, divórcio, adultérios. Obedecendo aos próprios caprichos, torna-se exigente, tirânico, e não pode aceitar o sacrifício, inevitável um dia ou outro em toda vida em comum.

Por outro lado, se o jovem em quem se desenvolvem simultaneamente as paixões e a necessidade de amar, não receber uma educação dos sentidos e dos sentimentos, abandona-se-á às desordens sentimentais e sexuais. A educação sexual é um verdadeiro perigo se se limitar à simples higiene e não abranger a educação da consciência, da vontade e da sensibilidade. Frequentemente os jovens sabidos são os mais pervertidos.

Enfim, a união no matrimônio e a boa educação dos filhos exigem uma grande delicadeza de sentimentos. Mas para que o adolescente a descubra, aprecie e ame suficientemente para compelir seus sentidos, é necessário que suas faculdades sejam orientadas para um amor estável e fecundo, que se lhe ensine a dominar seus próprios sentidos e a pensar na alegria de criar uma família, a ponto de a garantir mediante séria preparação. Continuar lendo

EU PODERIA, SE QUISESSE

caminhosA nossa vontade não é bastante firme; e essa é a origem de quase todos os nossos defeitos. Se o fosse mais, bem depressa seríamos perfeitos … Calígula, o tirano de Roma, exaclamava um dia: “Quisera que todos os Romanos reunidos só tivessem uma cabeça, para fazê-la abater de um só golpe!” – Pois bem! tu também só tens uma cabeça para abater; e essa cabeça é a fraqueza da tua vontade.

Ouço com frequência moços que me dizem: “Ora, eu bem poderia fazer isto ou aquilo, se quisesse”. – Se eu quisesse … Sempre esse “se”.

Mas esses jovens que pretendem ter vontade nunca tentam dela servir-se. Entretanto, essa tentativa testemunharia que eles a têm verdadeiramente. Parecem as caricaturas de soldados que têm sempre o fuzil no rosto, semblante terrível, como a dizer: “Atiro já, já!”, e com os quais ninguém se assusta, porque eles não atiram nunca. – “Eu poderia, se quisesse”. “Se … se … Ah! se esse se não existisse! …

Nenhuma arte reclama tanta sagacidade como a formação de nossa alma, pois nossa alma é mais nobre do que o mais puro mármore e o mais precioso metal.

Já te falaram, de certo, algumas vezes, do livre arbítrio do homem. Receio que não o tenham feito bastante. Pois bem, sim, a vontade humana é livre, mas é fraca também; e a tua é como a dos outros, a não ser que desde cedo a exercites. Uma vontade firme não é um presente do céu que achamos no berço; é um tesouro raro que cada um de nós deve comprar a preço de lutas incessantes. Seria, pois, ridículo imaginar que a nossa pode tornar-se assim firme, de um dia para outro … ridículo exclamar num momento de entusiasmo: “A partir de hoje, quero ter uma vontade de ferro! …”. Essa vontade de ferro, nunca a tingiremos, a não ser por um trabalho aturado e assíduo. Continuar lendo

INFLUÊNCIA MASCULINA E FEMININA NA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA

familia_catolicaPor serem de compleição diferente, o homem e a mulher não vêem o filho com os mesmos olhos: ele o vê através de sua masculinidade; ela, através de sua feminilidade. Entretanto, essa divergência não é um mal, pois traz como resultado não somente um conhecimento mais completo e aprofundado da criança, como também uma espécie de combinção de influências. Permite ao homem descobrir os métodos que tornarão o educando mais forte, mais corajoso e mais empreendedor; à mulher, os que nele despertarão as delicadezas do sentimento.

Tomemos um exemplo: o filho é obrigado a um esforço penoso. A mãe é inclinada a proporcionar-lhe o auxílio de sua sensibilidade feminina; o pai, o da força que comanda. Se a mãe fosse sozinha, correria o risco de enfraquecer a vontade; se fosse só o pai, talvez quebrasse os impulsos delicados da sensibilidade. Unidos, irão obter um esforço misturado de força e de ternura. Continuar lendo

O OTIMISMO

optimism-400x400O educador deve ter uma dose inesgotável de otimismo. Senão as decepções o desencorajarão e acabarão com seu entusiasmo, que é uma das condições mais necessárias para o bom êxito.

É cansativo ensinar a ortografia, o cálculo, o bom procedimento, a boa linguagem, a polidez. A criança é distraída, esquecida, despreocupada, ilógica. Ora se cansa por seu nervosismo, ora desanima por um torpor quase animal. Há ainda os ditos “inferninhos”. E há as desilusões causadas pelos melhores alunos! E há as incompreensões dos pais e talvez dos diretores! E as ironias dos colegas!

Então nos tornamos irascíveis, rabugentos, intratáveis! Enervamo-nos. Ficamos até com dor na laringe.

Repitamos que cada criança apresenta algum lado bom: é preciso tomá-lo como ponto de partida. Há um ângulo por onde se pode compreendê-la. Fazendo-a ver suas possibilidades, pode-se chegar a transformá-las. Até mesmo a mais ingrata natureza faz parte da obra de Deus. Parece que o próprio Cristo quis nos dar uma lição de confiante otimismo: entre os doze apóstolos, todos fracos e covardes, num momento grave, conta-se um medroso que o chegou a negar por três vezes, e esse é o chefe! E um outro, pérfido até ao beijo hipócrita e aos trinta dinheiros! Todavia o Cristo depoista neste grupo a confiança de lhes entregar o destino de Sua boa-nova. Para nos encorajar ao otimismo, ouçamos São Francisco de Sales extasiar-se diante das secretas possibilidades que até os homens maus oferecem; sua pena não hesita em escrever: “Ah, as belas almas dos pecadores!”. Continuar lendo

QUE NOBRE REPRESENTAÇÃO!

amor_de_maePara cuidar da criança, toma a Providência de Deus os olhos e ouvidos da mãe. A esta cabe vigiar, porque o pai tem sua lida fora de casa. Passa grande parte do dia longe dos filhos.

Só com muito amor aos filhos é, porém, que uma mãe saberá vigiá-los. Pois a vigilância é a atenção perseverante às dores, aos cuidados, aos perigos e às precições de outros. Para bem ver tudo isso é preciso esquecer a si próprio. É por isso o egoísmo o principal obstáculo à vigilância.

Pensamos nos outros somente na medida em que os amamos.

Ora, os olhos da Providência caem amorosamente sobre os nossos passos. Seus ouvidos escutam e medem o ritmo de nosso coração. A ave que canta sobre o telhado, a flor escondida no campo são vistas e guardadas por Deus. Dos homens está escrito que o Senhor lhes traz os nomes gravados na palma de Suas mãos. E quanto mais vê e conhece o Altíssimo as crianças, suas prediletas!
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VENCEDOR DOS INIMIGOS E DE SI PRÓPRIO

_A_rare_portrait_of_the_Prince_William_the_Duke_of_Cambridge_found_hanging_in_a_corridor_was_on_sale_today_for_the_princely_sum_of_120_000Aos 14 ou 16 anos, o sistema nervoso dum jovem assemelha-se a fios carregados de eletricidade, e seu sangue é como lava ardente. Nada mais difícil, pois, do que fazer-lhe compreender a sublime beleza da posse e do domínio de si.

“Como? dir-me-ás. Se um camarada me empurra para fazer-me cair, não lhe hei de dar um murro violento? Se alguém me provoca, não lhe hei de aplicar uma bofetada magistral? Se um amigo zomba de mim, não lhe hei de responder na altura? … Já é terrivelmente difícil. Mas, além disso, aceitar que essa abstenção, longe de ser covardia, seja a mais bela flor da vontade humana, é quase impossível!”.

E, no entanto, nada mais verdadeiro. Exprime-o a célebre palavras de Goethe:

É senhor quem souber se conter. Só a lei nos dará livre ser.

O domínio de si não é nem silêncio indeciso nem resignação passiva; é a manifestação duma vonatde disciplinada, sempre senhora da situação e que sabe sempre medir antecipadamente o peso da palavra que vai pronunciar. Continuar lendo

O MUNDO SEM DEUS

olhaTiremos a Deus do mundo. Que fica? Um ser grotesco que se contradiz em mil particularidades, impregnado pelo veneno da dor e do sofrimento e em cujo têrmo se levanta o espantalho do horror à morte. Bem real é a expressão de Schiller: “Tudo vacila, onde falta a fé!” Verdadeiro é o dito de Plutarco: “Mais fácil é construir um castelo de areia do que uma sociedade sem fé em Deus.”

Quanto mais estudares, meu caro, tanto melhor verás a mesquinhez da existência terrena e tua própria pequenez: do mesmo passo, se pensares no que é eterno, sentirás tua alma dilatar-se em generosidade. A religião, e só ela, é capaz de dar-te a chave de todos os problemas da vida. Ora, se a vida mortal não é mais que preparação para a imortal, perceberás facilmente que sua finalidade não consiste em mergulhar nos prazeres, mas em educar e preparar nossa alma para sua sublime e eterna predestinação.

Conheces o “Fausto” de Goethe? É a personificação do combate contra o mal, em procura do bem. Seu herói tenta tudo, lança mão de todos os meios; mas o poeta encontra apenas uma única solução satisfatória; a fé num Deus remunerador e numa eternidade. A “Divina Comédia” de Dante, a “Missa Sollemnis” de Beethoven, o “Requiem” de Mozart, a “Criação” de Haydn, a “Parsifal” de Wagner, as obras de Bach, Liszt, Brahms, etc., onde ressoa como nota predominante o anelo e nostalgia da alma em busca de Deus, elas todas confirmam a expressão de Tertuliano: “A alma humana é cristã por natureza.”

Sim, em vão procuras abafar a labareda perseverante. Já Homero afirma na Odisséia: “Todo homem tem fome de Deus.”

Embora não tenhas ainda visto muita coisa do mundo e da “vida moderna”, provavelmente terás tido momentos em que defrontaste os grandes problemas da vida. Com o correr dos anos, hás de reconhecer sempre mais claramente, que quanto maior for o progresso da humanidade no campo da técnica e da indústria, quanto mais requintados seus gozos, tanto menos podem essas conquistas satisfazer a alma predestinada a realidades mais sublimes.
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ALMA OU CORPO? (EDUQUE O SEU FILHO DE FORMA CRISTÃ)

mae lendo pra filhaAntes de tudo, leitora e mãe, é teu filho uma alma. Hoje acentua-se demais o corpo e se deixa esquecida a alma da criança. Os pedagogos escandalizam-se com descuidos que prejudicam a saúde e o desenvolvimento do corpo. E bem pouco se impressionam com os erros que prejudicam os interesses e os destinos da alma. Paganismo moderno, leitora!

A pedagogia que vai da alma ao corpo, do espiritual para o material, do pensamento para o prazer, é também uma pedagogia que traz vantagens aos interesses do corpo. A mulherzinha do povo que segue a pedagogia da alma é uma educadora, ao passo que o mestre que segue a do corpo jamais será um educador. É apenas um cunhador de moedas falsas. Para respeitar esta ordem mais se necessita de coragem do que de ciência.

Por isso, leitora, convence teu filho do seguinte: Um esforço intelectual, a descoberta de uma verdade, um ato de vontade, o domínio de um apetite, valem todos os facéis prazeres do corpo. Porque? Porque o menor progresso da alma é infinitamente superior aos mais vastos proveitos materiais.

Essa alma, mais nobre do que o corpo, está vivificada por uma vida sobrenatural. Teu filho é também, pelo batismo, filho de Deus. De ti recebeu a vida do corpo. Dele recebeu a vida divina da graça. Há, portanto, em teu filho duas vidas, distintas nas suas qualidades, mas tão unidas que a primeira (recebida de ti) sem a segunda (vinda de Deus) não passa de uma grande nódoa, de uma grande chaga, perdendo-se no abismo de condenação.

… Digna de todo o respeito torna-se a criança que, com a graça do batismo, é herdeira divina. Teu filho não nasceu ainda, leitora, e já deves preparar-lhe esta vida. Durante os nove meses de vida comum, que poderosa irradiação propaga no corpo e na alma da criança a presença eucarística de Jesus Cristo no coração da mãe, que é piedosa na assiduidade à Comunhão! Continuar lendo