Na semi-obscuridade das catacumbas, o Bispo acaba de oferecer o Santo Sacrifício da Missa. Com ar grave, volta-se para o pequeno grupo de fiéis que terminam sua ação de graças. Na penumbra, procura com o olhar um mensageiro seguro a quem possa confiar o Pão Consagrado, isto é, o Corpo de Cristo, para ser levado às tristes e úmidas prisões, onde os cristãos aguardam a hora do martírio.
– Tarcísio! chama o Bispo.
Uma criança levanta-se. Um menino de belos olhos leais e corajosos. Silenciosamente, aproxima-se do Bispo. Já compreendeu o que esperam que ele faça. Não é a primeira vez que isso acontece.
– Sim, eu o levarei.
Sob o amplo manto de lã, Tarcísio leva escondido o seu Deus. Calmo, forte, recolhido, segue pelas ruas de Roma. Ele é ainda uma criança. No meio de toda aquela gente, passará despercebido e ninguém suspeitará de onde vem e para onde vai, pois, sem saber bem porquê, todo o povo da cidade deseja a morte dos cristãos. Tarcísio julga que não será notado. Mas sabe perfeitamente o que acontecerá se o apanharem levando a Eucaristia aos prisioneiros: será a morte!
O menino sente-se tão feliz com a difícil missão que lhe confiaram, caminha tão recolhido, rezando em silêncio, que nem vê, na esquina de uma pequena praça, um grupo de seus colegas dc escola, que organizavam uma grande partida de jogo.
– Tarcísio! Tarcísio! Venha cá!
– Precisamos de um companheiro para o nosso jogo! Continuar lendo